terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Sempre viajando

Seja por inquietude ou angústia existencial, quiçá ansiedade, sempre estive viajando, de uma forma ou de outra - acabo de perceber. Se antes não podia fazê-lo fisicamente (e, é claro, não sou Paris Hilton, continuo não podendo, só de vez em quando), tinha - e continuo tendo, graças a Deus - meus livros.
Pois vim fazer meu exercício diário (blog é vaidade, mas como cismei com a escrita, e um dos primeiros livros que li sobre escrever é que é preciso ter disciplina, pq não fazê-lo aqui?), e, dispersiva que sou, em vez de retomar o diário da viagem (a de férias), deparei com o livro do rabino Nilton Bonder. Chama-se Exercícios D'Alma, e muito antes de se falar em Twitter, eu já o sigo, fielmente. 10 anos, creio. Não sei como comecei, sequer sou judia. Que eu saiba, pelo menos. Talvez uma cristã nova, ou quem sabe, uma antepassada alemã. Basta-me saber que me encantou, e que tenho uma grande amiga judia que me esclarece os pontos que não entendo da sabedoria.
Pois eu, a grande procrastinadora, estou com a marcação do dia 11/01 (são leituras diárias, pequenas grandes reflexões), caminhando e voltando, me prometendo registrar para pensar mais um pouquinho. Se deixar, daqui a pouco já estou em 2011. Porque sou assim, penso, adio, adio... depois me pergunto onde foi parar o tempo, sabendo, claro, exatamente qual a resposta, e sabendo também que embora desejando, não faria diferente, porque eu sou meio Gabriela, nasci assim, cresci assim, e não gosto que me apressem, eu mesma já me apresso quando tenho minhas crises de hiperatividade ansiosa.
Acho que o que me chamou a atenção foi isso: "Nossas ações e comportamentos são o que realmente contam". Talvez não. Tem seguimento. Vou lendo dia após dia, ano após ano (não é Alzheimer, acho), e a cada vez me encanto, depois recomeço.
Por exemplo: "O que permanece é sempre o que se nutre da dúvida. As controvérsias verdadeiras são aquelas nas quais estamos prontos a ouvir e argumentar. São, portanto, fertilizadas da dúvida - do coração e da alma abertos." Claro está que não é bem assim. A dúvida nos angustia, nos deixa em crise. E coração e alma abertos são portas para o sofrimento. Quem se arrisca? Judeus e palestinos, talvez? O medo nos faz fechar tudo. Vivemos blindados, a síndrome do pânico nos assedia.
Aí o rabino diz: "A segurança absoluta é a morte. Se optamos pela vida e não pela morte, devemos trilhar o caminho da incerteza." Compreende? Claro, vivemos na incerteza, embora não a aceitemos. Queremos a segurança a todo custo. O medo, sempre o medo. Até então estávamos em um mês de contração. Aí passamos a um mês de equilíbrio. Expansão de equilíbrio. E ele cita Graham Greene: "Quando não estamos seguros, estamos vivos." "Quando os caminhos já estão predeterminados, a vida perde força. Sem flutuações, interações, escolhas e apostas não é possível se estar vivo."
Mas e quem paga as contas? E o povo do Haiti que não tem comida? E o emprego?
O rabino nos diz que "o pessimista perde sua vida preso à inércia; já o otimista se torna um alienado." Acho que entendo. Nem conto de fadas nem mala sem alça. "O que de mais terrível vi foi a tristeza do olhar daqueles que desperdiçaram oportunidades nesta vida. Fique atento à vida. Faça, ouse e busque. Mas acima de tudo, não ouça ninguém sem ter antes escutado o seu coração.
Quando eu quis escrever, em primeiro lugar, tinha uma ideia, que acabou por se converter noutra, completamente diferente. O que estava subjacente sempre foi uma tomada de decisão de vida, que é disto que se trata - na verdade, a cada momento, tomam-se decisões de todo porte. Mas a angústia ou a ansiedade foram crescendo e de repente eu fiquei achando que poderia deixar a cargo de outras pessoas tomar a decisão por mim. Erro. Só eu sou responsável pelas minhas escolhas. Vamos ver no que dá.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


