sábado, 28 de maio de 2011

Estações

"Outono é outra primavera, cada folha uma flor." Albert Camus


Minha estação favorita é o outono. Talvez porque me lembre viagens, ou seria por causa da temperatura agradável, mais para o friozinho que acaba com o calor horrendo do verão e não chega ao extremo do inverno. Claro, não temos um inverno rigoroso no Rio. Também não temos estações muito marcadas - não lembro se sempre foi assim, mas agora, toda vez que desço a rua, é o mesmo espanto ao ver que as árvores não esperam a primavera para mostrarem as flores. Como era antes? A única coisa de que me lembro foi uma notícia não tem muito tempo relatando que a temperatura em Copacabana tinha aumentado 2 graus em Copacabana. Bizarro? Fez sentido. Também fez sentido quando uma amiga disse que este ano o verão não seria muito quente por causa de La Niña. Verdade. Embora eu tenha me preparado, depois de ter sido surpreendida por dois aparelhos de ar-condicionado queimados e no ano anterior uma busca inútil nas lojas e internet por um aparelho de 10.000 BTU.
Quando posso viajar, prefiro fazê-lo no outono. E embora muita gente agora tenha elegido como clichê do ano criticar quem fotografa em vez de ver, eu procuro fazer as duas coisas. Afinal, a memória é frágil, como sabem todos, e um dos grandes prazeres da vida, pelo menos para mim, é rever meus livros, fotos, amigos... Não chegando a extremos, como a coleguinha brasileira que chegou em frente ao Big Ben recentemente, fotografou e falou para o companheiro que já podia ir embora pq já tinha tirado a foto, e sem ser profissional ou mesmo sem ter feito qualquer curso, tenho grande prazer em registrar meus momentos. Pode ser qualquer coisa, mas dois grandes favoritos são prédios e árvores. E árvores outonais. Não há uma igual em sua coloração. Como não sou poeta, me contento com as fotos, que são puro prazer. E desta vez, viajei na primavera. Fui surpreendida por temperaturas absolutamente diversas. Dos 25 graus em Londres aos 3 graus em Quebec. Devo confessar que fiquei um tanto ou quanto aborrecida em Montreal, mas viajar é uma coisa tão encantadora e encantada que a gente só pode fazer o balanço mesmo no final para ver o que ficou. E o que ficou é que valeu. Depois eu conto. A foto é de Quebec, dia de chuva e bastante frio, 7 graus, primavera outonal. Que cidade charmosa.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Viajar


Faz tempo que não escrevo, aqui ou em qualquer lugar. O Twitter e o Facebook vieram facilitar a vida da gente, mas também nos tornaram mais preguiçosos. Principalmente considerando-se que escrever não é tarefa fácil e ainda há o risco de se fazer isso para ninguém ler. Fato é que ou a gente não tem talento ou não tem nada de interessante pra falar. 
Tirando os talentosos ou criativos, que existem, claro, tem muita coisa ruim por aí. Basta falar - de preferência mal - de alguém conhecido e já há uma chance de se ter audiência. Fofoca dá ibope.
Estou "criando" um blog e transferindo os posts dos meus outros blogs para ele, e ver no que dá. É verdade que sofro da síndrome da preguicite, mas existe a possibilidade de eu ainda viver alguns anos, e, quem sabe, escrever pode ser uma forma de fazer uma coisa que me agrada, e achar os temas e o tom certo para não torturar a alma perdida que chegar a ler o que eu escrevo.
Para abrir este blog novo e comemorar a retomada (quem sabe) da prática de escrever, escolhi uma foto de viagem recente, quando estive novamente em Stonehenge. Desta vez fui com uma amiga querida. Voltarei a falar sobre a viagem e sobre a amiga. Escolhi essa foto porque provavelmente vou usar e abusar da viagem como tema e o lugar é realmente simbólico, místico e tudo o mais que dizem que é. Li num guia de viagem, talvez o Rough Guide (não tenho certeza absoluta, tenho de conferir), que Stonehenge era apenas um monte de pedras. É e não é. Quer dizer, claro que é, óbvio, a foto prova isso. Mas se for assim, tudo que tem a mão do homem é um monte de pedras e blablabla. Mas e a História, a engenhosidade, o mistério, o sonho? Eu não canso de dizer que sou e acho que serei sempre uma deslumbrada em cada lugar novo que conheço. Em alguns, posso voltar mais de uma vez, e continuarei encantada.
No final das contas, estou sempre viajando, em perpétuo movimento, mesmo que não seja fisicamente. Viajar é preciso.

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...