sexta-feira, 30 de maio de 2014

A Geometria do Amor


Câncer, doença, dor, morte, perda, saudade, tristeza. Palavras que exprimem sentimentos e significados que se intercambiam, tecendo uma fina e inescapável trama que invade vidas e deixa marcas indeléveis.

É óbvio que tudo gira em torno de quem é acometido pela doença, mas nem sempre ele pode ou quer contar a sua história. Há psicólogos que lidam com pacientes oncológicos que propõem a escrita como exercício terapêutico. Conheci uma assim. A paciente, que, na verdade, era um tanto ou quanto impaciente, se rebelava, mas como gostava de escrever, botava as ideias no papel, e até planejava organizá-las em um livro. Infelizmente não teve a chance de fazê-lo. Há casos em que a pessoa leva a ideia a cabo, como o Dr. David Servan-Schreiber, em seu maravilhoso livro ‘Podemos dizer adeus mais de uma vez’ (Editora Objetiva). Muita gente hoje usa as redes sociais. Alguns acham que essa é uma atitude corajosa, outros se ressentem. Recentemente houve um debate que chegou ao New York Times porque uma mulher divulgou sua doença nas redes sociais e uma outra a criticou porque achava, basicamente, que aguentar calado era a atitude correta. Como os críticos eram jornalistas, o quiproquó virou um tsunami. Eu penso que falar é bom.

A doença tem um lado vergonhoso, embaraçoso, porque a mídia vende saúde. E também porque constrange. Quando alguém está saudável, não sabe como lidar com quem não está. Isso me leva a outro livro, ‘O clube do livro do fim da vida’, de Will Schwalbe, que é basicamente um diálogo entre ele e sua mãe, ao longo da quimioterapia a que ela se submeteu, entre discussões sobre os livros que liam. Nesse ínterim, ela sugeriu que ele criasse um blog para manter todas as pessoas de seu conhecimento informadas sobre seu estado, mas embora falasse em seu nome, era a mãe que ditava o tom e o conteúdo do que era postado. Durante todo o tempo da doença, ela procurava nunca se queixar, e continuava lutando por suas causas, especialmente a construção de uma biblioteca no Afeganistão, a se preocupar com a família, a ler os livros que combinava de discutir com o filho.

O outro lado da moeda é tudo e todos os outros. Eles, nós só existimos para, de alguma forma, dar algum apoio àquele ser amado.

Ler ‘A Geometria do Amor’, do meu amigo Luís Quintino, teve uma repercussão imensa em mim, por várias razões. Primeiro, por me apresentar pessoas admiráveis, como seu filho e sua esposa, e todos aqueles que os acompanharam nessa jornada de amor. Também, por aprofundar discussões filosóficas importantes sobre tudo que vale refletir, vida, morte, amor, amizade, respeito, ética, sensibilidade.

Luís Quintino afirmou que tentou falar por “todos quantos não podiam fazê-lo”, que tentou “traduzir neste livro a solidão do homem perante a morte, procurando, mesmo assim, reafirmar que a procura da felicidade continua a ser uma de suas maiores conquistas”. Mais uma palavra e mais um sentimento intrinsecamente ligados à trama antes mencionada que não citei, sabe-se lá porque, talvez na ilusão de que estamos tão concentrados na pessoa que amamos, que evitamos pensar no fato de que ela é, em última instância, a única doente, e a única que enfrentará, sozinha, a maior de todas as batalhas. Queremos esquecer, quem sabe, que mesmo rodeados de gente, em algum canto de nossas mentes, estamos sozinhos, e quando aquela pessoa que guarda um pedaço de nós, que nos compreende como poucos ou como ninguém, nos deixa, algo se perde.

O autor dá pistas para a escolha do título do livro, que pode parecer, à primeira vista, contraditório. A geometria remete aos traços do rosto do filho ou às palavras metodicamente selecionadas para expressar o que lhe vai à mente, mas ele não se vale dos números para entender ou medir o que se passa. Tenta entender, lê inúmeros livros sobre o assunto, e com isso vai dando sugestões notáveis, como no ‘Clube do Livro’ já mencionado, ao mesmo tempo em que entremeia essas informações com insights personalíssimos, só possíveis porque ele, a esposa e o Luís construíram uma relação amorosa ímpar. A poesia, que, de alguma forma, o ajuda nesse percurso, tem sua precisão: a palavra certa é vital. Como disse alguém, Thomas Edison ou Einstein, o gênio é um por cento inspiração, e 99% transpiração. Não é por acaso que toda essa geometria amorosa que resulta inspire.

