terça-feira, 25 de outubro de 2016

Das muitas maneiras de se começar ou fazer uma viagem

Triskele ou triskelion

Um dia, por alguma razão, possivelmente por interesse em símbolos, mitologias, história e religiões, descobre-se que existiu um povo que se chamou de celta. Não é bizarro supor que Enya tenha muito a ver com isso. Claro que Enya veio de uma banda irlandesa chamada Clannad, que chegou a gravar uma de suas músicas com Bono, o vocalista da banda U2, também irlandesa. E que teve outras músicas em filmes de bastante visibilidade, como 'O último dos moicanos', com Daniel-Day Lewis, e 'Coração Valente', com Mel Gibson. Acho que estou começando a ver um padrão aqui. Tudo converge para a Irlanda...
Ir da música melodiosa aos símbolos elaborados com nós complexos e fascinantes não é muito difícil. Um desses símbolos é o triskele, ou tripla espiral, talvez mais conhecido por sua aparente simplicidade, afinal, não tem cem nozinhos emaranhados. Ótimo como modelo de tatuagens. Mas os estudiosos não têm uma única explicação para seu significado.
Pode indicar movimentos, uma vez que suas três pontas se posicionam como se estivessem se movendo, e isso representa energias, em particular ação, ciclos, progresso, revolução e competição.
O exato significado dessas três pontas pode diferir, dependendo da era, cultura, mitologia e história. 
Algumas conotações incluem: vida-morte-renascimento, espírito-mente-corpo, mãe-pai-criança, passado-presente-futuro, poder-intelecto-amor e criação-preservação-destruição, só para citar algumas.
Acredita-se que através da combinação dessas áreas obtém-se um significado, que representaria o eterno movimento para se alcançar o entendimento. Vale dizer que outra interpretação seria a dos três mundos celtas, o espiritual, o presente e o celestial.
É aí que começamos a ter outro sonho: conhecer o país que deu origem a essas histórias. Começam os planejamentos, as pesquisas, a reserva de dinheiro... E, claro, em se tratando de dinheiro, nós que nos deixamos fascinar pelos símbolos, descobrimos a deusa da abundância, conhecida como Annan, Anu, Ana ou Danu, uma deusa mãe, e também deusa da prosperidade, morte e gado. 

Influente na Bretanha, Irlanda e Europa na era celta, mais associada com a espiritualidade da natureza, e também com o vento, a sabedoria, a fertilidade e a regeneração na natureza. 
Não consigo imaginar melhores auspícios para uma viagem. Especialmente para um país tão envolto em fantasias, misticismo, sonhos e expectativas.


Annan

A viagem continuaria, e terminaria em outro tom, mais contemporâneo, mas ainda mantendo o tema, ou seja, mitos e fantasias. Lembrei-me de um livro de Monteiro Lobato que li há muitos, muitos anos, ainda criança, provavelmente 'Os doze trabalhos de Hércules', que circula pela mitologia grega sob a ótica de seus personagens contemporâneos (século 20). Talvez estivessem discutindo os deuses gregos, e talvez estivessem se perguntando porque eles não eram mais cultuados. A resposta ficou meio no ar, até porque em se tratando de mito dentro de ficção, não há limites traçados. Ou é como me lembro.

Mas o historiador grego Plutarco declarou que Pan foi o único deus grego (fora Asclépio) que realmente morre. Durante o reino de Tibério (14-37), a notícia sobre a morte de Pan chegou a um marinheiro de nome Thamus, que seguia para a Itália. Uma voz divina saudou-o através da água, e o orientou a contar sobre a morte do deus. Especulou-se que esse seria um indício da chegada do cristianismo. Seja lá o que for, não me convence.

É como naquele filme adorável, 'A história sem fim'. Nele, um menino lê um livro mágico que conta a história de um jovem guerreiro, cuja tarefa é impedir uma tempestade negra chamada o Nada de engolir um mundo de fantasia. A conclusão é óbvia: no momento em que se deixa de acreditar nele, o objeto (ou o sentimento) deixa de existir. 

Os símbolos, os deuses, Harry Potter e todas as histórias e personagens que fizeram parte de nossa vida continuam vivos.













Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...