Fico imaginando o que uma pesquisa dessas revelaria por aqui. Fora o fato de que são poucos os brasileiros que frequentam a escola por mais de 5 anos, creio que depende de quem pergunta e depende de quem responde. Essa coisa de impressionar funciona. E também o ambiente, o contexto. Digamos: na média, adolescentes parecem não gostar muito de ler. É uma observação pessoal, que se estende a boa parte dos adultos que conheço, e não estou falando de pessoas de baixa renda. Imagine-se, então, um adolescente que queira fazer parte de um grupo, recém-chegado, e goste de ler. O que é mais "fácil", ele se enturmar aderindo aos hábitos do grupo, ou impondo seus hábitos ao grupo?
Ou seja: se o suplemento de literatura entrevistar alguém, a pessoa vai citar um clássico, se for alguém da turma, citará Crepúsculo. Resiliência, my friends. 1984 é um livro que eu julgo imprescindível, mas guardei Ulysses 30 anos e li por teimosia. Tem seus méritos, mas abominei o monólogo de Molly Bloom. Levei o mesmo tempo para ler Cervantes (foram minhas duas missões) e hoje o considero o melhor livro do mundo. Uau. Nunca li Proust, mas acho que todo mundo deveria ler a Bíblia.
Enfim, é tão fácil ler. Mas é mais fácil ver televisão... Ler carece de treino, e faz pensar, o que é um perigo. Especialmente nas mulheres. Nossa, mulheres que pensam, aonde isso levaria? O mundo, como se conhece, não seria mais o mesmo. Melhor deixar como está, um dia inteirinho só para as mulheres, esse dia 8 de março. E deixar que elas continuem ganhando menos do que os homens, e que eles tenham preferência nos empregos, no acesso à educação, que possam continuar transmitindo aids, estuprando, espancando, engravidando, e largando seus filhos por aí. Feliz Dia das Mulheres, especialmente para aquelas que não sabem ler. Para cada ano de educação formal que a mulher adquire, são dois a mais que seu filho ganha. Feliz Dia das Mulheres.
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