A Igreja Protestante Memorial Kaiser William (em alemão Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche) se localiza na Kurfürstendamm - ou, como costumam chamar, Ku'damm - no centro da Breitscheidplatz (mais detalhes em http://en.wikipedia.org/wiki/Breitscheidplatz), no distrito de Charlottenburg, perto do Tiergarten, do Zoológico, do KaDeWe, de uma estação de metrô cujo nome eu estou tentando lembrar porque tem uma inscrição que eu anotei e decifrei, muito curiosa (fica para depois).
O que distingue essa igreja é que ela não é um lugar exatamente de culto - a igreja original foi construída por volta de 1890, mas foi bombardeada em 1943. O prédio atual foi construído entre 1959 e 1963. Ou seja, vê-se o exterior, semi-destruído, e o interior, no térreo, convertido em um memorial (além de prédios anexos).
À esquerda da escultura de Cristo há uma cruz doada pela Igreja Ortodoxa Russa em 1988. Embora eu confesse que não lembro da cruz - o Cristo contra a luz que provém dos vitrais é algo impressionante, assim como os mosaicos deslumbrantes que adornam o teto da igreja. Contraponto às figuras políticas que se misturam às religiosas. Fazer o que? Mesmo tendo me despedido da religião católica na adolescência, meus ícones permanecem - não dá para misturar um governante com Santo Antônio, por exemplo. E nem venham me dizer que canonizaram um rei de França. Bleargh. Nunca disse que sou lógica.
Voltando: a igreja é emocionante pelo que representa, como toda Berlim - acho que desde o momento em que se entra no ônibus turístico, os fones de ouvido martelam esse refrão: não esquecer. Embora eu não tenha certeza se isso está no inconsciente coletivo do povo. A vida nos faz naturalmente esquecidos. Se ñ fosse assim, seria muito difícil viver... a angústia tomaria conta de nós e acabaríamos todos com síndrome do pânico. Pois converteram o templo em um símbolo de duplo sentido: por fora, igreja, e símbolo de expiação; por dentro, se ainda conserva traços do templo, foi esvaziada, e tem em suas paredes uma exposição de fotos, além de um balcão onde vende lembranças do memorial.
Emocionante? Indubitavelmente. Mas, como todo reality-show, precisa explorar essa emoção para pagar o custo da reforma. Ou algo assim. A vida está cara. Valeu a pena? But of course. Iria de novo e recomendo.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Um pouco de Jane Austen


Uma parte de meu espírito é muito velha (muito mais do que o corpo, que este vai virar pó, de qq jeito), e outra tem a idade do momento: se eu vir um picolé de uva da Kibon, serei criança outra vez, e deixarei de lado qualquer desejo por um sabor mais sofisticado. Talvez até viaje no tempo em uma lembrança fugaz de uma visita escolar a uma fábrica de sorvete, talvez a própria Kibon da época, em São Cristóvão, ali perto da Mangueira ou algo assim. Tinha uns 6 anos e estava com a perna engessada. De nada mais lembro, mas parece que foi muito legal, pq a lembrança ficou, apesar de tudo que vai se esvaindo entre os neurônios...
Posso também ter novamente 16 anos, quando passava pela rua que fica do lado do Colégio Militar e cujo nome não lembro, e sai na Almirante Cochrane, ao sair do cursinho pré-vestibular, por volta do meio-dia, e morta de fome, depois de estudar em ritmo de fábrica desde 7 da manhã (nada de lanchinho, não tinha $$$ para isso), passava por aqueles pequenos prédios de 3 ou 4 andares e sentia os cheiros deliciosos dos almoços que já estavam quase prontos, fazendo meu estômago delirar - tudo porque quando estou saindo para o trabalho passo por uma rua onde há uns prédios similares onde já se começa a preparar comida cedo, temperada à moda caseira, cebola e alho, cheiro mais do que seguindo, perseguindo a gente, perguntando onde foi parar a simplicidade, o feijão-com-arroz. Ah, e o inesquecível é que por duas vezes eu cruzei com Gonzaguinha ali naquela rua.
E tem a eterna apaixonada por Jane Austen. O que pode abranger muita coisa. Seja lá como for, como eu não tenho de me justificar para ninguém, aos costumes: considerando-se que Jane já morreu há quase 200 anos, e ninguém conseguiu assegurar o copyright sobre seus personagens, qualquer pessoa pode fazer o que quiser com seus livros e personagens.
Não sei quantas adaptações cinematográficas já foram feitas, se existe alguma para o teatro (deixo essa investigação para os pesquisadores mais sérios, nacionais, como a Adriana Zardini, da Jane Austen Sociedade do Brasil - http://janeaustenclub.blogspot.com/) e outros, tanto quanto, que não tenho como citar, assim como os internacionais.
E existem também as produções literárias. Ah... tem de tudo. Dizem que Deus não dá asa a cobra. Talvez seja por isso que Ele não tenha me dado mais ousadia para perseguir o mestrado que tanto eu queria fazer em Literatura. Vai que eu conseguisse, e tivesse me tornado crítica literária ou algo assim... nem eu mesma me aguentaria.
Resumo da ópera: se eu ainda estou tentando descobrir o mistério da publicação de Pride and Prejudice misturado com os zumbis, que é a enganação do século 21 (junto com os panetones de Brasília, claro) - ou seria uma mistura de séculos, já que rouba o texto de Austen? - ainda não consegui concluir sobre este 'A Little Bit Psychic'. Lembrou-me um prato que experimentei lá em Belo Horizonte, chamado 'mexidão' (acho que era isso), recém-chegada na cidade e me juntando a uns amigos num bar no centro da cidade. Explicaram-me que era meio que uma raspa do tacho, juntavam as sobras e faziam aquele arroz. Dizia mamãe que a necessidade é a mãe da invenção (da fome tb). Não sei o que Jamie Oliver ou Nigella diriam. Minha fome ficou saciada, mas eu nem quero saber a origem daquelas sobras. O que um haitiano não daria por aquele mexidão!!!
Poizentão. Tentando exigir mais dos neurônios "analíticos": pegar os personagens de Pride & Prejudice e um roteiro previsível, mais o mapa do metrô de Londres, colocar umas cenas mais picantes, adicionar uma pitada de esotérico não devia gerar um livro. Ainda mais um que custa US$9,99. Fora o frete da Amazon. 110 páginas. ~fini~ É assim que termina a autora. Oui. C'est ça. Do you believe? Pas moi. Jane Austen não merece.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Voltando um pouco

O sapato

Um dia um homem já de certa idade abordou um ônibus. Enquanto subia, um de seus sapatos escorregou para o lado de fora ... a porta se fechou e o ônibus saiu, ficando impossível recuperá-lo.

