sábado, 23 de agosto de 2008

Memórias póstumas de George Orwell

Li hoje em uma revista que Memórias Póstumas de Brás Cubas é um dos grandes livros do mundo. É. Nenhuma surpresa para quem tem o hábito de ler. Quantos seriam? Eu mesma ando caída, caída.
Pois alguém teve a idéia de criar um blog com textos de George Orwell. Li no JB (15/08/08). Diz lá: "uma iniciativa do Instituto Orwell Prize transformou-o, desde o dia 9, no primeiro blogueiro póstumo da internet. Durante quatro anos, uma página da rede mundial (pelo endereço http://www.orwelldiaries.word-press.com) será atualizada diariamente com textos de seu inédito diário, escrito entre 1938 e 1942. Não deixa de ser irônico. Orwell, que previu um mundo sem privacidade, vigiado pelo Big Brother, tem agora sua vida particular escancarada pelas novas ferramentas tecnológicas".
O que poderia gerar outras reflexões: Há privacidade hoje em dia? Será que Orwell está se revirando na tumba quando lhe chegam notícias do planeta sobre os alegados reality shows com a grife Big Brother?

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Estava trocando e-mails com uma amiga, e ela falava do lidar com o tempo, e que presta muita atenção a isso, especialmente com relação ao que a rotina nos faz. O que é? É fazer as coisas no piloto automático, é cuidar só das "obrigações". Remeteu-me a Thich Nhat Hanh, o monge budista vietnamita que eu gosto de ler (sugiro A Paz a Cada Passo), e outros budistas, que recomendam o "estar consciente". Algum autor de livros de auto-ajuda/administração já deve ter escrito algo como "Jesus Cristo CEO", "O que o Dalai Lama faria para resolver conflitos", e dito que quando prestamos atenção, erramos menos, esquecemos menos (bem, certamente não perderíamos o resultado daquele scan do cérebro... ooops... seria um forte indício de que há algo de errado com a minha cabeça, e ñ é somente o corte de cabelo????).
Minha amiga mencionou o ipê branco que ela havia visto e queria fotografar. Entendo o que ela diz. Se ñ fosse o risco de ter a câmera "perdida", andaria com ela pendurada no pescoço. Ainda bem que o celular quebra uns galhos. Disse-lhe que acho importante ter esses registros, e ñ é por saudosismo ou fuga. É para me maravilhar novamente.
Outro dia li uma pessoa criticando os japoneses pq eles ñ olham as coisas quando estão "turistando" - eles vêem tudo através da lente de suas máquinas. Mas a gente olha, e o impacto é instantâneo. Ou não. Daí o afã de registrar, na tentativa (talvez vã, talvez não) de perpetuarmos esse momento, essa visão. Pois a dor é fácil de ficar com a gente pra sempre. A alegria nem tanto. Já escrevi sobre isto.
Qual é a forma "certa" de olhar? Acho que ñ existe. Eu ñ sou capaz de ficar horas sentada contemplando uma obra de arte. Deveria me sentir estúpida por causa disso? Quando finalmente consegui chegar perto da Mona Lisa, quase fui esmagada por uma turba de chineses (aliás, todos literalmente armados com suas câmeras), e ganhei uma cotovelada de um deles. Até um cavalheiro francês ficou indignado. Quase sacudi o chinês, que era bem uns 10 cm mais baixo do que eu. Mole, mole. Assim, feito Obelix sacudindo as mãos (shaking hands) do primo inglês do Asterix. Olhei, vi a famosa tela - protegida por um vidro ultra-espesso, que fazia reflexos. What? De q adiantaria ficar mais tempo ali, correndo o risco de sair no tapa com o chinês desesperado (a China tinha acabado de liberar seus cidadãos para fazerem turismo... imagine-se a ânsia), sem conseguir enxergar nada (a tela ñ fica em altura confortável para os olhos (pelo menos de pessoas pequenas como eu)? Vamos aos livros, ao Google, ao cinema, a Dan Brown. Em qq desses lugares se terá uma visão mais abrangente da tela. O Google acha tudo, e a Wikipedia explica tudo. E daí? Sempre achei que aprender se fazia através de métodos complementares. Enriquece-se assim a experiência. E se eu precisasse ir à Inglaterra para me apaixonar por Jane Austen, estaria roubada.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Tragédia dá ibope?

O q vende mais: comédia ou tragédia? Parece q a alegria dura pouco, e a tristeza dura uma eternidade. Questão de tempo psicológico, diz-se. E tb parece q semelhante atrai semelhante, como diz a homeopatia: se vc conta uma piada, todos riem; se conta uma história triste ou fala de alguma dor q sente, na mesma hora vem de volta uma enxurrada de histórias similares, cada um ansioso para falar de sua dor, numa espécie de disputa sobre quem teve a experiência mais trágica ou sentiu a dor mais forte. Consigo imaginar uma dor permanente, ainda que ela tenha simplesmente se enraizado e deixado apenas uma pontinha à vista. Da qual vc se lembra doce-amargamente, pq ela ñ vem à superfície quase nunca, e pode estar conectada a fatos engraçados ou tristes. Mas ñ consigo lembrar de uma alegria permanente. E nem vou enganar ninguém com o clichê dos filhos. É claro que ter filhos é uma experiência singular. Bem, para mim. Para as mães que os põe para pedir esmolas ou as(os) vendem como prostitutas(os) são outra coisa. Outro post.
Então, os filhos. São uma montanha-russa de emoções. Têm uma classificação à parte. Por isso ñ se discutem aqui. Que outra alegria permanece com a gente todo o tempo no mesmo nível que a dor? Vou pensar.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

É outono?

Sempre associei as flores à primavera, e as folhas amareladas ou avermelhadas ao outono. Parece q ñ é mais assim. Outubro, outono em NYC, sempre foi friozinho, tempo de casaco. Ano passado, os casacos ficaram na mala, e tive de sair às pressas para comprar roupa de verão, e até chinelo, pq era impossível ficar de sapato e meia. Agora, no Rio, é isso aí q aparece na foto. É inverno, mas... parece outono para mim. Ñ tem como juntar e colar assim, pois as memórias ñ fazem mais sentido. Talvez seja bom, por possibilitar deixá-las para trás - finalmente.
Diz o Dalai Lama q o passado já passou, o futuro ainda ñ chegou. Ou algo assim. É a idéia do momento presente. Pois. Então é largar os caquinhos por aí, que nem João e Maria fizeram com os farelinhos, ou Ariadne com o fio para guiar Teseu? Será q a Comlurb ñ vai passar e recolher, e todos ficaremos perdidos para sempre?

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...