terça-feira, 1 de março de 2016

Imigrante, esse indesejado

 Museu da Cidade de Nova York - New York activism today

No museu da cidade de Nova York há no momento uma exposição que tem como tema o ativismo social na cidade, desde o séc. 17 até o presente (http://www.mcny.org/exhibition/activist-new-york).

A premissa é mostrar aspectos do ativismo numa cidade que se diz famosa por sua “personalidade” franca, direta, em segmentos como a preservação histórica, direitos civis, salários, orientação sexual e liberdade religiosa.



Chama a atenção um cartaz cujo título é “cuidado com a influência estrangeira”, relacionado à imigração entre 1820 e 1860, período em que 3,7 milhões de imigrantes aportaram na cidade. Mais da metade eram irlandeses que fugiam da fome que assolou seu país entre 1845 e 1851. Um cidadão chegou a criar um partido anti-imigração. Aqueles que eram contra a imigração se reuniam em clubes e partidos buscando negar o acesso dos imigrantes a empregos, à cidadania e ao direito de voto. Havia uma rejeição singular aos irlandeses e alemães católicos, pela “ligação” com o Papa e o Vaticano. 

A política anti-imigração não se limitou a esse período, já que em 1920 foram criadas leis de imigração estabelecendo um sistema de cotas para os recém-chegados, baseado no país de origem, que perdurou até 1965.


Cinquenta anos depois, a questão da imigração volta às manchetes, e tanto a Europa, como Estados Unidos e Canadá estão diante de um debate que não parece diferente: por toda a parte se fala em limites e muros e leis restritivas ao tsunami de pessoas que fogem de situações dramáticas em seus países de origem. Guerra, perseguição política, fome, crise econômica… Elas fazem de tudo para ter uma chance de “salvação”. Para boa parte delas, trata-se de questão de vida ou morte. São mais do que imigrantes, são refugiados.


De acordo com a agência para refugiados das Nações Unidas, um refugiado é alguém forçado a fugir de seu país por motivo de perseguição, guerra ou violência. Ela ou ele tem medo justificado da perseguição por motivo de raça, religião, nacionalidade, opinião política e participação em um grupo social específico.


Até parece que o problema é recente. De acordo com a agência, a prática da concessão de asilo a pessoas que fogem de perseguições é um dos aspectos mais antigos da civilização. Há referências dessa prática em textos escritos há 3.500 anos, durante o florescimento dos primeiros grandes impérios do Oriente Médio, como o dos hititas, babilônios, assírios e o do antigo Egito (


Mas parece que nada disso é levado em consideração. Por toda a parte crescem as ideias de leis mais rígidas (Europa e EUA), muros (candidato à presidência dos EUA), penas mais graves até para imigrantes estabelecidos legalmente no país (França)...


Medo, racismo ou razões econômicas?


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