Engana-se quem acha que vai encontrar tragédia e dor hollywoodianas. O sofrimento descrito é real, decorrente da história de uma doença que atinge um jovem de menos de 20 anos, filho único, e o choque que isso, naturalmente, causa em seus pais, família e amigos. Daí em diante, tudo que se relata é, literalmente, exemplar. O jovem Luís, em vez de ceder à doença, como muitos o fazem (eu, por exemplo, me confesso uma péssima paciente, e o admiro imensamente), assumiu uma postura corajosa. Diria que a sua foi uma jornada do herói, de resistência, força, coragem, dedicação, fé (à sua maneira), proteção aos desfavorecidos (como voluntário), criatividade e conquista. Penso que nos anos que lhe couberam, fez mais do que muitos de nós fazemos em toda uma vida.

Luís Quintino afirma que o Luís tinha a noção exata do inacabado. Só posso imaginar o que é ter uma expectativa de vida encurtada, limitações severas... Mas para quem encarou a doença com uma bravura rara, me parece que a compreensão do inacabado é a mesma que toma conta daqueles que sabem que não existem certezas.

Há uma passagem em que o autor menciona que o filho diz, “sofrerei na pele por todos e mais alguns porque estou nessa disposição, na disposição de ver todos na sua maior felicidade”. Não tenho como saber o que se passava em sua cabeça, mas ao ler isso, me lembrei de um livro da monja budista Pema Chödrön, quando explica a prática ‘tonglen’. Trata-se de um método para se conectar com o sofrimento – o nosso e o de todos a nossa volta, aonde quer que vamos, que começa exatamente pela prática de se tomar a si o sofrimento de uma pessoa que se sabe estar sofrendo e se deseja ajudar. Quando li sobre a prática, confesso que achei muito difícil. Como absorver o sofrimento dos outros, voluntariamente, ainda que seja um exercício mental (o sofrimento mental é real!)? Não surpreende que tenha me detido nessa passagem. A meu ver, somente uma pessoa com avançado entendimento é capaz de pensar assim.

Luís Quintino afirma que desde o início da doença do filho eles foram privilegiados com um novo nível de consciência. Os reveses da vida têm essa capacidade, mas só para algumas pessoas. Alguns reagem a um trauma com resiliência, outros com depressão. Leio ‘A Geometria do Amor’, testemunho a luta heroica e sem pieguices ou complacência, como está dito, e me assombro. Como isso é possível? Como é possível ser o espectador imparcial que quer o escritor? Pois se uma gripe nos põe o corpo abatido e a vontade de nos enfiarmos sob as cobertas. E os pais? O coração que aperta quando os filhos vão aqui ou acolá e não dão notícia, como assistir imparcialmente ao seu sofrimento?

Quantas vezes vocês emitiram seus gritos mudos, e choraram as lágrimas que ninguém viu, para não desmoronar, não fazer ninguém mais sofrer, a não ser vocês mesmos? Sim, concordo com o Luís Quintino, apesar da perda avassaladora, vocês viveram um grande, um imenso amor.

Levei algum tempo para ler esse livro, devido às emoções que despertou, e mais algum tempo para escrever sobre ele. Não é fácil entender (e aceitar) as perdas. Luís Quintino diz que uma forma de lidar com a saudade é via poesia. Eu me refugio teimosamente na prosa, mas só para ser contraditória, e em homenagem ao autor, recorro a um poeta:

“O que fazer?
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não

Será que é tempo
Que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo
Pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara”
[Lenine, Paciência]


Pois o tempo, embora não traga esquecimento, traz uma certa calma. E como o próprio autor citou, “o amor não tem tempo, e dura no que amaste”. (Antônio Franco Alexandre, Poemas, Lisboa)

