quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Disciplina


O segredo para se conseguir alguma coisa é não se distrair. Infelizmente, eu preciso de alguém que me "puxe" a orelha o tempo todo. Minha atenção se perde num piscar de olhos por qualquer coisa mais interessantes, e como há coisas interessantes. Como está certo Ivan Lessa em sua crônica de hoje: excesso de informações - http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/08/100825_ivanlessa_tp.shtml - e se não estivermos preparados para fazer as conexões entre todas elas, ou acabam por se perder ou não fazem sentido algum, só servem para nos tomar tempo precioso.


Naturalmente, como não sou criança há muito tempo, só cabe a mim mesma o papel disciplinar. Adivinhem se eu sou bem-sucedida. Vou dando conta das pequenas coisas, mas seu impacto é tão pequeno que só fazem diferença para mim. Viver realmente não é preciso, e, no entanto, nos tornamos regulados pelo relógio desde o momento em que entramos para a escola e começamos a ter "deveres", porque passamos a ter compromissos. Criancinhas agendadas e estressadas sempre existiram, o que mudou foram os graus de exigências, dependendo da classe social, gênero, etc.


Ontem eu me deparei (de novo) com a ideia das 10.000 horas (Malcolm Gladwell) necessárias para se dominar algum conhecimento. Faz sentido para mim e já me cansa, pois vou levar uma eternidade para ser razoavelmente boa nesta arte de traduzir, ainda mais me perdendo pelo caminho. Não muito a fazer, pois passei boa parte da vida me dedicando aos muitos deveres, agora vou passar a outra metade (se é que me resta tanto) a me aperfeiçoar com um pouco mais de qualidade de vida. Então me distraí lendo um pouco de 'A mitopoese da psique', de Walter Boechat, um livro sobre mitos de um psicanalista junguiano. Claro, já está me dando vontade de ler outras coisas, seja de Jung, mas é certo que eu vou reler Monteiro Lobato. Cada passo que eu ando me dá vontade de dar um para trás. Escavações arqueológicas. Quero saber a razão de algumas coisas que fiz e faço, e acho que o passado pode ajudar. E sim, Monteiro Lobato, sua trupe e a mitologia grega foram fundamentais na minha vida.


Do ponto de vista prático, dei o primeiro passo para me livrar dos cupins. Qualquer dia eles tomam posse da casa. Já foi uma porta. Falta a cama (ainda bem que meu colchão é macio, se a cama se dissolver antes de conseguir trocar =/) e a moldura do ar-condicionado - que ainda está quebrado, assim, há uns 3 anos). 


Enquanto isso, os livros e revistas continuam sua ocupação da casa. Não consigo parar de comprá-los, e não consigo lê-los em ritmo compatível. O acúmulo é inevitável. 


O que me faz lembrar que tenho inúmeras fotos na câmera para descarregar e escrever sobre isso. Mas tenho mesmo de retornar ao trabalho.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O que a ansiedade tira de nós



Capacidade cognitiva. Aparentemente, ficar nessa gana de esperar, ler e-mails, Twitter, Facebook e etc., tira espaço da memória. Eu já pulei e chamei de ansiedade. Por outro lado, estava em estado catatônico, por conta de um remédio para ansiedade que me despersonalizou. É como eu enxergo. Qual é o caminho do meio? Eu estou sempre querendo - perseguindo mesmo (claro, esse negócio de dizer que procuro o meio-termo, equilíbrio, é uma coisa de tentar ser zen, mas ainda nem cheguei perto) a calma, mas acho que só consegui varrer para debaixo do meu tapete imaginário, que já está da altura do Empire State Building, todas as interrogações.
Estar ansiosa é horrível. Receber uma notícia micro e ter uma reação como se o mundo fosse se acabar é ridículo. Quer dizer, é doloroso, pq geralmente vira uma imensa dor de cabeça. Literalmente. Acho que seria ótimo se existisse uma gotinha que a gente pudesse colocar na língua quando a coisa estivesse para ficar em estado de alerta. Mas sem efeitos colaterais. Não pode te deixar dependente, e, prin-ci-pal-men-te, não pode te fazer dormir mais do que o necessário nem embotar o seu cérebro, ou te tirar a vontade de fazer qq coisa que não seja olhar para o teto.
Radicalizando: melhor ter a dor de cabeça. Bem, não, eu odeio dores, mas já tinha rodado farmácias e Mundo Verde atrás de valeriana (http://www.medicinacomplementar.com.br/biblioteca_doencas_ansiedade.asp), uma raiz que eu conheci em forma de comprimidinho, bem mais prático lá na França. Acabou, lógico, pq eu sou tão ansiosa que não quero dormir. Senão não dá tempo de fazer tudo. E tb pq sou noctívaga. Como o mundo real funciona de dia, nós não combinamos. Eu e Charlie Brown. E adianta reclamar? Continuo tendo de fazer as coisas, acabar minhas traduções, etc. etc. And also: shit keeps happening. What else is new? Não dá pra andar de armadura na vida. Valeriana it is. Aproveitei pra levar tudo que tinha na loja (chama-se O Herborista, o que faz lembrar coisa de antigamente, ou da Idade Média, gosto disso) - tem mulungu, passiflora (http://pt.wikipedia.org/wiki/Passiflora) e outros chás. Algo há de dar certo. O que eu não posso é passar o resto da vida, seja lá quanto dure, um momento, dormindo, ou olhando para o teto. Enquanto meu cérebro estiver funcionando, quero estar agitando.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Procrastinação: why?