O homem tranquilamente retirou seu outro sapato e jogou-o pela janela.

Um rapaz no ônibus, vendo o que aconteceu e não podendo ajudar ao homem, perguntou:

- Notei o que o senhor fez. Por que jogou fora seu outro sapato?

O homem prontamente respondeu:

- Para que quem o encontrar seja capaz de usá-los. Provavelmente apenas alguém necessitado vai dar importância a um sapato usado, encontrado na rua. E de nada lhe adiantará apenas um pé de sapato.

O homem mostrou ao jovem que não vale a pena agarrar-se a algo simplesmente para possuí-lo e nem porque você não deseja que outro o tenha.

Perdemos coisas o tempo todo.

A perda pode nos parecer penosa e injusta inicialmente, mas a perda só acontece de modo que mudanças, na maioria das vezes positivas, possam ocorrer em nossa vida. Acumular posses não nos faz melhores, nem faz o mundo melhor.

Todos nós temos que decidir constantemente se algumas coisas devem manter seu curso em nossa vida ou se estariam melhor com outros.



Estou com essa "história" na cabeça desde que me "perdi" em Praga. Pois deixei de contar que quando tirei a luva, minha luvinha de cashmere, que comprei num posto da Oxfam em Londres no ano anterior (coisas doadas), pra me salvar do frio inesperado, fiquei tão perdida (literal e psicologicamente) que não percebi que a luva se foi. Deve ter caído por lá, em Bilá Hora. Que, parece, segundo o Google, é o nome de uma batalha histórica. Nem quero saber, guerras, guerras, fome, terremotos, mortes, aquecimento global, frio no hemisfério norte, calor no hemisfério sul, tudo extremo, todo mundo sofrendo, fico me perguntando se vale a pena sorrir diante de tanta dor, às vezes. E o tempo todo eu martelei na cabeça a história do sapato, se eu tivesse percebido teria jogado a outra luva pela janela do ônibus... pelo menos alguém poderia ter aproveitado o par. Mesmo que eu tivesse congelado na estação no dia seguinte, às 5:30 da madrugada, esperando o trem para Berlim, com uma temperatura de uns 3 graus.

Parece retórica, mas não é, pq simplesmente não há ganho. Não concorro a nada. Quando me apego a algo, assumo. O exercício do desapego não é uma coisa muito fácil - há uma tradição, que também é uma contradição: guarda-se muito e doa-se muito em minha família. Somos todos loucos, por Tutatis. Mas que belos narizes. Nem todos. =D

Divago. Também um hábito.

Era isso. Lá se foi a luvinha verde adquirida numa loja de caridade. Não serviu a ninguém, virou lixo. A que restou não tive coragem de descartar. O par que a substituiu fez um mau serviço - é de fibra sintética, e deixa os dedinhos de fora (pensei que seria bom para tirar fotos e aqueceria do mesmo jeito, bobagem, tremenda inutilidade). Quanto tempo levará até que eu tenha coragem de descartá-la ou descobrir alguma utilidade para ela? Coisa de louco.

Enquanto isso é certo que as coisas mudam constantemente, e perdas e ganhos são ilusórias se acharmos que nos definem.



sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Finalmente, Berlim


MUSEUMSINSEL - uma "ilha de museus" na parte norte do Rio Spree, no centro de Berlim, com cinco museus - Pergamon, Altes, Neues, Bode e Alte Nationalgalerie. Patrimônio Cultural (UNESCO). Conte-se aí: Portão de Ishtar, Busto de Nefertiti, e outros.
Se eu falasse a língua, poderia dizer que estaria em "casa". Mamãe ficaria feliz. Mas de onde será que eram meus avós??? Oh, well.

