terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Escolhas


Coisas engraçadas, são elas. Seríamos determinados por elas ou o contrário? Maktoub ou free will? Ouvi uma história de minha tia. Parece que meu padrinho queria era ser padrinho do meu irmão, que é mais velho do que eu. Não o culpo - meu irmão é realmente uma pessoa especial. Por outro lado, o padrinho do meu irmão é o maior barato (qual seria o equivalente para essa expressão antiga?) - talvez pq ele lembre meu pai, com um pouco de um outro tio, mais um pouco da minha avó e uma pitada de mim mesma: tem humor, inteligência, é um tanto ou quanto desligado de tradições, gosta de música (boa, claro), parece gostar de mim (!), tem uma conversa articuladíssima - a voz é que é interessante, é o que mais faz lembrar meu pai e minha avó (por "coincidência" tenho aqui na minha cristaleira, que foi da minha bisavó, avó dele e de meu pai, uma foto dele com meu pai e minha avó - que era minha madrinha, by the way). Essa família de meu pai é muito fofa.

Fiz essa introdução toda pq cada segundo da vida é feito de escolhas. Primeiro elas são feitas por nós, depois temos de tomar as rédeas. Embora nossa influência seja relativa. Por ex., a gente entra num avião - e reza pra que ele chegue ao seu destino. E por aí vai. É como se a vida fosse feita de milimétricos recortes em sequência, colagens que fazem total sentido quando se vê o conjunto.

Nem por isso eu consigo relaxar. Não tem zen comigo. É executiva full time, quase que me divirto (?) mais planejando do que executando. Talvez pq saiba, por experiência, que as coisas não saem exatamente do jeito que se pensa. E há que se lutar contra a frustração. Especialmente quando ñ se pode colocar a culpa em ninguém... =D

Tb se pode fazer um outro tipo de escolha: ousar, tentar vencer obstáculos, vencer os próprios medos, principalmente aqueles que se sabe foram colocados por outras pessoas, aquelas que deveriam ter feito exatamente o contrário, deveriam tê-la ensinado que sim, o mundo tem seus perigos, vc pode até morrer, lógico, pq este é o destino final de todos, mas antes é preciso viver, seja lá por quanto tempo for.



segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Coragem


Coragem, pra mim, é sair sem planejamento, sem falar (disfônica = quase muda, quer dizer, desde janeiro), o que é já tornava a vida difícil na própria língua, e já me estressava antecipadamente quando pensava como seria quando chegasse nos lugares onde tivesse de abrir a boca (hotel, trem, etc.).

As escolhas já começam daqui quando não se está fazendo uma viagem padrão, quer dizer, com agência. Economizar dá trabalho. Pra começar, a gente tem de encurtar a viagem - 1 dia a mais pode onerar a viagem absurdamente. Opções, opções. Cheguei ao ponto absurdo de praticamente não ver nada de Munique - pois meu objetivo era conhecer os castelos do Rei Ludwig (que me recuso a chamar de "louco" - até prova em contrário, ele era apenas excêntrico - e se colocar ao lado dos políticos brasileiros, certamente sou mais ele... e vá comparar com alguns outros pela história, especialmente os carniceiros...). Andei pelo centro e basicamente só.

Posso dizer também que tive de fazer uma escolha: ir aos castelos ou a Dachau. Até conversei com minha filha sobre isso, mas não era muito difícil: entre a fantasia e a morte (com todo o respeito), preferi a fantasia. Naturalmente, poderia tecer mil considerações a respeito, mas não vou fazê-lo. Por ora, vou apenas limitar-me a dizer que uma certa tristeza permeia os castelos. Talvez por causa da esterilidade da vida do rei, que viveu sempre sozinho, e sequer viu completada a construção de Neuschwanstein, e ainda morreu de forma misteriosa. Talvez pelas tramas políticas que o cercavam, ou mesmo por uma sensação de que a Alemanha é um país grandiloquente e trágico. O que será?