Acordo tarde. Ainda não me acertei com o remédio. O sono é invencível. Vamos tentar tomar mais cedo. Agora, mais precisamente. Vou me levantar e parar de escrever - isto se chama procrastinação. Exemplo perfeito do vídeo fantástico a que acabo de assistir. Um momentinho só antes de continuar. I'm back. Aproveitei para lavar dois copos. Outro breve exemplo (se assistir ao vídeo).
Será um post curtinho. Até porque estou no meio da redação de um trabalho. Ahn... mas não ia deixar a seco. Só que tinha uma ideia de hoje de manhã, pois, por coincidência, peguei num livro e vi a citação de que tentava me lembrar ontem e, segundo o autor, é de Sêneca mesmo, só que é a seguinte: "Se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável."
Bem, devia fazer sentido literalmente, naquele tempo em que se precisava ir de um lado a outro comerciar, e hoje, óbvio, a não ser que você seja um mochileiro. Não é o meu caso. Mas eu sou meio incrédula, ou, quiçá supersticiosa com relação a planos para a vida. Gosto de fazer planejamento para viagens, por exemplo - até pq se não fizer, corro o risco de dormir na rua. Já chega a experiência de dormir no aeroporto de Chicago, por causa de uma tempestade em NYC. Mas chegar de mala e cuia (?) sei lá, em Paris, e bater de hotel e hotel perguntando se tem vaga, não rola. 
Na vida fiquei cética depois do acidente e outras coisas. Tudo que eu ia pensando ou sonhando ia ficando esquisito, pra não dizer logo que ia escorrendo ralo abaixo. É o tal do foco? Será que se eu tivesse tido foco as coisas teriam acontecido? Círculo vicioso? Bom, não tem volta, e a ideia é move on.
Mas eu ainda procrastino. Seria por medo de... terminar... e não ter o que fazer depois? E quando acabaram as 1001 noites, o que foi de Sherazade? Diz-se que o Sultão acabou com a maluquice de matar as virgens e viveram felizes. Bom seria se os Ahmadinejads da vida também parassem de matar as mulheres iranianas, os talibans parassem de matar as afegãs, enfim, todos esses loucos parassem de maltratar mulheres, crianças, e semelhantes em geral.