Karluy Most

Ponte Carlos

Catedral



Viajar é passar de um lugar para outro, física e mentalmente. Com todas as ansiedades que isso envolve. E os sustos. Essa balela de ser uma mulher do século 21 não rola. O avião pode cair, balas perdidas circulam todos os dias, terroristas estão no cardápio todos os dias, e desde que nascemos podemos morrer ou sofrer acidentes. Drama? Não. Realidade. Cabe manter o medo em um nível de normalidade, sabendo que o que será, será, e confiar que serei capaz de tomar a melhor decisão possível na hora certa. Whatever. E contar com a ajuda divina, porque conto mesmo.
Porque depois daquele motorista de táxi mafioso, ainda achei de me perder no meio do mato em Praga. Ora, pois. Já contava com alguma façanha do tipo, em se tratando de andar por países de língua que não domino, mesmo quase todo mundo se comunicando em inglês. Só que tem as benditas placas, etc. Já tinha até andado de metrô, ido ao castelo, já estava descendo, quando de repente me vi num lugar diferente. Diferente, leia-se, um bairro residencial, sem ninguém nas ruas a não ser algumas crianças brincando, numa tarde de sábado, nenhum comércio à vista, ninguém para dar informações. Pânico se formando. Começo a andar rápido, muito rápido, chego num lugar que parece mais uma zona industrial, e num ponto de ônibus. Algum alívio. Resolvo pegar um ônibus (ou bonde, sei lá como chama aquilo). Os passes se compram no próprio ponto, numa máquina, com moedas. Tenho poucas, não adianta ter muito daquele dinheiro já que parto no dia seguinte, e quase não vem troco em moedas.
Pego a tal condução, tralalá. A direção é um lugar chamado Bilá Hora. Tudo que queria eu era descer mais rápido do castelo e chegar na Ponte Carlos. Só que o tram seguiu toda vida por uma estrada muito bonitinha, campos verdejantes... e eu cada vez mais desesperada... olhava para um lado e para outro, só procurando onde encontrar uma maquineta pra comprar outro passe de ônibus e... NADA! Sentar e chorar? Minha solução favorita é ir até o ponto final e decidir, foi o que fiz. E rezei. Muito, mas muito mesmo.
Cheguei num lugar que era um subúrbio, uma província, muito bonitinha, mas não tinha nada, nadinha. Ponto final, tinha a maquininha. E eu não entendendo nada. Olhava, um burro olhando pro palácio. Peguei as moedas, tentando decidir o que comprar pra fazer o trajeto de volta. Um frio de rachar, tirei uma das luvas. Aí veio um anjo da guarda, essa moça que compensou as pragas (com o perdão do trocadilho) infernais que me azucrinaram antes, e perguntou - em inglês (!) o que eu precisava, pegou as moedas, comprou o bilhete, me explicou tudo, rasgou um pedacinho de papel dela, que é esse aí em cima, escreveu o nome da estação onde eu deveria saltar e o nome da Ponte Carlos em tcheco, e falou em inglês, para garantir que desse certinho. Não é um anjo? E tem quem não acredite.
Pois foi assim a minha viagem. Abençoada. Por isso eu falei das pessoas ruins, caso alguém leia o que eu escreva, para alertar, mas deixei pra lá, porque fica à conta das intempéries normais da vida. Mas tanta gente boa apareceu para me ajudar - essa em Praga tinha asas honorárias, realmente, e os hosts do Dahlia Inn também foram muito fofos, mas o menino que espontaneamente me deu direções na estação de trem em Berlim, ou a senhora que me ajudou a carregar a mala em Londres na estação, o senhor no trem na Victoria Station também em Londres são exemplos de que a humanidade tem corações solidários pulsando por aí, no dia-a-dia, em ações simples. A essas pessoas minha gratidão eterna e uma prece diária.

Ainda Praga (e sem senilidade)


Ufa, sabia que já tinha escrito uma ou outra coisa, e publicado algumas fotos, mas a preguiça e o calor horrendo somados à minha dispersividade infinita me levavam a nunca checar e adiar até o dia do Juízo Final esta missão ('Diário de Viagem I'). Tarefa cumprida, aceleremos, que eu mesma já não me aguento. Finda a última pausa, língua quase no chão porque a subida é de matar, chega-se ao "castelo", que é, na verdade, um conjunto de coisas (castelo, catedral, etc.), onde está a sede do governo, e domina a vista da cidade. A Wikipedia diz que ocupa uma área superior a 72,5 mil m², e por conta disso é considerado o maior castelo do mundo, segundo o Guiness (v. http://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Praga).
É muuuuito grande. A gente cansa pra subir, cansa de ficar na fila pra entrar na igreja, tem vontade de espancar o pessoal que aluga os equipamentos de áudio (muito mal-educados), tem vontade de dar uns tabefes nos chineses mal-educados que não respeitam a fila e vão se esgueirando pra ficar tudo juntinho feito irmão siamês, fora que ainda não deu pra engolir o cretino do motorista de táxi da chegada. Não custa repetir: NUNCA confie em motorista de táxi de rodoviária do Rio, do aeroporto de Buenos Aires e da estação de trem de PRAGA. O sujeito tinha até impressa uma tabela plastificada em euro e kronos (a moeda que eles usavam ano passado - supostamente este ano eles entram na zona do euro), e parecia um mafioso. Infelizmente, cheguei à noite em Praga, e não tinha como passar a noite na estação, e não tinha como visualizar a distância até o hostel, que ficava pertíssimo.
Então, dos conselhos que li, sobre possíveis pickpockets, etc., não tive problemas, mas com relação aos motoristas de táxis, foi na mosca: o que se salvou foi o motorista que o host do hostel chamou. Perfeito. Mesmo sem quase falar uma palavra de inglês, honestíssimo. Que Deus o abençoe.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pausa para reflexão: D. Zilda Arns

Hoje em dia é possível se escrever qualquer coisa - a internet está aí para isso mesmo. Qual é o valor agregado final é outra história. Porque eu escrevo? Um dia eu paro para responder esta questão. Hoje eu só vou escrever sobre D. Zilda Arns. Ontem fiquei zapeando da GloboNews para a CNN, sem avançar além do que seria possível saber sobre o terremoto no Haiti. Mais uma tragédia para a humanidade - um povo paupérrimo, mais um exploradíssimo no terceiro mundo.