quinta-feira, 6 de março de 2014

Livros, amigos, lembranças, I've loved them all



Confesso que tenho uma tendência escapista. Metade de mim está enraizada e a outra metade está voando ou tentando voar. A parte que gosta de voar é resquício da criança que eu fui, e se encontra hoje, como sempre fez, nos livros, e nas ocasionais viagens. A parte enraizada é a que foi aprisionada pelas obrigações, pelas necessidades, pela realidade. Às vezes essas metades não se entendem muito bem. Nos dias de hoje, em que me sinto mais próxima do fim da vida, cronologicamente falando, a vontade de voar é enorme, mas a realidade se impõe. Só que essa realidade incomoda cada vez mais. Se, por um lado, compreendo melhor nossas insuficiências como seres humanos, tenho tolerância zero para desrespeito a direitos humanos básicos. Reclamo, discuto, mas meu alcance é nenhum, então, na impossibilidade de mudar o rumo do estouro da boiada, racionalizo e saio da frente. É verdade, não tenho disposição pra concorrer a cargo político, sair em passeata, correr da polícia. Ou, como a personagem central desse livro, correr de um lado para o outro, inclusive países em conflito, até sendo ferida, para ver seus ideais realizados.

Dentre as suas muitas realizações (melhor ler o livro), Mary Ann Schuwalbe lutou até o fim de sua vida para fazer construir uma biblioteca no Afeganistão. Não preciso dizer as dificuldades que ela deve ter enfrentado, além das relatadas no livro. Nós podemos escolher entre um e-book e um livro tradicional. Muitas regiões do planeta não possuem sequer escolas, quanto mais bibliotecas. E também nem preciso dizer que as meninas são quem menos acesso têm à educação. Mas o foco aqui é Mary Ann, que viveu para ajudar, e não se dava o direito de reclamar de nada, mesmo quando foi diagnosticada com um câncer incurável.

Will Schuwalbe, filho de Mary Ann, saiu-se com a ideia de criar esse "clube do livro", que foi a forma encontrada para se aproximar da mãe enquanto iam às sessões de quimioterapia, consultas, etc.

Percorre-se o livro com emoção e curiosidade enquanto mãe e filho discutem livros e refletem sobre a vida a partir de suas conclusões. Sabe-se que a doença é letal, mas, como na vida real, tentamos negar esse fato até o último momento, esperando que seja um engano, que não, a qualquer momento os médicos vão nos dizer que o diagnóstico estava errado, ou que descobriram uma cura, e voilà, respiramos aliviados, celebramos, e esperamos o curso normal (normal?) da vida, até quando os deuses decidam dar-lhe um fim.

E assim, à medida que a doença vai progredindo, também parece que a relação entre mãe e filho se aprofunda, ou se consolida. Não há faz-de-conta, não se trata de livro de auto-ajuda. Penso que eles tinham a fundação de um bom relacionamento desde a infância, e o autor-filho quis, com esse livro, mostrar como ele pôde aproveitar os últimos anos da mãe, e o fez estando presente, como ele mesmo reconheceu ao final. Não sei se ele percebeu isso: o conceito budista de meditação (que eu não domino, por sinal, porque minha mente vagueia mais do que nuvem) é o de estar presente, consciente, prestando atenção ao que ocorre. Chega um certo momento em que ele menciona isso, já ao final do livro, mas, a meu ver, ler os livros com a mãe, estar com ela durante as sessões de quimioterapia, que se prolongavam por muitas horas, demonstra a presença. É claro que ele também queria armazenar tantas lembranças da mãe quanto pudesse na memória, mas a emoção, na maior parte das vezes é momentânea, irreproduzível. Creio que o livro tem esse objetivo. Homenageia e evoca a memória da mãe, e, quem sabe, ocasionalmente, para o autor e para aqueles que conheceram Mary Ann, traz à tona uma emoção.

Não é assim que funcionam os livros? 

Há uma discussão entre Will e Mary Ann, já que ela prefere os livros tradicionais e ele os e-books. Essa é uma discussão sempre corrente. Eu amo livros e tenho os dois tipos. Não tenho a menor intenção de me desfazer de todos os meus livros tradicionais, nem de deixar de comprá-los. Deixo a meus filhos essa tarefa. Espero que no fim da minha vida, eles possam relatar a mesma coisa que Will em seu belo testemunho (só registrando que o nível de leitura deles está muito acima do meu):

"Quando terminei, olhei à minha volta para o quarto dos meus pais - e para mamãe, descansando relativamente em paz, porém, com aquela respiração áspera que significa que não resta muito mais tempo. Ela estava cercada de livros - uma parede de estantes, livros no criado-mudo, um livro ao seu lado. Ali estavam Stegner e Highsmith, mann e Larsson, Banks e Barbery, Strout e Némirovsky, o Livro da Oração Comum e a Bíblia. As lombadas eram de todas as cores, e havia livros de bolso e de capa dura, livros que haviam perdido suas sobrecapas e outros que nunca tiveram uma.