http://vimeo.com/9553205

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Organização

Há séculos atrás eu colecionava revistas de decoração e arquitetura. Talvez por uma série de razões, porque ou eu nunca tenho uma só ou não consigo me decidir ou as coisas não estão claras. Será que isso é normal?
Um: quando estava pensando em escolher carreiras, arquitetura era uma delas. Papi me desencantou. Disse que "era coisa de mulher". E embora eu fosse impertinente, "acreditei". Me achava ruim em matemática, não quis encarar. Como muitas outras coisas - duas palavrinhas: medo e ousadia. Valem posts por si.
Outro: quando nos mudamos, procurava por ideias, e as revistas eram uma boa fonte. Daí para comprar compulsivamente era um passo.
Esses eram motivos, digamos, racionais. Outros, seriam os que levam qualquer pessoa a comprar: ver, se interessar, cismar, querer possuir. Depois é que a gente vê que se fizer isso com tudo acaba se deparando com o problema do acúmulo, do ter por ter, do excesso. Acabei de ler um artigo no NYT sobre isso (http://www.nytimes.com/2010/08/08/business/08consume.html?_r=1), bem a propósito intitulado 'But will you be happy?'. E tenho um livro que deixei no meio (e preciso retomar), chamado 'I want that!' (http://www.amazon.com/Want-That-How-Became-Shoppers/dp/0060959835/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1281581664&sr=1-1), cuja proposta é dar um insight sobre o que há por trás do impulso de comprar. Confesso que comprei para entender isso, mas não sei se vou gostar do conteúdo do livro, porque eu tenho dois jeitos de comprar: pela internet, aquilo que tenho certeza de que quero e não posso adquirir de outra forma (livros importados, por ex.) ou produtos que têm um preço melhor ou me poupam o trabalho de me deslocar à loja física; ou a compra pessoal - fora os itens de supermercado, os itens pessoais (tudo que tem de ser experimentado - roupa, sapato) e compras impulsivas.
Aqui temos um capítulo à parte: livros e revistas. Um dia pode ser que os livros morram e o e-reader o substitua. Por enquanto, se depender de mim, jamais. Sei que nos EUA há bibliotecas que estão se acabando. Triste, deprimente. Que alegria tocar um livro, ler uma página ou outra, ver orelhas, resumo, hesitar, pegar um e outro, às vezes anotar para comprar no mês seguinte, ou comprar no cartão, parcelar, fazer loucuras, deixar guardado para um dia, quem sabe. Já comprei até livro repetido. Já guardei livro tanto tempo que olhei pra cara dele e decidi que não ia ler e dei.
O resultado disso: pilhas de coisas pela casa. Gavetas, armários, caixas, mesa, cadeiras, sofá, chão. Com um agravante: a memória que trai. Porque tudo que não está à vista é esquecido. Como conciliar a necessidade de organização com a necessidade de lembrar do que existe? A primeira ideia que me ocorre é a simplificação. Diminua-se o número de coisas possuídas. Reciclagem, doações, arrumações, não se passa um dia que pelo menos 1 coisinha não recebe um destino nobre. Sou a rainha da sucata (apelido dado por um amigo, ex-colega de trabalho). Separo lixo, levo para os recipientes de coleta, procuro saber onde há campanhas, mas há algumas barreiras intransponíveis.
Uma: meus livros. Outra: meus itens de coleção, que estão nas minhas cristaleiras. E a preguiça que me dá de lidar com as coisas pequenas? Gente, é um cansaço sem fim. Chega uma hora que ou se joga tudo fora ou nada. Não sei se preciso de um organizador profissional ou de um psicólogo.
Diz a minha psi que arrumar a casa é igual a arrumar a cabeça da gente. Também acho. Achava. Sei lá. Estava lendo o artigo da Evelyn Hannon, que eu já conhecia do blog Journeywoman, ótimo para dicas de viagem para mulheres que viajam sozinhas, chamado Aging Disgracefully, no site da filha dela (http://www.yummymummyclub.ca/aging_disgracefully), em que ela fala duas coisas importantíssimas e que tem tudo a ver comigo e com este meu novo blog: desorganização e envelhecimento. Poizé. É tudo a maior confusão. Mas eu chego lá. Onde não sei. Porque não leio aquela frase que tinha na plaquinha da sala de um dos meus ex-chefes que dizia algo como "se vc não sabe para onde vai, qq caminho serve"; e eu jurava que estava escrito isso, e como autor Sêneca. Depois eu fiquei achando que era "se você não sabe para onde quer ir, ñ importa o caminho". Que, segundo o Google, é de Alice no País das Maravilhas. 
Ora, para mim são duas coisas diferentes, mas eu nem vou especular. Só digo que na cabeça dele e do povo lá do trabalho, a visão era foco. Talvez seja isso mesmo. Sempre achei que meu problema fosse esse. Sou totalmente desfocada. Começo pensando numa coisa e daqui a pouco já estou lá no país das maravilhas. Minha mãe dizia que eu nunca terminava nada. Não era bem verdade. Se ñ fosse assim, eu ñ teria estudado tudo tão direitinho. E por isso fiz a primeira faculdade até o finalzinho, só de pirraça, mesmo tendo querido trocar. Hoje até acho legal ter feito, mas devia ter trocado na época, deveria ter experimentado, deveria... deveria...
Eu acho que estou mais para Alice mesmo, e meu carma era ir para a empresa onde trabalhei esse tempo todo. Aprender a ter foco. Aprendi? Don't think so. Mas concordo com a Evelyn, e trazendo para a realidade minha, minha casa nunca vai ser modelo de revista de arquitetura, embora eu confesse que tenho uma certa tristeza e angústia de vê-la desse jeito, porque ainda acho que isso reflete uma imensa desorganização interna minha. Tb ñ me incomodo de colocar à vista meus objetos personalíssimos e lembranças, e dane-se o resto. Só queria um caminho do meio, um equilíbrio.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Mais um dia