Que coisa, isso, e esses governantes que continuam se elegendo com base no populismo, e o povo ainda na miséria, sem educação, etc. etc.

Mas tem gente, como D. Zilda Arns, que chovendo ou fazendo sol, médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, e mais um monte de coisas (http://www.pastoraldacrianca.org.br/biografia_dra_zilda.html), reconhecida nacional e internacionalmente (ela sim, deveria e merecia receber um Nobel, muito mais do que Obama - por coisas realizadas), saiu por aí e foi cuidar de quem mais precisa, crianças e mulheres.

E lá foi ela: o soro caseiro, a multimistura... coisas simples e baratas... mas parece que o simples e barato não interessa, porque será???

Mais uma vez, vão os bons embora, como Sergio Vieira de Mello também foi. Ficam os ruins. É muito triste. Lamentamos por todas as vítimas das tragédias, cada vida é importante, mas se perde tanto mais quando a pessoa leva consigo um pedaço da nossa esperança de que algo pudesse mudar.


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Pausa refrescante

Praga: Josefov


JOSEFOV
Bairro judeu a 5 minutos a pé da praça central, reúne 6 das mais antigas sinagogas da Europa, como a Staronová de 1270, e um cemitério construído em 1470, com 12 mil lápides. O bairro foi reformado na virada do século, por exigência do governo, que via nos edifícios antigos uma ameaça à saúde pública. Hoje, a arquitetura em estilo art nouveau domina a paisagem.

São Jorge Guerreiro, podem acreditar!


Não achei o Menino Jesus de Praga, pq não havia menção nos meus guias, mas o São Jorge estava bem no meio da praça onde fica o Castelo de Praga. Praça, sei lá, é um local imenso onde tem um combinado de prédios, castelo, igrejas, museu, nem dá pra ver tudo, depois de uma subida imensa, haja fôlego (o que restou você perde quando vê a vista!).

Praga é linda!

Relógio astronômico


A cada hora cheia, um boneco representando a morte aciona um carrilhão por onde desfilam bonecos de 12 apóstolos seguindo São Pedro, diante de uma multidão que lota os arredores. O relógio, construído em 1410, mantém o mecanismo original reformado entre 1592 e 1572.

Praga: passagem para a cidade "velha"


Nunca fui a Roma, mas parece que em Praga, todos os caminhos também levam à Praça Central. Vielas, arcadas, lojas, bares, restaurantes, algo "labiríntico", medieval. Que é realmente o que atrai, creio. Pode ser meio confuso, mas é certamente fascinante. Há quem diga que há um certo exagero por parte do turista no uso da câmera, especialmente depois da invenção das digitais. Pode ser. Tento tomar cuidado e não olhar o mundo através das lentes. Especialmente por não ser fotógrafa profissional. Mas penso na imagem como complemento da memória. Não me seria possível evocar todos os momentos vividos com tantas impressões novas quando tudo é tão interessante e nada é rotineiro. Uso então a câmera da forma mais liberal e louca possível: fotografo prédios, meus favoritos, cartazes, qualquer curiosidade, coisas diferentes, atipicidades, e também aquilo que é marco. Infelizmente, não dá para registrar tudo que eu acho belo - só de arquitetura na Europa daria milhares de fotos. Careço de uma câmera melhor e mais técnica, também. Quiçá, um dia. Tanta coisa a aprender, ainda.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Começando em Praga


De tantas imagens possíveis, maravilhosas, é preciso dizer: comer em viagem é essencial. Não comer para sustança, mas para sentir o lugar. Desta vez não foi tão possível. Meu corpo me traiu. De qq forma, ñ sou de comer muito, e beber ñ é minha praia. Sorry. Nada de cerveja, apesar das insistentes dicas dos guias, ou outras sugestões. Todas maravilhosas, tenho certeza, mas além das restrições que tive de me impor, ainda tenho meus gostos pessoais. Tive de conter até o meu amor pelo chocolate. Não deu certo. Tudo que comprei veio para casa.

Pois então, considerando-se os cuidados E a língua indecifrável, para não correr o risco de acabar com um arenque ou um javali (sei lá) no prato, e ñ podendo partir para a solução de sempre (um croissant de chocolate), meu café da manhã era a minha comfort food de todos os tempos, conforme doutrinado por mamãe: chá e o que quer q ñ contivesse chocolate. E que lugar mais apropriado para comer se não uma deli chamada Coffee Heaven? Tire o 'coffee' (que eu não bebo nem nunca bebi café) e deixe só o 'heaven'. Depois de passado o susto, o meu maior terror na viagem, que era chegar em Praga, tudo seria o céu. Deixem-me com a minha crença, os gurus dizem que pensamento positivo serve para resolver tudo.

E o céu se abriu. Chazinho com cheesecake. Nham. Perfect. Um bom começo de dia. Teve depois o susto do dia, para ser balanceado com o anjo da guarda. Hummmm... ñ tinha pensado nisso. Heaven. Perfeito.

