sexta-feira, 5 de maio de 2017

Viajando com Game of Thrones - parte II

Às vezes a gente chega num lugar e se surpreende ao descobrir que algum evento relevante se passou ali. 

Bom é quando existe uma preocupação dos administradores com a memória, e os eventos são registrados em placas, porque nem todas as informações constam dos guias, mesmo os virtuais, que costumam ser atualizados mais rapidamente. 

Mas também acontece de se descobrir depois, tanto faz se fatos históricos ou curiosos, como, por exemplo, os vinculados à indústria do entretenimento ou à literatura, especialmente a de ficção. Imagino que os fãs apaixonados saberão de tudo. Não é o meu caso, e muitas vezes retorno de alguma viagem e só então vou aprender. Mas todo aprendizado é válido.

Falando em Game of Thrones, as locações são todas maravilhosas, mas não sendo possível conhecer/visitar todas, me dou por feliz por já ter passado por Dubrovnik e pela Irlanda, mas vou falar de Sevilha e Córdoba, na Espanha. Como nas outras cidades e países selecionados, há méritos suficientes nessas duas cidades para justificar a visita, independente da série de TV. Tanto que quando fui, nem sabia desse detalhe. O Alcázar de Sevilha, que se transformou no palácio de Dorne (Casa Martell), e a ponte romana de Córdoba, convertida na ponte de Volantis (Long Bridge of Volantis), são admiráveis.

Sevilha é a capital da região da Andaluzia, e alcázar é um castelo ou palácio construído na Espanha ou Portugal na época da ocupação dos "mouros" (muçulmanos), apesar de alguns terem sido construídos por cristãos e outros terem sido erguidos sobre antigas fortificações romanas ou visigodas. Uma prática muito comum na Europa. A maioria deles foi construída entre os séculos 8 e 15.

O Alcázar de Sevilha é tido como um dos mais belos da Espanha, e um dos que melhor representa a arquitetura chamada "mudéjar". Ainda usado pela família real da Espanha, é administrado pelo Patrimônio Nacional e o palácio real mais antigo ainda em uso na Europa, e foi designado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1987.

Pátio interno do Alcázar de Sevilha - 2016 (acervo)

Com 70 mil m2 de jardins e 17 mil m2 de área construída, não surpreende que tenha sido escolhido como locação para uma série que tem um visual fascinante e sofisticado. É ali que perambula a filha de Jaime Lannister e Cersei quando ele vai resgatá-la, e ali que aparece o líder da Casa Martell. Com os elaborados desenhos típicos da arquitetura árabe, não poderia haver melhor cenário.

Interior do Alcázar (acervo)


Interior do Alcázar (acervo)


Pátio interno do Alcázar (acervo)

Jardins (acervo)

Córdoba é outra cidade dessa região no sul da Espanha, cujo centro histórico também foi designado Patrimônio Cultural pela UNESCO. Nele fica a ponte romana que data do século 1, e atravessa o rio Guadalquivir. Muita gente circula por ela para admirar essa belíssima cidade. Mais uma razão para representar a ponte de Volanti, descrita nos livros de George R.R. Martin como uma das "maravilhas feitas pelo homem". Ela foi alterada pelas técnicas cinematográficas da série, mas ainda pode ser reconhecida pela base que a sustenta.

O ir-e-vir na ponte romana de Córdoba (acervo)

A vista lateral da ponte romana (acervo)




quinta-feira, 4 de maio de 2017

Viajando com Game of Thrones - Parte I

Gosto da série Game of Thrones, mas como sou muito dispersiva, a demora no retorno da próxima temporada já me tirou um pouco do entusiasmo quase obsessivo que tinha por ela. Se bem que é melhor mesmo ser desapegada. Tudo é impermanente, quanto mais séries de TV, e essa não está muito longe do fim. Não vou mencionar os livros porque confesso que só consegui ler o primeiro. Me irritei com o jeito de contar histórias de George R. R. Martin, com capítulos separados para cada personagem, e 300 mil famílias se embolando. À medida que ia lendo já tinha me esquecido de quem era quem. Ainda não me lembro, exceto das principais famílias, e olhe lá. Mas o genial mesmo é estar viajando e descobrir que se está diante das maravilhosas locações da série.

Alguns lugares são perfeitamente factíveis de se incluir em algum plano de viagem, como Croácia, Espanha, Irlanda do Norte, ou até o Marrocos, que não sei onde se encaixa nesses constantes conflitos na região do Oriente Médio. Já a Islândia e Malta eu considero lugares que não fazem parte de roteiros mais usuais, e mereceriam uma viagem específica.

Dubrovnik foi a principal locação selecionada para representar a central das intrigas, ou seja, Porto Real (King's Land). A própria configuração da cidade já descarta a necessidade de aparatos especiais. A cidade é tão medieval que se encaixa perfeitamente na narrativa. Ela foi fundada no séc. 7 e é Patrimônio Cultural da Humanidade. Sofreu muito com a guerra nos Balcãs, quando foi bombardeada por forças militares da Sérvia e Montenegro, mas foi reconstruída, e ainda há resquícios da destruição, o que não impede a percepção inequívoca de sua beleza.


Subindo a muralha - 2014 (acervo pessoal)


A muralha e a vista (acervo)



A característica rua medieval estreita (acervo)


O resultado trágico da guerra (acervo)

O turismo na cidade é intenso, e não é só por causa da série. Pode ser um passeio de um dia só, ou se prolongar a estada, mas é bom saber que o turismo intenso torna os preços caros, ainda mais se comparados com os do resto do país. Chega-se lá por terra, mar e ar. Partindo-se de Zagreb, a capital da Croácia, percorre-se a distância de 600 km em aproximadamente 6 horas. Não sei quanto tempo ou que lugares podem ser ponto de partida para se chegar de navio ou de ferry, mas sei que há inúmeros navios de cruzeiros que também aportam lá. Optamos pelo avião. Prático e rápido, partindo de Zagreb. No aeroporto há ônibus que levam à cidade fortificada. 


A estrada percorrida pelo ônibus (acervo)

Avistando a cidade fortificada (acervo)

Deslumbre-se passeando pelas ruas da cidade fortificada e pelas muralhas que datam do séc. 13. A vista é estonteante. 


(acervo)


(acervo)

Vale ressaltar que apesar da aparência ideal, a cidade passou por várias alterações cenográficas para torná-la a locação perfeita para a ficcional King’s Landing. O forte de Lovrijenac (Forte de S. Lourenço) é uma das atrações que podem ser vistas da muralha. Sua estrutura impressionante, em formato triangular com três níveis, foi construída em uma rocha que se ergue do mar, e se mostrou perfeita para representar o palácio real da série. Curiosa a inscrição em pedra que fica sobre a porta que conduz ao forte, "a liberdade não pode ser vendida por todo o ouro do mundo", se sobreposta ao intrincado fio de traições que perpassa as histórias dessas famílias inventadas, mas muito calcadas na história das monarquias e feudos medievais. 


O forte (acervo)

O ponto mais alto das muralhas é a fortaleza de Minčeta, que ambienta o fundo da Casa dos Imortais (House of the Undying), aonde Daenerys Targaryen vai procurar seus dragões no episódio final da segunda temporada.


A fortaleza (acervo)

Independente das referências literárias, preste-se atenção nos indícios do dia-a-dia da vida dos habitantes, porque assim podemos incorporar a história e a magia da ficção na realidade. Viajar é isso.



Aproveitando o sol (acervo)



Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...