Sonhos bizarros me aparecem. Seria bom se eu fosse, digamos, Jung, por exemplo, que foi capaz de produzir o magnífico livro Memórias, Sonhos e Reflexões e dar fios para tecermos nossas tramas, ou, quem sabe, nos enredarmos nelas?

Pessoas que há muito não vejo pipocam no meio desses sonhos. Razão mais do que suficiente para justificar a aquisição de um livro de Joseph Campbell (um da série As Máscaras de Deus - podia escolher entre o vol. 3 ou o 4, gostei deste último, leia-se: descrição da contracapa - detesto essa mania de livro lacrado, e, de qq forma, ñ tinha tempo para desmantelar a embalagem, já sei do que se trata, não vou comprar a coleção inteira nem vou lê-la de uma vez, então, vamos ler a contagotas mesmo; "alguéns" compram sapatos por impulso, eu compro livros, vou empilhando pela casa, é só mais uma baguncinha) e de um Dicionário de Símbolos. Como se já não estivesse cansada de me dividir entre dois trabalhos para a faculdade, o sono invencível e a vontade de ler o máximo de livros trash que encontro pela frente + os livros realmente bons. Caminho do meio deve ser isso. Chamem o Buda para me explicar. Será essa a razão para a dor de cabeça junto com a dor nas costas que me apareceu de repente? Engoli um analgésico, depois de passar a tarde lendo Marian Keyes (estou com esse livro que encomendei na Estante Virtual há séculos (http://www.estantevirtual.com.br/), o que significa que assim que acabar posso abrir espaço para mais um livro na minha estante não virtual, iei!), e vim aqui tentar começar o trabalho da faculdade, mas o sono não deixou. Vou tentar dormir mais cedo, acordar mais cedo e ser mais disciplinada.

Ser discipinada para quem tem neurose de envelhecer e perder a memória (http://www.thedailybeast.com/cheat-sheet/item/new-test-can-predict-alzheimers/medicine/) não é muito fácil: é como se a gente virasse budista, ou seja, parece que qq minuto é o último, então é preciso aproveitar este momentozinho que se tem. E a melhor de fazer isso é:
(   ) lavando louça
(   ) estudando
( X ) lendo um livro que me dá prazer

I rest my case.

Buh-bye.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O dia de hoje

MAR PORTUGUEZ


Ó MAR SALGADO, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!


Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Fernando Pessoa, de quem mais poderia ser? Pena que muitas vezes só se percebe que valeu tarde demais, quando a dor já não permite mais que se enxergue o céu no espelho do mar. Talvez se secarmos as lágrimas...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O poder da ansiedade


