quarta-feira, 29 de julho de 2009

Desordem urbana

Está lá: a gente passa, distraída, olha para cima, e vê a parede que se ergueu, provavelmente da noite para o dia - que os pedreiros da comunidade são extremamente eficientes (se as obras públicas fossem assim!) - ou quase. Não importa, porque o tal choque de ordem é apenas uma anomalia da língua portuguesa. As calçadas continuam intransitáveis, irregulares, cheias de buracos, caca de cachorro. À noite, a luz é insuficiente, o lixo está revirado, os mendigos estão dormindo ou se ajeitando para fazê-lo. E isto na Zona Sul. Às vezes os tiros ecoam. Depende da noite, do dia...
E as moradias irregulares prosperam, para cima, para os lados, sem que ninguém veja. É uma cegueira danada. Saramago deve ter se inspirado nisso para escrever seu 'Ensaio sobre a cegueira'. Só pode.
Enquanto isso, alguns continuam pagando tudo - imposto, conta de luz, gás, água - e sonhando em um dia comprar (sim, comprar) a casa própria. Outros sonham em ver a Mata Atlântica pelo menos um pouco reconstituída, e não destruída, corroída selvagemente por uns e outros com as mais diversas desculpas.

sábado, 18 de julho de 2009

Essência

"Um dos refinamentos mais sofisticados é o de sabermos quando parar."
Nilton Bonder, rabino

Desde que nascemos, somos instados a nos mover. Acordar, ir para a escola, fazer o dever. Quando crescemos, é ir trabalhar, etc. etc. Parar, só para dormir. Mesmo no lazer, o movimento é uma determinação, pelo menos enquanto se é jovem: praticar esportes, ir à praia, dançar... Mesmo quem está à frente de uma tela de computador, não está parado.
Não paramos nem pra comer. Não se pode "perder tempo". Durante a refeição, é possível: falar ao celular, consultar e-mail (no celular ou laptop), conversar, fazer reuniões e, em casa, ver TV, ver e-mail...

Apesar de a ciência dizer que não somos multitarefas, agimos como se fôssemos. Tsk. Alguma coisa deve estar errada. Não conseguimos parar, e, no entanto, estamos, já há alguns anos, recebendo mensagens do Oriente, agora ratificadas pela medicina, de que parar faz bem. É necessário. Meditação é um must, Oprah Winfrey decretou.
Experimente esvaziar sua mente por 1 minuto. 30 segundos.
Em 'Comer, Rezar, Amar', livro de Elizabeth Gilbert, há um interessante relato sobre esse tema, e ela já tinha uma experiência anterior. Eu, que não tenho nenhuma, acho basicamente impossível ficar com a mente vazia 1 mi-nu-to. Mas me esforço, por acreditar sinceramente que parar é crucial, para dar alguma ordem ao verdadeiro caos que eu penso que é minha mente.
Parece que aí está o erro - no esforço. Deve ser uma coisa natural... quando um pensamento se intrometer, deixar vir e ir... ok. Ele vem, mas não vai embora. Junto com ele, vem mais uma penca. Parecem os feijões mágicos da história. Brotam do chão e vão se desgalhando sem parar. Que coisa!
Mesmo sabendo que seria bom para mim, eu não sei a hora de parar. Até porque também todo mundo (?) diz que se paramos, o cérebro diz byebye. Tem a ver com Alzheimer. Mamãe teve. Um fator de risco para mim, portanto.
Seria a tal da auto-sabotagem de que se vem falando? Outro post.
Estou tão cansada...

domingo, 12 de julho de 2009

Publicidade que importa

As campanhas de cunho social estão reunidas no site http://osocio.org.
A Big Ant International, agência de Nova York, foi recentemente premiada pela série de cartazes feitos especialmente para a Global Coalition for Peace (Coalizão para a Paz) contra a guerra no Iraque.
Com o slogan "What Goes Around Comes Around" (=o que vai, volta) e imagens que mostram balas e bombas dispostas de maneira que saem e voltam ao mesmo lugar, a agência mostrou a insanidade da ocupação americana no país de forma genial.
Nenhum publicitário ganha um centavo com esse trabalho. (Fonte: Revista Vida Simples)

A conferir o resto do site.
Imagem: http://osocio.org/message/what_goes_around_comes_around/

They don't really care about us

They Don't Care About Us

Michael Jackson

Skin head
Dead head
Everybody
Gone bad
Situation
Aggravation
Everybody
Allegation
In the suite
On the news
Everybody
Dog food
Bang bang
Shock dead
Everybody's
Gone mad

All I wanna say is that
They don't really care about us
All I wanna say is that
They don't really care about us

Beat me
Hate me
You can never
Break me
Will me
Thrill me
You can never
Kill me
Judge me
Sue me
Everybody
Do me
Kick me
Kike me
Don't you
Black or white me

All I wanna say is that
They don't really care about us
All I wanna say is that
They don't really care about us

Tell me what has become of my rights
Am I invisible 'cause you ignore me
Your proclamation promised me free liberty, no
I'm tired of bein' the victim of shame

Some things in life they just don't wanna see
But if Martin Luther was livin'
He wouldn't let this be, no, no, no, yeah, yeah, yeah, yeah

Wrong or right me

(They keep me on fire)
All I wanna say is that
They don't really care about us
(They keep me on fire)
All I wanna say is that
They don't really care about us
(I'm there to remind you)

A (des)importância da música no Brasil

Brasil dos contrastes. O Bolsa-Família, reconhecido com justiça, vem diminuindo alguns deles, agravados especialmente com a herança da colonização e a acentuação da "lei de mercado", ou "lei de Gerson", como ficou tristemente conhecida por aqui, ou simplesmente, a política da pirâmide: quem está no topo fica com (quase) tudo, e quem está na base (quase) nada.
E quem se importa com a música de qualidade? Bom, naturalmente, qualidade é um conceito subjetivo. Antes que se discuta o elitismo da classe média, o alegado apartheid dos ecomuros, cotas raciais, e se intelectual gosta de miséria, como dizia Joãozinho Trinta, penso no seguinte: há anos escuto jogadores de futebol sendo contratos por cifras multimilionárias abrindo a boca e falando besteiras inimagináveis. Pior, dando exemplos morais de arrepiar. No mínimo, os caras ganham dinheiro às custas do público que os idoliza, que dêem alguma coisa em troca à sociedade.
Pfffffff. São como os donos do dinheiro do petróleo, os ditadores, que têm os cofres recheados e deixam o povo à míngua. Com raras exceções. Assim de cara, eu lembro dos ex-jogadores da Seleção Raí e Leonardo, com a Fundação Gol de Letra: http://www.goldeletra.org.br/Default.aspx.
Enquanto isso, os músicos tocam na rua. Esses meninos estão ali na Estação Carioca do Metrô do Rio de Janeiro. Isto quando não são expulsos por um sujeito que pensa que toca saxofone há uns 25 anos. Mal, muito mal.
E a educação também vai continuar assim, mal, muito mal.

Bloggers se unem por Direitos Humanos

Bloggers Unite for Human Rights 2009

Objective:
On July 17 Bloggers Unite from around the globe will unite for human rights and make a statement that all people are born with basic rights and freedoms - life, liberty, and justice!

Objetivo:
A união pelos direitos humanos e uma afirmação de que todas as pessoas nascem com direitos e liberdades básicas - vida, liberdade e justiça!

No dia 17 de julho Bloggers Unidos de todo o planeta se unirão por esse objetivo!

http://www.bloggersunite.org/event/bloggers-unite-for-human-rights-2009

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...