Eles eram os companheiros e professores da minha mãe. Tinham lhe mostrado o caminho. E ela podia olhar para eles enquanto se preparava para a vida eterna que sabia que esperava por ela. Que conforto alguém podia ter olhando para o meu leitor digital sem vida?"

segunda-feira, 3 de março de 2014

Paris gastando pouco? (Parte II)

PASSEIOS E VISTA DA CIDADE

# Para ver a cidade do alto, o terraço das Galeries Lafayette oferece uma linda e gratuita vista de Paris, e de lá ainda é possível avistar a Torre Eiffel.

Endereço: 40 Boulevard Haussmann, Paris, França (Metrô Chaussée d'Antin - La Fayette). Horário: das 9h30 às 20h (fechado nos domingos). Site: http://haussmann.galerieslafayette.com/

# Às terças-feiras, artistas clássicos e contemporâneos de todos os lugares do mundo se encontram para um concerto na Maison de la Radio, durante a gravação do programa “Un mardi idéal” (Uma terça-feira ideal), da Rádio França. Para conseguir ingressos, é necessário chegar na bilheteria uma hora antes de o espetáculo começar.
Quando: Terças-feiras, às 19h30.
Endereço: Maison de la Radio: 116 Avenue Kennedy, Paris, França (Metrô Ranelagh ou Passy). Entrada livre. Convites disponíveis na bilheteria, no hall da Rádio França.

# Outra oportunidade de ouvir boa música é ir até a bela Igreja da Madeleine. Todo domingo, às 14h, são realizados concertos de música clássica nos “Dimanches musicaux de la Madeleine”.
Endereço: 14 Rue de Surène, Paris, França (Metrô Madeleine)

# Para quem prefere jazz, o pub Caveau des Oubliettes, que fica no coração de Saint Germain, no Quartier Latin, tem shows e "jam sessions" todos os dias. Já o Pop In, oferece a chance de descobrir bandas alternativas de rock, folk e pop e DJs de toda a Europa.

Le Caveau des Oubliettes
Endereço: 52 Rue Galande, Paris, França (Metrô Cluny-La Sorbonne).
Horários: Diariamente a partir das 17h.

Pop In
Endereço: 105 rue Amelot, 11e, Metrô Saint-Sébastien Froissart ou Oberkampf Bus : 20, 29 ou 96.

# Teatro e ópera
Os programas a seguir não são de graça, mas quase. A Opéra Bastille oferece 32 lugares a apenas 5€ para todos os espetáculos da casa. Para consegui-las, é preciso se apresentar na bilheteria uma hora e meia antes do espetáculo. Cada pessoa pode comprar 2 entradas. O único problema é que, por este preço, os lugares sentados não são garantidos. Mas, considerando que a entrada de uma ópera pode custar até 300, o desconforto compensa.

Opéra Bastille
Endereço: 120 Rue de Lyon, Paris, França (metrô Bastille).



Uma das farmácias mais baratas de Paris
As atendentes falam muitas línguas e te indicam diferentes produtos. A farmácia se chama City-Pharma e fica muito pertinho do metrô Saint Germain de Prés, na 26 Rue du Four. Abre de segunda a sábado de 08:00 as 20:00.
Mas dizem também que fica muito cheio.
Gosto da Bader, que eu já conhecia e fica no 12 Boulevard Saint Michel. Vi produto lá mais barato que no Monoprix, recomendado pelo Conexão Paris, e já tinha comprado. Fiquei bem chateada. O atendimento é muito bom.

ONDE COMER (Guia de Paris – gaste menos e veja mais, Pauline Frommer’s)

Bistrot lês Victoires (6 rue de la Vrillière, 1° arrond. Metrô Palais Royal-Musée du Louvre)
Entre 10€ e 11€ no almoço, aumentando 0,50€ no jantar. A marca do restaurante é o entrecosto (bife) tenro com fritas e tomilho silvestre queimado.

Lémoni Café (5 rue Hérold, 1° arrond. Metrô Palais Royal-Musée du Louvre)
Culinária cretense, fortemente concentrada em vegetais frescos. Três cardápios diferentes de combinações ao seu dispor que variam de 9€ por uma combinação de 3 saladas ou pratos diferentes a 14€ pelo mesmo, acrescido de bebida e sobremesa.

