Dor. Parece ciático. Nimesulida resolve. Quanto tempo, dois, três dias? Será que arnica substitui? Só tem um comprimido de nimesulida e não tem arnica. Amanhã.
Duas semanas, três hospitais, uma ambulância no meio, uma internação, morfina, impedimento para andar, sentar, leseira, insônia.
Amigos, presenciais, virtuais.
BlackBerry, Twitter, Facebook, Gmail. Conectada. Por vezes bom. Bom também poder desligar. Não deu ansiedade.
Li. Parei.
O mundo continua. A Tunísia se rebelou, o Egito segue o caminho. Discutem o papel da internet nessas rebeliões.
Um por todos, todos por um?
O que um pode fazer? Diz meu filho que nada. Posso sentar aqui e escrever. O clichê: se uma árvore cair na floresta e não houver ninguém a escutar, que diferença faz?
Todo mundo quer ser diferente. Quer?
Eu quero andar livremente e sem dor. Quero escrever também sem dor por estar sentada. Passo boa parte do dia deitada, ligo a TV. De repente, um canal mostra um programa chamado 'Doenças do sangue'. A imagem é de um menino com as pernas amputadas, até mais ou menos os joelhos, e muito inchadas. Ele sente muitas dores, alguém o está tratando, porque além disso há uma ferida. Quase sinto vergonha da minha dor. Mas nesses dias não posso ignorá-la. Ela é real. Não vou ou não pretendo me refugiar nela para ignorar as dores e sofrimentos alheios e com isso justificar uma eventual inércia ou egocentrismo exacerbados. Mas não sou aquela que se alista. Sou a que fica à distância. Alguma distância é necessária para a preservação. Do quê não sei. Minha alma, talvez. Não, meu coração. Sinto que existe algo no centro do meu peito que dói quando estou magoada. Quero evitar isso. Se possível.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
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