Christine Garvin, a autora do artigo (primeiro link) fala da ansiedade e vai tecendo suas considerações. Aquela agonia que me faz lembrar quando acho que quero comer alguma coisa que não sei o que é. Aplica-se a quase qualquer coisa - se não tiver um objetivo pré-determinado, fico como barata tonta. O que não tem explicação, já que há várias coisas a fazer, úteis ou interessantes: arrumar a casa, ler um livro, assistir a um filme, andar na praia, escrever, plantar bananeiras...
Em vez disso, sinto o cérebro girando feito uma roda de hamster, sem propósito aparente. Começo a fazer uma coisa, completo ou não; paro; começo a fazer outra; paro; e assim por diante. Às vezes faço muitas coisas, outras vezes não. Ao final do dia, a sensação de inutilidade. É a falta de evidência perante uma sociedade que exige provas de que somos úteis, talvez. Quando se tem uma tarefa definida, um papel estipulado, parece (!) que as coisas se encaixam, ganhamos um rótulo, e todos se sentem confortáveis. Inclusive nós? Não. A ansiedade é bicho insidioso. Deve haver alguma estatística, já que os ansiolíticos estão na moda. Depois eu vejo se tem alguma coisa no Google.
Leio então no artigo, que é de um blog dos muitos que sigo sobre viagens no Twitter, que a autora está acometida desse mal. Mal? Se é mal ou não, sei lá. Incomoda. Tanto que fui reclamar com o médico. E o remedinho que ele prescreveu continua me dando sono. Desacelerou demais. Vou acompanhando. A autora cita outras pessoas, e um filósofo, Kierkegaard - e este diz que a ansiedade é positiva, porque está nos dizendo que há uma verdade maior por trás dela. Será? Bom. Aí ela cita uma outra pessoa, em outro blog, que tem cara de auto-ajuda - http://whitehottruth.com/, Danielle Laporte, que tem 3 passos para lidar com a ansiedade, e diz que vai trabalhar com isso no fim-de-semana para ver se encontra as respostas:

1- Encare a realidade. "Estou ansiosa."
2- Pergunte-se. "Então, porque estou ansiosa?"
3- Assuma a responsabilidade.

E vai acrescentar mais 2 passos à lista:
4- Para onde vou em seguida?
5- O que devo fazer para que isso se realize?

Ontem estava pesquisando o tema 'terapia cognitiva' para o meu trabalho de tradução, porque vi um livro de uma autora chamada Judith S. Beck, mas não quis comprar, porque custava R$ 75,00, e era muito específico, não seria algo que eu poderia guardar para consultas futuras - daí que seria esbanjamento puro e simples. Aprendi pouco, porque o filão em que a psicóloga resolveu investir foi o do emagrecimento. Ela tem suas credenciais (quem sou eu para questionar), e usou a teoria para ajudar (?) as pessoas a emagrecer. Não cheguei a descobrir se funciona. Num dos primeiros resultados da pesquisa no Google, há um vídeo interessante, disponível no YouTube, onde ela conversa com uma aparente paciente, que parece ter um problema de depressão. Em resumo, para lidar com o problema, em vez de tentar resolvê-lo em bloco, ela sugere que ele seja dividido em etapas. Razoável. Déa falava isso. Não me lembro se ela disse onde aprendeu isso - provavelmente na Faculdade de Administração, mas qual a origem, não sei. 
Fez sentido. Americanos são práticos, não? Se resolvem ou não, não sei. Jogam Freud no lixo, tudo é fast food (vejam a quantas anda a obesidade por lá), mas quanto pragmatismo! 
A questão toda é a manutenção: dá para manter? Ou amanhã já se esqueceu tudo e se repetem os velhos padrões? E se largarmos a pilulinha?

Eu ando com uma vontade doida de viajar. E sei que isto por si só não resolve. Concordo plenamente com a autora do artigo ao qual remete o link que está sendo comentado. Viajar não é ficar pulando de galho em galho, é mergulhar na cultura da cidade, é se deixar invadir pela alma local, por menos tempo que seja possível lá permanecer. Uma das formas de fazer isso, quando há pouco dinheiro é estudar o local, antes e/ou depois. Tem gente que viaja sem sair do lugar, como meu professor de Desenvolvimento Urbano. E tem gente que vai a 30 cidades em 30 dias. Será que esta última conseguiu conhecer muita coisa? Pode ser, mas não creio. Vou de Gilberto Gil: ando com fé, "que a fé não costuma faiá". Se o meu coração não estiver no meu destino não rola. Deixa eu ficar ansiosa onde estou, até o vento me levar.

Face of hunger

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Day by day

Às vezes eu acordo com uma música na cabeça. Às vezes aparece do nada. Infelizmente, existem aquelas músicas-chiclete - não tem problema se é alguma que se gosta, ruim é quando entra no ar como um daqueles perfumes de gente sem-noção (odeio perfume, me dá enxaqueca), propaganda, o pagode que rola na comunidade vizinha ou Kenny G (como não tenho tendência ao suicídio, o jeito é botar algodão metafórico nos ouvidos).