L’As du Fallafel (34 rue des Rosiers, 4° arrond. Metrô St-Paul)
O falafel  « Especial » sai por 6,50€.

Le Rendez-Vous du Marché (em torno do Marché St-Germain, 9 rue Lobineau, 6° arrond. Metrô Mabillon)
O incrivelmente barato almoço especial (7€) pode ser um bife levemente grelhado com batatas fritas (se não gosta mal passado, melhor pedir à point) ou um boudin (morcela) com purê de batatas caseiro. 250 ml de vin rouge custam apenas 2,50€ e as sobremesas 2€.

Taverne de l’Elysées (atrás do palácio presidencial, 3 rue Duras, 8° arrond. Metrô Champs-Elysées-Clemenceau ou Miromesnil)
Cardápio de 2 pratos por 13€.

E tem esse restaurante chinês na rue Cujas, quase esquina com rue Victor Cousin, com uma comidinha gostosa.


Monoprix – Supermercado (50 Rue de Rennes, M. Saint-Germain-des-Près). Café Monoprix: pequeno café dentro do supermercado. Tem vinhos, linha orgânica, etc. Tem um também na 35-37 rue du Bac, a rua da Medalha Milagrosa, e no Boulevard St-Michel (24 e 35). 

JUST DO IT

Então. Não tem aquelas atrações (turísticas, sim!) que não se pode deixar de ver, como o Louvre, o d'Orsay, a Torre Eiffel, encarar os quase 300 degraus do Arco do Triunfo para se ter aquela visão gloriosa da cidade, Montmartre? Pois a Catedral de Notre-Dame, na Île de la Cité, onde a cidade de Paris nasceu, é uma dessas. Além da igreja, a Cripta Arqueológica – a catedral gótica é o coração gótico da cidade e levou 170 anos para ser edificada. À sua frente fica uma cripta descoberta em 1965, que guarda vestígios do período galo-romano. Imperdível.

Rue des Francs Bourgeois: as fachadas antigas e preservadas dessa rua, com suas molduras, logotipos e cores, retratam a Paris do começo do séc. 20.
Cheio de mansões antigas maravilhosas, ruas estreitas e bares e restaurantes agitados, o Marais é sofisticado, tem um viés artístico e é tido como o bairro preferido da comunidade gay parisiense. Ali é possível visitar excelentes museus, como o Musée d’Art et d’Histoire du Judaïsme, da Maison Européenne de la Fotographie e do museu de história Carnavalet, todos instalados em belíssimos edifícios renascentistas.

Rue des Rosiers (M. St-Paul).
A Place des Vosges (M. St-Paul), uma grande praça com mansões rosadas de tijolo e pedra construídas sobre galerias, é uma obra-prima de elegância aristocrática e o primeiro exemplo de planejamento urbano da história de Paris. Construída por Henrique IV, foi inaugurada em 1612 para o casamento de Luís XIII e Ana da Áustria; a réplica de uma estátua do rei fica escondida por castanheiros no meio dos jardins no centro da praça.

Um dos melhores lugares para ver o que sobrou do muro defensivo de Felipe-Augusto [1214] na Paris atual são os Jardins de Saint-Paul, no Marais. A muralha, que foi escavada em 1945, estende-se por cerca de 120m ao longo do playground de uma escola. Ela ainda parece resistente, grossa e firme e forma uma grande sombra no final da tarde. Esse muro circundava toda a paris e quando foi construído, garantiu que a cidade não sofresse ataques graves por outros 100 anos. O L’As do Fallafel também serve refeição para viagem (mais barato) e fica na rue des Rosiers. 

CATACUMBAS
Percurso de 2 km. Duração da visita: 45 minutos. Aberto de terça a domingo, de 10h00 às 17h00. Última entrada às 16h00. Fechado segunda-feira e feriados. 3€
PS: Visita desaconselhada a quem sofre de insuficiência cardíaca ou respiratória. Temperatura no local a 14°. Não há acessibilidade a quem tem limitações de locomoção.
Endereço: 1 place du Colonel Henri Rol-Tanguy, Paris 14th, Metrô e RER B: Denfert-Rochereau, Ônibus: 38, 68. Site: www.catacombes.paris.fr

CANAL SAINT-MARTIN
Estão dizendo que é a região mais trendy de Paris no momento. Com tempo bom, é o lugar para relaxar e curtir. Ao redor há restaurantes, bares, lojas, hotel, boutique e até uma pizzaria que entrega pizza à beira do canal. Na Rue Oberkampf, perto dali, há inúmeros bares e restaurantes. Para chegar lá: Metrô Oberkampf (linha 5) e Jacques Bonsergent (linhas 5 e 9).

