domingo, 6 de maio de 2012

Não há tempo, Alice

Onde foi parar o tempo? Envelhecemos, e não há como evitar. Clichê? Sim, sem dúvida. Na maior parte desse tempo, estamos executando tarefas rotineiras e ele se esvai sem que nos demos conta. Triste isso. Talvez seja por essa razão que os budistas insistam que prestemos atenção em cada minuto. Certamente isso faria com que estivéssemos atentos aos chamados 'desperdiçadores de tempo', a tudo aquilo que nos distrai... mas nunca aprendi a fazer isso e, além do mais, sou uma pessoa bem distraída ou, talvez, não consiga me concentrar realmente (a não ser naquilo que seja divertido, porque quando estou lendo um livro interessante ou assistindo a um filme arrebatador eu fico totalmente presa).


O que me deixa triste é a ideia de que não conseguirei dar conta de aprender tudo que poderia, de descobrir tudo que é possível num universo de coisas potencialmente maravilhosas. Inicialmente, achei que tudo estaria nos livros, e por aí comecei, talvez por ser a maneira mais simples ou mais acessível de saciar minha curiosidade. Interessante é que quanto mais portas se abrem, mais se quer abrir. Talvez seja por essa razão que os podres poderes instaurem censuras... Quando me foi possível aprender de forma mais concreta, mais insaciável me tornei, ou, quem sabe, talvez aí tenha me tornado hiperativa. Possivelmente nesse momento, sem sentir, tenha me definido como uma pessoa sempre em movimento, embora pareça dar a impressão de estar parada, por estar sempre com um livro nas mãos. Por enquanto o cérebro continua se movendo, graças a Deus. E é por ele que luto. Antes, para que se desenvolvesse, pelo aprendizado em si. Inteligência era a palavra-chave. Hoje, para que não sucumba ao declínio. Não somente imposto pela idade, mas pela senilidade ou pelos males que vêm se tornando comuns nesta era.


Sim, o tempo é inexorável, e talvez eu o desperdice mais do que muitos. Não sei o que faço ou fiz da vida, se ela vale ou valeu a pena, se talvez grande parte é meio vivida porque interseccionada por seres e mundos virtuais ou ficcionais. Não sei se sequer chegarei a alguma conclusão um dia. Hoje, por exemplo, acordei com vontade de ler alguma coisa relacionada aos símbolos, depois pensei em Alice (nunca li, portanto, preciso corrigir essa falha na minha educação), e estou com Guerra dos Tronos no meio, mais outros tantos livros para ler, e daí resolvi escrever, porque não há tempo para fazer tudo isso e ainda viver. Mas viver, pelo menos para mim, é isso. O que posso dizer? Enquanto vou lendo, vou "fazendo coisas", aquelas que são necessárias para que o corpo também viva e tudo se coordene. O segredo é o equilíbrio. Será que o encontro?

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...