Next stop: Praga


Já falei do motorista de táxi ladrão? Não custa lembrar. Agora que a República Tcheca entra na zona do euro, talvez o problema diminua. Mas, de qq forma, considerando-se que passei pelo mesmo problema em Buenos Aires, no reveillon, e que acabei de ler no Jornal do Brasil que uma "turma do mal" toma conta dos arredores do Corcovado, no Rio de Janeiro, e os táxis fazem a corrida por 5 vezes o preço da bandeirada, é óbvio que o problema é universal.

Fica o problema na cota dos aborrecimentos de viagem. Que, somado à grosseria de 1 moça e 1 rapaz que vendiam tickets para a entrada do castelo de Praga, são as únicas reclamações que tenho a fazer da cidade.

Já de cara, a recepção no hostel (Dahlia Inn) foi inusitada. Fora o medo que o motorista de táxi ("give me my money, madam") me provocou, e o fato de que a rua estava completamente deserta (ñ era um local "fashion", embora muito perto de tudo - tanto da estação de trem, como do centro, e se eu gostasse, ainda tinha um cassino na esquina) e escura, a sinalização era imperceptível. Só dava para ler 'Exchange'. Por sorte, chegaram 2 hóspedes, parece que eram americanas, e havia um bilhete, supostamente para mim (o host estava em algum lugar e deixou um telefone para eu ligar ?!?!), pq eu era a única hóspede aguardada para aquele horário. Problema é q meu telefone estava sem bateria - razão do meu short tour em Viena, e de qq forma, eu me enrolaria toda para fazer uma ligação internacional, com mala no meio da rua, no escuro, nervosa, etc. etc.

As moças abriram então a porta, e ainda se ofereceram para ajudar a carregar a mala. Eram 3 ou 4 lances de escada. Ai, ai. Não deixei, claro. Só de ñ ficar na rua já foi um espetáculo. Mesmo achando estranho: e se eu fosse uma golpista? Hum. Golpe complicado, claro. Oh, well. Assim que chegamos ao andar da recepção, que era o mesmo do meu quarto, o host apareceu. Über simpático, tudo muito fofo, internet grátis, recepção nota 1000. Quase compensou o motorista ladrão. Eu digo quase pq detesto ladrões, mas o Dahlia Inn é ótimo. Apesar das escadas. E da loucura da recepção com seus bilhetinhos. Mas a distância é superconveniente, eles são muitíssimo prestativos, me ensinaram a chegar na estação de trem, que fica muito perto (aí é que me deu mais raiva do motorista de táxi). Fui lá, comprei minha passagem para Berlim, e depois fui visitar a cidade. Espetacular. Só para finalizar falando bem do hostel, eles ainda chamaram o táxi para a estação de trem, e deu certo a garantia, correu tudo bem, mesmo sem falar nada de inglês, o senhor foi honesto e a corrida foi bem barata. (Não sei se descobri pelo TripAdvisor ou pelo TripWolf, mas é uma graça e a relação custo-benefício ótima).

http://www.dahliainn.com/

MuseumsQuartier Vienna/Vienne
www.leopoldmuseum.org
Mariahilfer Strasse

domingo, 10 de janeiro de 2010

Caipirinha Bar (em Viena)



Para quem duvidar, clique nas imagens... ñ entrei, já ñ sou de beber, e era de manhã... nem devia estar aberto. Mesmo que estivesse, cachaça com açúcar e limão não combinam com Viena. Né? =/

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Antes do amanhecer


'Baudelaire disse: "A forma de uma cidade muda mais depressa, lamentavelmente, que o coração de um mortal". Ainda assim, a continuidade se firma em certas formas. A Idade Média deu à cidade, ou à maioria delas, um espaço rodeado por uma muralha, cujo vestígio subsiste mesmo quando as muralhas desapareceram. (...) Se o centro perde em energia, ganha em prestígio; é que ele permite ver num relance a cidade: sua beleza o resume. O centro sobrevive e provavelmente sobreviverá por muito tempo pelo recurso ao imaginário.'
Jacques Le Goff, Por amor às cidades