PROBLEMAS DE CONEXÃO?
O pacote de roaming para chamadas de voz da Vivo, digamos, sai por R$99,50, abrange 50 minutos, e o valor de minuto excedente sai por R$1,99. O Vivo no Mundo Dados sai por R$29,90 por dia de uso (Américas e Europa).
A questão é: você pretende usar? Porque é caro. Pode ou não haver wifi no hotel, mas há em alguns locais de Paris, como, por ex., no Hôtel de Ville. Ou vc sempre pode ir às lojas da Apple para se conectar à Internet. Mas se quer ter mobilidade, é interessante adquirir um SIM card. Depois de rodar bastante, achei o que precisava na loja da Orange. Saiu por cerca de 20€, e, embora o vendedor tivesse dito que não conseguiria acessar o Facebook, consegui, sim. Você ganha acesso à Internet e tem seu próprio número de telefone na França.
A CONFERIR: em um post sobre o assunto, alguém comentou que “existe um chip que se chama Lycamobile que custaria 2€ e você pode pôr quanto de crédito quiser. Com 5€ dá pra falar quase 1h em telefone fixo e uns 30 min para celular para o Brasil ou qualquer outro País. É um chip pré-pago e pode ser comprado em qualquer Tabac.”
Uma busca básica aponta que o produto tem site, está presente em 17 países, e tem como objetivo atender a quem precisa fazer ligações por baixo custo. Em Paris, seria possível adquirir o SIM card também em supermercados como Monoprix, Casino e Carrefour. Vale checar.


Você encontra mapa do metrô em qualquer lugar (hotel, office de turisme, etc.), mas se precisar, pode ir ao site http://www.joaoleitao.com/viagens/imagens/mapas/franca/mapa-metro-paris-franca.gif

É isso. Bon voyage.

Paris, gastando pouco?


Este é um post que já parte do meio do caminho, ou seja, presume que o viajante está em Paris, com passagem comprada e hotel reservado. Limita-se, pois, a tentar dar algumas sugestões para quem quer ou precisa economizar, mas, enquanto há muitas oportunidades a oferecer pela cidade-luz para quem está com orçamento apertado, não se pode esquecer que há algumas atrações básicas que todo turista vai querer ver, e precisará pagar por isso. Como qualquer guia e mais todo mundo têm um roteiro básico para Paris, não vou ser repetitiva. Só dizer que essa é uma daquelas cidades que é feita pra se conhecer a pé. Pode-se ir de um lado a outro de metrô ou ônibus (os arrondissements, que seriam os nossos bairros), mas chegando a cada um, o ideal é andar, andar e andar. Só isso já é turismo dos bons nessa cidade que tem uma história que antecede a chegada dos romanos. E andar é grátis

Então. Vou dividir esse post em duas partes. Fiz várias pesquisas e checagens para apresentar informações corretas. Melhor do que isso, só quando e se retornar a Paris para testar o que não conheço e pegar mais dicas. 

O site da prefeitura (Mairie) de Paris é um ótimo guia [http://www.paris.fr/], exatamente porque é voltado para os moradores da capital francesa, e tem versões em inglês e espanhol. É melhor do que o site oficial, que é desenhado para turistas. 


Uma das seções a conferir no site é a “Que faire à Paris?” (“O que fazer em Paris?”). Tem tudo o que acontece na cidade, e permite fazer uma busca por “gratuit” (gratuito). Mesmo as atrações pagas são bem acessíveis. 

Uma página boa para ver os shows que acontecem na capital da França (e em qualquer grande cidade do globo) é a SongKick [http://www.songkick.com/]. Basta selecionar seu destino e data.  

Há exposições permanentes com entrada gratuita na cidade, mas vale lembrar que qualquer exposição que não seja do acervo permanente não está incluída na gratuidade. 

