terça-feira, 20 de maio de 2008

Alzheimer's


Este trabalho foi atribuído a mamãe, na atividade de artes manuais. Se é vero ou não, jamais saberemos. Duas considerações: por um lado, vemos a degradação do cérebro; por outro, fico pensando se alguma vez ela teve a oportunidade de brincar dessa forma... recortar, juntar, colar...

sábado, 17 de maio de 2008

A morte

Não é para ser uma coisa mórbida. É só o registro da morte de minha mãe. Claro que o q eu acabei de escrever ñ faz o menor sentido. Pois mórbido vem de morte. Mas tenho de escrever.
Ou não? Deixando de lado a pretensão de um blog sem leitores, direi q minha mãe era uma figura controvertida. Julgamentos ñ serão feitos agora, e de preferência, não mais. Momento presente, dizem os budistas. Mas é impossível ñ lembrarmos de outra morte, a de meu pai, repentina, inesperada, diferente desta, da minha mãe, esperada e até desejada, pelo tamanho do sofrimento dela. Medo à parte, q, aparentemente, ñ livra a cara de ninguém, além de o Alzheimer já ter levado o cérebro dela há bom tempo, agora era o resto do corpo q se deteriorava. Papai, até o momento de morrer, era uma pessoa ativa e de cérebro intacto (até onde pudemos perceber e considerando-se sua idade). Chocou-nos muito. Deixou marcas indeléveis. A saudade permanece. Qual será o legado de minha mãe? Meu primo Sergio usou uma expressão q achei perfeita, relacionando-a a mamãe: striving for excellence. Ela tinha uma visão impressionante para alguém de sua idade e cultura. Falei hoje para minha filha q ela era um espírito inteligente em um corpo limitado. Talvez esse tenha sido exatamente o seu carma: ñ poder exercer sua inteligência em sua plenitude - por conta de um espírito conturbado, com assuntos não resolvidos. Daí derivando nossos inúmeros conflitos, com direito a continuação em minha filha. A grande pergunta: teriam ficado para trás? Espero q sim. Ñ me interessa uma outra vida de conflitos.
A morte é um tema de reflexão constante: basta estar vivo para pensar nela. Quando se perde alguém muito importante (estou falando do micromundo de cada um), é um tornado de pensamentos q inicialmente nos tira do chão. Sobrevivemos, mas sempre ficam seqüelas. Foi assim com Déa, com papai, e ñ poderia ser diferente com mamãe. Mas os sentimentos são diversos. Vamos ver com o tempo.
Enquanto elaborava isto aqui, abri um e-mail q tinha um arquivo em ppt chamado 'Caminos', e ilustrado com fotos de caminhos e outras na mesma linha. A música era The Long and Winding Road, dos Beatles. A sincronicidade está na letra e nas fotos. As fotos me fazem lembrar o painel q Déa mandou fazer para sua parede, em q havia um caminho. A idéia era visualizar um caminho, a continuidd, a possibilidd de continuar caminhando, vencendo a doença. A doença venceu. A música me remete ao abandono, à solidão, à saudade. Q é a sensação de quem fica.
Many times I've been alone, and many times I've cried, anyway you'll never know,
the many ways I've tried... O q me faz lembrar a história do pescoço, mas fica para outra vez.

The long and winding road
That leads to your door
Will never disappear
I've seen that road before
It always leads me here
Lead me to your door

The wild and windy night
That the rain washed away
Has left a pool of tears
Crying for the day
Why leave me standing here
Let me know the way

Many times I've been alone
And many times I've cried
Anyway you'll never know
The many ways I've tried

But still they lead me back
To the long winding road
You left me standing here
A long long time ago
Don't leave me waiting here
Lead me to your door

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...