domingo, 6 de março de 2016

Inesperado

Times Square, NYC


É verdade que basta estar vivo para se surpreender - desde que nos mantenhamos abertos às possibilidades. Mas parece que no dia-a-dia nos viciamos na rotina. Podemos vencer a mesmice de inúmeras formas. Prestar atenção no que fazemos, buscar leituras que nos façam pensar, ver filmes instigantes, essas são algumas das formas que ajudam a manter o cérebro funcionando, e, de quebra, fazem com que a vida seja mais interessante.

Outra maneira de dar um impulso no cérebro e na vida é viajar. Uma pena que não dê pra fazer isso com mais frequência. Mesmo as viagens mais curtas demandam tempo e dinheiro. Há quem não aprecie essa opção, mas para quem curte, é um estimulante sem igual. Até o planejamento que antecede a viagem energiza.

Estar em um lugar diferente do que estamos acostumados a ver já parece influenciar nosso pensar e agir. Se a língua é diferente da nossa, então, mais adaptações nos serão exigidas. 

Quando se pensa em viagem, fala-se muito das atrações que fazem parte de roteiros-padrão, dos costumes, dos detalhes práticos que podem facilitar a vida do viajante, seja lá qual for seu objetivo.

Mas algumas coisas serão sempre surpreendentes, por mais preparados que estejamos. Conhecer pessoas é uma delas. Outras podem ser causadas por ocorrências aparentemente banais. Como, por exemplo, um canteiro de obras. Onde o trabalho dos operários pode aparentar a explosão de fogos de artifício. Um verdadeiro espetáculo.

terça-feira, 1 de março de 2016

Imigrante, esse indesejado

 Museu da Cidade de Nova York - New York activism today

No museu da cidade de Nova York há no momento uma exposição que tem como tema o ativismo social na cidade, desde o séc. 17 até o presente (http://www.mcny.org/exhibition/activist-new-york).

A premissa é mostrar aspectos do ativismo numa cidade que se diz famosa por sua “personalidade” franca, direta, em segmentos como a preservação histórica, direitos civis, salários, orientação sexual e liberdade religiosa.



Chama a atenção um cartaz cujo título é “cuidado com a influência estrangeira”, relacionado à imigração entre 1820 e 1860, período em que 3,7 milhões de imigrantes aportaram na cidade. Mais da metade eram irlandeses que fugiam da fome que assolou seu país entre 1845 e 1851. Um cidadão chegou a criar um partido anti-imigração. Aqueles que eram contra a imigração se reuniam em clubes e partidos buscando negar o acesso dos imigrantes a empregos, à cidadania e ao direito de voto. Havia uma rejeição singular aos irlandeses e alemães católicos, pela “ligação” com o Papa e o Vaticano. 

A política anti-imigração não se limitou a esse período, já que em 1920 foram criadas leis de imigração estabelecendo um sistema de cotas para os recém-chegados, baseado no país de origem, que perdurou até 1965.


Cinquenta anos depois, a questão da imigração volta às manchetes, e tanto a Europa, como Estados Unidos e Canadá estão diante de um debate que não parece diferente: por toda a parte se fala em limites e muros e leis restritivas ao tsunami de pessoas que fogem de situações dramáticas em seus países de origem. Guerra, perseguição política, fome, crise econômica… Elas fazem de tudo para ter uma chance de “salvação”. Para boa parte delas, trata-se de questão de vida ou morte. São mais do que imigrantes, são refugiados.


De acordo com a agência para refugiados das Nações Unidas, um refugiado é alguém forçado a fugir de seu país por motivo de perseguição, guerra ou violência. Ela ou ele tem medo justificado da perseguição por motivo de raça, religião, nacionalidade, opinião política e participação em um grupo social específico.


Até parece que o problema é recente. De acordo com a agência, a prática da concessão de asilo a pessoas que fogem de perseguições é um dos aspectos mais antigos da civilização. Há referências dessa prática em textos escritos há 3.500 anos, durante o florescimento dos primeiros grandes impérios do Oriente Médio, como o dos hititas, babilônios, assírios e o do antigo Egito (


Mas parece que nada disso é levado em consideração. Por toda a parte crescem as ideias de leis mais rígidas (Europa e EUA), muros (candidato à presidência dos EUA), penas mais graves até para imigrantes estabelecidos legalmente no país (França)...


Medo, racismo ou razões econômicas?


Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...