Há dois dias estou sem som, ando que é um estupor só. Não aquele da Emília de Monteiro Lobato ('indivíduo muito feio, de muito mau aspecto ou profundamente desagradável'), mas o outro, 'qualquer paralisia' - tudo por causa de um novo remedinho que provoca um sono incrível. Resolve a dor de cabeça e a insônia, mas tem esse "pequeno" efeito colateral: estou, assim, me sentindo um zumbi. Talvez seja só uma coisa diferente, em vez de tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo (tentar, eu escrevi, porque não não existe isso de fazer, de verdade), o tempo que eu consegui me manter acordada, fiquei lendo. Não deu aquela vontade desesperada de revirar o Twitter ou o Facebook e disparar tweets e posts como uma metralhadora giratória. Coisa insana.

Claro que é preciso ser um pouco insano pra acompanhar o ritmo de um mundo insano - estava lendo isso onde? - sobre algo que a rainha diz para Alice, de que é preciso correr duas vezes mais para se sair do lugar. Fazer o quê? Andar devagar ou correr? Tenho exatamente um livro que se chama 'Devagar', que discorre sobre o tema:

Em 350 páginas, Honoré introduz o leitor ao universo dos "desaceleradores do tempo" --organizações que decidiram combater a mania moderna de velocidade.

São grupos como o italiano Slow Food, que defende a alimentação sem pressa; o Città Slow, ou cidades do bem viver, onde diminuir o ritmo é lei; o japonês Clube da Preguiça; a norte-americana Fundação Longo Agora; e mesmo o SuperSlow, filosofia esportiva que recomenda musculação em câmera lenta.

O movimento conta até com uma conferência anual, a da Sociedade para a Desaceleração do Tempo, que usa a palavra "eigenzeit" --do alemão "tempo próprio"-- para resumir suas convicções. O evento acontece em Wagrain, cidade nos Alpes austríacos.


No entanto, para quem não está acostumada, a desaceleração parece mesmo o tal estupor. Porque parece que nesse processo, o espertinho do cérebro só engata para as coisas agradáveis - tudo que se parece com 'dever' vai para o saco. E aí, para resgatar isso, é como pescar uma baleia com vara de pescar (imagino, porque não sei pescar - já fui "pescada", sem querer - alguém, não me lembro mais quem, lançou a linha e aquele gancho se prendeu nas minhas costas; foi uma coisa! mas eu era pequena, não lembro bem...).

Quero muito que a dor de cabeça e a insônia se curem, mas não quero ser um zumbi, porque eu quero fazer muita coisa com o tempo que me resta, que nem é tanto assim (ou talvez seja muito, já que tempo é relativo). Num dos muitos sites que visito regularmente, por causa dos perfis que sigo no Twitter, há o texto a seguir, citado pela blogueira Nati27, que aponta o escritor Andrzej Pilipiuk como seu favorito. Há uma foto dela e o texto. Presumo que o texto seja dele. Confesso que não pensei em ir ao Uzbequistão, Moscou, Honduras, talvez à Noruega, mas é certo que Barcelona é magnífica, e eu poderia substituir qualquer uma das cidades por outras, que as palavras manteriam o sentido. É isto que eu quero fazer
To see the buildings of Gaudi in Barcelona, smell roses in Uzbekistan, touch the coast of Norway, drink some vodka in Moscow, see stars in Honduras….that’s what I want to do
Before I die, I’d like to live my life the best I can. And when I will be dying, I would look in my past and I will think ” yes, I had great time.


A música que apareceu na minha cabeça quando eu pensava neste post foi Day by Day. Foi uma verdadeira viagem no tempo, porque é de um filme de 1970, baseado em um dos evangelhos (Novo Testamento). Pode ser mais bizarro? Vejo no Google que a letra foi escrita por uma pessoa chamada Fredric Nietzsche. Really? Continua numa próxima. Eventually.

Day by day
Day by day
Oh Dear Lord
Three things I pray
To see thee more clearly
Love thee more dearly
Follow thee more nearly
Day by day

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...