Etapa seguinte, Viena. De Munique, trem. Muito fácil, nem foi necessário comprar Eurail, que era mais caro e complicado, pq tinha de reservar e já estabelecer as datas. Vai que dá zebra? O plano era chegar e comprar na hora. Penso que só hotel e avião é que não pode fazer isso. Corre-se o risco de ficar plantado.
Nos meus mínimos preparativos, apurei que outrora Viena foi cercada por essa muralha chamada Ringstrasse. Que virou uma "rua" (redonda, será? tenho de ver o Google Maps), que muda de nome algumas vezes. 'Strasse' é rua nessa língua difícil, e 'Ring' seria o mesmo que em inglês, anel? Oh, well. A estação de trem é super. A cidade ñ me deixou encantada, não sei a razão. Acho que estava nervosa. Muito pouco tempo para ver o que eu queria: Klimt (de preferência 'O Beijo' - meu favorito de todos os tempos, tenho a reprodução na minha sala), queria, se possível, ir ao túmulo de Beethoven (o único que já quis ver em minha vida, desde que assisti ao filme Immortal Beloved, com Gary Oldman, magnífico, e me fez chorar, coisa rara em filmes: com a regência da Nona Sinfonia, divina, com a carta à amada e a cena final); e provar a tal sachet torte. Parecia fácil. Ahã. Not!!!!!!!!!!!!
Os "astros" conspiraram contra: o hotel não tinha uma porcaria de um adaptador de tomadas para eu carregar minha câmera digital e, claro, pela Lei de Murphy, ela descarregou (aaaaaaahhhhhhhh, agora sei pq eu tenho pouquíssimas fotos de lá!!!!!). Fiquei com medo de chegar a Praga e o prejuízo ser duplo - conclusão: pragmatismo é a solução. Seguir a Ringstrasse, ver o que tem no caminho, achar a Ilha dos Museus, ver o que tinha Klimt, e dar-me por (meio) satisfeita. O tempo que sobrasse, achar a rua de comércio e catar uma loja que vendesse o tal adaptador.
Resumo da ópera: a Ilha dos Museus é de tirar o chapéu. Assisti a uma bela exposição no museu que escolhi (Leopold Museum) - Schiele & Klimt. Passei por um belíssimo parque - Parque da Cidade, onde há uma estátua de Strauss tocando violino linda (dizem que é super fotografada e tem de ser, porque foge àquela mesmice daqueles políticos ou mesmo daquelas esculturas de inspiração greco-romana, e tudo que evoca a música me fala ao coração...). Conheci o Danúbio (que não é azul...). Vi até um bar chamado 'Caipirinha'. Não entendi nada. E nada de sachet torte. Não achei o lugar famoso. Acabei no McDonald's (tenho um trato com minha sobrinha: ela coleciona os brindes do McLanche Feliz - como eu estava com fome e ñ tinha 1 segundo a perder antes de pegar o trem...). E achei o adaptador. Final (quase) feliz. Digamos, agridoce. Como eu gosto desses sabores, tudo bem. Diz uma amiga minha que é um pretexto para voltar. Não foi a minha intenção. Planejei exatamente para saltitar, desse no que desse. A vida dirá.
No dia 30/12/09, estava passando Antes do Amanhecer, com Ethan Hawke e Julie Delpy, que eu ainda ñ tinha visto (apesar de ter o DVD). Fui interrompida por um telefonema, mas deu para ver algumas cenas e talvez até reconhecer alguns lampejos de Viena. Acho. Adoro isso, aliás, é uma das coisas que me deixa contente em viajar e me faz sentir que "conheço" um lugar: começa com a pesquisa prévia, ler o máximo que eu posso, contextualizar. Depois chegar, andar, comer, se possível, tendo oportunidade (pois não sou extrovertida), falar com as pessoas. Por isso tb fico irritada de passar pouco tempo, ñ dá para "sentir" o lugar. E se ñ entendo a língua, pior ainda, é como se ñ conseguisse respirar direito...
Quando consigo escrever durante a viagem, as coisas vão se encaixando, consigo reproduzir o que sinto em tempo real. Depois fica mais difícil. Aí, quando retorno, conto para as pessoas o que vi, e as memórias vão se cristalizando, e adquirindo outras tonalidades, talvez até se modificando, seja se fundindo com lembranças já existentes previamente, seja se perdendo, pois ñ é possível reter tudo, ou se confundindo, ou, quem sabe, se reinventando... é aí que entram "memórias alheias". Se vejo uma foto ou assisto a um filme, certamente a qualidade, a nitidez ou o ângulo são diferentes ou melhores. A memória se sobrepõe ou completa a minha. É ao mesmo tempo um reconhecimento, uma renovação e um preenchimento de lacunas. Um aaahhh! e um oooohhhh! aqui e acolá...
Parece que tudo que espero de uma viagem é isso mesmo: aaaahhhs! e oooohhhs! O que esperar mais?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Conto de fadas


Ponto alto da viagem, literalmente. Não sei quanto a gente subiu - já estávamos subindo antes, e até chegar ao castelo, fomos de charrete, quase 30 minutos. Lá dentro, degraus. Oh, horror. Ainda bem que emagreci, ou o coração sucumbiria. Não tem elevador, como na Sagrada Familia.

O que dizer que não tenha sido dito? Bem, o legal foi o tour. Falantes de língua espanhola e inglesa, o guia alemão, já tinha botado pra fora falantes de outras línguas em Munique, inclusive um pobre japonês, ainda que ele tenha balbuciado que preferia o inglês (eu finquei pé - até pq japonês ñ tem escolha, ele se denuncia... e eu sou indistinta), paramos para almoçar no pé do castelo, pude, enfim, comer alguma coisa decente (tinha passado mal quando cheguei). Bem, decente é modo de dizer: salsicha com fritas =D! Teste de resistência. Se eu ñ resistisse a isso, o resto da viagem ia ser à base de crackers. Sentei com uns americanos, conversei à vontade (!), embora ñ tenha descoberto de imediato que voltei a falar (o que só aconteceu à noite). Bizarro.

