quinta-feira, 29 de julho de 2010

1001 noites

Uma ideia puxa a outra. Talvez tenha começado com uma das aulas de tradução, sobre a Escola de Toledo, o filósofo Averróis, com o entusiasmo da professora Cristina, que passou o filme para a turma - Al-massir (O Destino), de Youssef Chahine. Tínhamos um volume das 1001 Noites em casa, super bonito. Está com meu irmão. Não me esqueço das idas ao porão (mesmo, tínhamos uma casa com um quarto onde tínhamos estante, móveis da minha bisavó, mesa de botões do meu irmão, uma vitrola onde meu pai ouvia discos de 78 rpm, fazíamos festinhas de aniversário lá... tinha um chão de cimento tosco, meio avermelhado), para ficar lendo. Tinha estante no meu quarto também, mas o porão era um anexo. Livros espalhados já eram um costume, então.

Com a reflexão sobre o tempo, vêm as lembranças, associações. Fiquei até pensando no tal livro ''1001 lugares para se conhecer antes de morrer', algo assim, parece que tem derivações, como aquele 'Comeram o meu queijo' e daí saíram comendo toda a dispensa. Não é. Findou-se uma era, começou outra, fiquei refletindo (não parada, sequer me permiti, hábito que mamãe colocou, criancinha com agenda não foi inventada agora, já estava matriculada em um curso de extensão na PUC antes mesmo de me aposentar), e não tenho um projeto não senhora, resolvi me inspirar em Sherazade, depois pesquiso o simbolismo dos 1001 dias, ou do número 1001, está aí o link da Wikipedia.

Curioso é que quando estava pesquisando o nome do blog no Google, apareceu um projeto '101 Coisas em 1001 dias', de 2006-2007, com link tb postado aqui, sobre o qual não vou me alongar, e que tb ñ foi fonte de inspiração, mas, enfim, sincronicidades, faço as coisas sem planejar e vão aparecendo os sinais. Se eu fosse Paulo Coelho ganharia algum dinheirinho com isso. =D

http://pt.wikipedia.org/wiki/As_Mil_e_uma_Noites

http://www.patriciamuller.com/101/

Arrastando os pés

Acordar todos os dias sem a "obrigação" de ir para o trabalho, depois de 30 e poucos anos é uma coisa meio estranha. Libertação para alguns, crise para outros, limbo para uns outros. Indiferença? Há ajustes há serem feitos. Porque no princípio é como se fossem férias. Depois é que vem o resto da sua vida. Diz o rabino Nilton Bonder algo como "a gente tem de planejar como se fosse viver para sempre e viver como se fosse o último momento". Há algo de budista nisso (do pouco que já li a respeito) - mas também não é preciso ser o Dalai Lama para lembrar da sabedoria popular, que "para morrer, basta se estar vivo".
A grande questão - pelo menos para mim - tem sido o tempo. Qualidade e quantidade. Medo da morte não é o ponto crucial, embora não tenha ponderado sobre isto (as besteiras já estão feitas, e as correções de rumo também, enquanto houver vida, é seguir fazendo o melhor, não tenho a menor vontade nem de me chicotear nem de cair na farra). Mas qualidade sim. O cérebro se tornou a estrela do século, desde que o Mal de Alzheimer foi "descoberto". De que adianta vivermos mais, com pernas bambas, dedos trêmulos ou artríticos, osteoporose, e/ou incapazes de lembrar das coisas mais elementares, e totalmente dependentes de terceiros?
O tempo ruge. É como aquela pedra enorme rolando atrás de Indiana Jones. E mesmo assim, acordo e penso: o quê?

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...