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Revendo a viagem

Coisas difíceis: planejar viagem com pouca antecedência; ficar pouco tempo em uma cidade (essa enganação de 30 cidades em 30 dias, ou incluir as noite que se passam no avião na ida e volta como parte da viagem); e fazer blog retrospectivo. Mas este último é muito mais para mim, um exercício de escrevinhadora, de memória, inclusive emocional, de relembrança de prazeres vividos e quiçá sonhados, com um viés prático/ecológico: em vez de eu guardar todo tipo de penduricalho que me evoque alguma experiência marcante, eu escrevo, escaneio e reciclo. Voilà.
Primeira novidade: tomar a decisão foi a coisa mais difícil. Vou, não vou, não ia, pensei no clichê 'melhor me arrepender do que fizer do que não fizer'. Lembrava das aulas do prof. Eduardo, de Desenvolvimento Urbano, da gentrificação de Berlim, pós-reunificação, Alexanderplatz e etc. E foi isso. De como cheguei às reservas já falei, dos sites indispensáveis, TripAdvisor, TripWolf, Journeywoman, Lonely Planet.
Bizarro mesmo foi comprar os pequenos Guias Visuais da Folha de S. Paulo, Guias de Conversação para Viagens em Alemão e Tcheco (ia passar em Praga). Pura pretensão. Em alemão consegui fixar o nome de alguns lugares, mais Ausgang, Eingang (Saída, Entrada), de tanto que passava pelas estações de trem e metrô, Hauptbannhof (a estação de trem), Danke (ñ sei se tem 2 n), que é obrigada (e tem uma extensão que eu ñ sei escrever, que, segundo o motorista de táxi, seria um obrigada mais expressivo).
O raio da língua não separa as palavras. Escreve tudo junto, só para complicar a vida da gente, deixando as ditas cujas quilométricas, e, por conseguinte, muito mais difíceis de aprender/memorizar. Inda mais não sendo latina na origem. Ou tendo semelhança com a língua inglesa. É partir do zero. Bom exercício para o cérebro, péssimo para a auto-estima. Solução: apelar para o inglês, que lá é normal, talvez graças à ocupação pós-guerra. Mas em placas, museus, nada. Em Berlim, alvo principal da viagem, no Neues, os objetos expostos permaneceram tão misteriosos como se tivessem sido retirados naquele momento do sítio arqueológico onde foram encontrados.
O vôo foi bizarro, com a quase pancadaria entre a moça brasileira e o moço alemão, que, segundo me informou a vizinha de assento enquanto eu dormia, tiveram de ser separados. Graças a Deus, pois assim todos se calaram - as outras moças e os moços. Beberam sem conta.
Pouco vi de Munique - vale a máxima acima: é estupidez passar pouco tempo em uma cidade. Do que vi, tenho certeza de que quando o homem não é idiota de desperdiçar sua arte e ofício, pode fazer as coisas mais belas. Numa igreja em uma rua transversal à Marienplatz (ainda estou para descobrir o nome - tenho de achar meu guia), fiz o meu tradicional agradecimento ao Supremo que me trouxe de uma posição humilde e me deu a chance de, com trabalho e estudo, viajar e conhecer coisas belas. Lembrei de minha mãe, que era neta de alemães, e faleceu ano passado, e pensei que se ela fosse viva, adoraria saber que eu estava no país que ela considerava de seus "patrícios". Emocionei-me, e acredito de todo coração que naquele momento catártico minha voz se soltou, depois de 10 meses com um diagnóstico de disfonia funcional. Conto no próximo post.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

É HEXA!

Não assisto mais a jogo de futebol... cheguei ao ponto de não conseguir sequer ler um livro sem ir ao final primeiro (ficção, lógico), para mitigar a ansiedade. Imagine passar pelo trauma de uma final de campeonato. Nem pensar. E uma final com pênaltis? Por essa razão é que papai não ficava na sala quando tinha jogo do Flamengo ou da Seleção.
Bom, jogo da Seleção ñ me interessa mesmo, pq ñ tem coesão, só tem gente feia, tem o Kaká e aquela religião de indiciados pela justiça dele. Um bando de mercadores.
Eu sou Flamengo. E o que é ser Flamengo? Bem, acho que é uma questão de tradição. Não é uma religião, não é uma filosofia, não vou matar nem morrer por causa disso. E lamentável são os episódios de violência que as pessoas conduzem em nome da paixão pelo esporte. É a mesma coisa que fazem supostamente em nome da religião. Tudo pretexto, é o que penso. Nossa ética tem de estar acima de tudo isso.
Enfim, fica da minha tradição, das minhas raízes, o meu time, o Flamengo. Meu pai nasceu na Gávea, jogava por lá mesmo. Todo mundo na família era Flamengo, até minha bisavó síria. Tem uns renegados tricolores, fazer o que?
E "nosso" primeiro campeonato foi o que eu acompanhei de cabo a rabo no Maracanã - com O time. Zico estava lá, Júnior. Nem adianta puxar pela memória, quem quiser saber que vá ao Google. O que vem depois não me interessa. Vou curtir o momento. Preto e vermelho dão uma bela combinação, faz lembrar a dança flamenca, paixão, Carmen, Antonio Gades...
Somos hexacampeões. Parabéns para nós. Agora vamos aos assuntos mais sérios, como a Conferência do Clima, em Copenhagen.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Just a bit of travelling before sleeping


So here's the deal: no way you can cross the ocean without some planning. No exaggerations (that depending on your control freakness or obsession/anxiety) or too much zen attitude. You go either way and you could (see - I'm leaving space for a lot of adventure here... for those who like it or are in a whole different kind of situation I am, meaning: in a budget).
All said and done, if you decide to travel, be like 007 (with Q) and follow wise people (but never abandoning your own good sense and dreams), and their advices - I mean, be "armed".
Good sources:
Journeywoman (http://www.journeywoman.com/traveltales/solotravel.html)
Lonely Planet (http://www.lonelyplanet.com/)
Tripadvisor (http://www.tripadvisor.com/)
Tripwolf (http://www.tripwolf.com/)
Twitter (@traveldudes, @praha, @TravMonkey, @travellog, @frugaltraveler)
Rough Guide
National Geographic (guide)

Time Out

Not to forget: Prague is a beautiful city, mas the train station - not so cool. Taxi drivers who awaits you there are complete thieves. Hopefully, when the country adopts euro, things will get better. Some people there can be very rude, also. I found some in the castle. But I found an "angel", also, when I got lost in a place called Bilá Hora (I think). So, I guess the universe can find balance - if only we make an effort. Bon voyage!

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...