E lá fui eu realizar meu conto de fadas. Sem príncipe. Aliás, todos os príncipes estão em Munique. Nossa Senhora. Ainda estou para descobrir onde tem homens mais bonitos. Nossinhora. De novo.

Para saber mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Neuschwanstein

Linderhof


O que dizer mais desse castelo de conto de fadas? Bom, pra mim, sonho realizado. Apesar de eu sempre ter imaginado o outro, de tanto se ter falado que era o modelo do castelo da Disney, tinha lido no Rough Guide que este era imperdível, além de estar totalmente acabado, e ter servido realmente de residência do rei Ludwig II, da Baviera. História, história... gosto de respirá-la, absorvê-la. Quando a gente simplesmente anda pelas ruas não dá para sentir muito bem. Nem quando simplesmente olha para um quadro em um museu. O tour deste castelo, com este guia específico, fez toda a diferença. Dá para a comparar. Os caras são como artistas. Aliás, são artistas. É todo um teatro, e um bom intérprete dá vida ao papel. Em vez de somente pedra, mármore, tinta sobre tela, tudo ganhou vida. Em vez de um simples rei louco, deu para sentir um personagem mais complexo, mais rico. Saí de lá mais "rica".

Para saber um pouco mais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Linderhof

A caminho dos castelos



"Oberammergau
é um município do distrito de Garmisch-Partenkirchen Estado Federado de Baviera, Alemanha. Encontra-se localizado no vale do rio Ammer. Esta localidade é conhecida principalmente pelas representações da paixão de Cristo que aqui são feitas a cada dez anos." (Wikipedia)

É uma gracinha mesmo, embora eu tenha achado uma perda de tempo, já que o guia (que, aliás, era ótimo e muito engraçado) só ficava falando nos relógios cuco, bla bla bla, e sem chance de eu arrastar um trambolho desses. Quem aguenta um barulho irritante assim???
Conclusão: quando chegamos a Neuschwanstein, ele, literalmente, nos implorou para não esperarmos a charrete na descida (por causa do tempo de espera). Foi tudo cronometrado.

Enfim. Recuso-me a crer na insanidade de Ludwig II. O sujeito era misantropo, visionário, e louco pela música de Wagner, sei lá. Mais insanos do que aqueles reis produtos de casamentos entre primos, impossível. Para não falar dos ditadores e fazedores de guerras. Os castelos são um sonho. Valeram cada momento da viagem. Linderhof tem um guia sensacional, e está completo, é perfeito; a guia de Neuschwanstein não lhe faz jus, e o castelo não chegou a termo, o que é uma pena. A vista é sensacional. Bom, só indo.

Lembranças da Noviça Rebelde



Bastou o guia falar em 'Alpes Alemães' que minha mente saiu saltitando e cantando 'A Sound of Music'... Alpes são Alpes, ué!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Continuando


De teimosa. Já ando enjoada, ou entediada. Talvez seja o calor. Não consigo raciocionar direito com calor. Também estou com sono. Já mudamos de ano, fiz um pit-stop em Buenos Aires (!!!) - mas me recuso a virar a página.
Seria o tédio? Minha viagem de férias em outubro foi fantástica, me encheu de energia - a ponto de sequer me fazer reclamar do horário de verão (fato inédito em minha vida!), e me dar uma energia como há muito não sentia na minha vida profissional. O que tb é inusitado, pois tenho percebido necessidade de mudanças em gaps de 5 anos, e já estou neste posto há 6... time to change, then. Foi como uma reviravolta: energias renovadas, voz recuperada, catarse, liberação (v. foto do vitral da igreja em Munique no post - ralei no Google para descobrir que se trata da Nossa Senhora de Munich, ou Frauenkirche, inaugurada em 1494, e símbolo da cidade, e onde cheguei "por acaso"... hum... e onde estava pensando em minha mãe... interesting... Freud deve explicar).
Certamente não foi à toa que se minha voz calou porque ninguém quis me dar ouvidos, ela voltou nesse lugar consagrado à Mãe, por mais de 500 anos... há aqueles que acham que templos são lugares de desespero, ou mesmo que nesses casos, quando se tornam locais de visitação, perdem sua característica primária, para se tornar uma mera atração turística. É certo que há verdade nisso, mas eu vejo duas coisas num templo antigo: a arte e a esperança que está em cada coração que busca aquele local. Não tenho uma fé que move montanhas - sou muito confusa para isso. Considero-me mais uma buscadora e rejeito quase que apenas os fundamentalistas, machistas e idiotas. Das coisas que acato, estão: "onde dois estiverem orando sob o meu nome, aí estarei". Para mim, onde pessoas colocam sua energia em prece, ali ela se inscreve na pedra. Quase me dá vontade, agora, de tocar nas paredes de uma catedral antiga... quanto mais antiga, melhor. Como foi emocionante ir a Stonehenge... conhecer a arte tocante de Gaudí na Sagrada Família em Barcelona foi maravilhoso, mas chegar no centro antigo e entrar na antiga catedral foi, literalmente, de chorar.
Depois a americana me chamou de esnobe porque eu prefiro viajar pela Europa (lógico, tive de trabalhar a vida inteira para isso...). É.

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...