Petit Palais – Musée des Beaux Arts de la ville de Paris: 
Construído para a Exposição Universal de 1900, o museu exibe uma notável coleção de pinturas e esculturas. Inclui um jardim interior perfeito para momentos relaxantes. Endereço: Avenue Winston Churchill. Metrô: Linhas 1 e 13, Champs-Élysées Clémenceau. Site: http://petitpalais.paris.fr/fr

Hôtel de Ville
A prefeitura de Paris, que tem exposições, históricas e artísticas, gratuitas durante todo o ano. Endereço: 5 Rue de Lobau, Paris, França (Metrô Hôtel de Ville). Horários: de terça a domingo, das 10h às 19h (fechado nos feriados). Site: www.paris.fr 

Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris
As coleções do museu incluem mais de 8000 obras que ilustram várias tendências da arte do século XX. Endereço: 11 avenue de Président Wilson. Metrô: Linha 9, parada Alma ou Iéna. Site: http://www.mam.paris.fr/en/information

Maison de Balzac
Foi nesta casa que Balzac escreveu algumas das suas obras-primas. O museu apresenta memórias pessoais pertencentes ao escritor e sua família, inúmeras edições originais, manuscritos, ilustrações, pinturas, gravuras e documentos. Endereço: 47 rue de Raynouard. Metrô: Passy / La Muette. Site: http://www.paris.fr/accueil/culture/dossiers/le-patrimoine-photographique-de-la-ville-de-paris/la-maison-de-balzac/rub_7174_dossier_50065_port_16597_sheet_9117

Maison de Victor Hugo
Victor Hugo viveu 16 anos no segundo andar desta casa e foi nela que escreveu algumas das suas obras. A visita ao apartamento ilustra as três principais fases da sua vida (antes, durante e após o exílio). Endereço: 6 Place de Vosges. Metrô: Bastille, St-Paul ou Chemin-Vert.

Musée Carnavalet – Musée de l’histoire de Paris: 
Instaurado em duas mansões construídas nos séculos XI e XVII, este museu oferece um percurso de mais de 100 salas que mostram a história de Paris desde as suas origens até aos nossos dias. Visita obrigatória para quem quer saber mais sobre a história de Paris. Você verá desde canoas da Idade do Bronze empregadas pelos primitivos parisienses até a reprodução da cela onde Maria Antonieta ficou presa durante a Revolução. Além disso, o belo Hotel Particulier onde está instalado já vale, por si só, a visita. Endereço: 29 Rue de Sévigné, Paris, França (Metrô Saint-Paul ou Chemin vert). Horários: De terça a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h15) Site: http://carnavalet.paris.fr.

Musée Cernuschi
Tem uma notável coleção de arte chinesa antiga (peças de cerâmica, artigos de jade, marfins, bronzes, estatuetas), e também belas pinturas contemporâneas. Endereço: 7 avenue Vélasquez. Metrô: Ligne N° 2, Villiers ou Monceau. Ligne N°3, Villiers. 

Musée Zadkine
Foi a casa do escritor russo Ossip Zadkine e apresenta uma seleção de obras que representa todos os períodos de criação do artista. Endereço: 100bis Rue d'Assas. Metrô Notre-Dame des Champs, Vavin. RER B: Port-Royal.

Musée de La Vie Romantique
A antiga casa do pintor Ary Scheffer mostra um pouco do que foi a vida artística, literária e musical no período romântico. Endereço: 16 Rue Chaptal, Metrô Saint-Georges, Pigalle, Blanche, Liège. 

Musée Jean MoulinMémorial du maréchal Leclerc de Hauteclocque
Esses dois museus explicam a história da resistência francesa e da libertação de Paris, através do destino de dois homens excepcionais: Marechal Leclerc e Jean Moulin. Endereço: 23 Allée de la 2ème Division Blindée, Metrô Montparnasse-Bienvenüe, Gaîté, Pasteur.

Le Palais de Tokyo
Horário: meio-dia a meia-noite, diariamente, exceto terças-feiras. Endereço: 13 avenue du Président Wilson. Metrô Iéna (9), Boissière (6).

La Maison Européenne de la Photographie:
A coleção da MEP é representativa da criação fotográfica internacional dos anos 1950 até hoje. 5/7 Rue de Fourcy - 75004 Paris; M. Ligne 1 | Saint Paul; Ligne 7 | Pont Marie; Ligne 11 | Hotel de Ville (rua transversal à Rue de Rivoli) / Fechado segundas e terças-feiras; quartas-feiras: entrada gratuita de 17h às 20h.

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...