quinta-feira, 6 de março de 2014
Livros, amigos, lembranças, I've loved them all
Confesso que tenho uma tendência escapista. Metade de mim está enraizada e a outra metade está voando ou tentando voar. A parte que gosta de voar é resquício da criança que eu fui, e se encontra hoje, como sempre fez, nos livros, e nas ocasionais viagens. A parte enraizada é a que foi aprisionada pelas obrigações, pelas necessidades, pela realidade. Às vezes essas metades não se entendem muito bem. Nos dias de hoje, em que me sinto mais próxima do fim da vida, cronologicamente falando, a vontade de voar é enorme, mas a realidade se impõe. Só que essa realidade incomoda cada vez mais. Se, por um lado, compreendo melhor nossas insuficiências como seres humanos, tenho tolerância zero para desrespeito a direitos humanos básicos. Reclamo, discuto, mas meu alcance é nenhum, então, na impossibilidade de mudar o rumo do estouro da boiada, racionalizo e saio da frente. É verdade, não tenho disposição pra concorrer a cargo político, sair em passeata, correr da polícia. Ou, como a personagem central desse livro, correr de um lado para o outro, inclusive países em conflito, até sendo ferida, para ver seus ideais realizados.
Dentre as suas muitas realizações (melhor ler o livro), Mary Ann Schuwalbe lutou até o fim de sua vida para fazer construir uma biblioteca no Afeganistão. Não preciso dizer as dificuldades que ela deve ter enfrentado, além das relatadas no livro. Nós podemos escolher entre um e-book e um livro tradicional. Muitas regiões do planeta não possuem sequer escolas, quanto mais bibliotecas. E também nem preciso dizer que as meninas são quem menos acesso têm à educação. Mas o foco aqui é Mary Ann, que viveu para ajudar, e não se dava o direito de reclamar de nada, mesmo quando foi diagnosticada com um câncer incurável.
Will Schuwalbe, filho de Mary Ann, saiu-se com a ideia de criar esse "clube do livro", que foi a forma encontrada para se aproximar da mãe enquanto iam às sessões de quimioterapia, consultas, etc.
Percorre-se o livro com emoção e curiosidade enquanto mãe e filho discutem livros e refletem sobre a vida a partir de suas conclusões. Sabe-se que a doença é letal, mas, como na vida real, tentamos negar esse fato até o último momento, esperando que seja um engano, que não, a qualquer momento os médicos vão nos dizer que o diagnóstico estava errado, ou que descobriram uma cura, e voilà, respiramos aliviados, celebramos, e esperamos o curso normal (normal?) da vida, até quando os deuses decidam dar-lhe um fim.
E assim, à medida que a doença vai progredindo, também parece que a relação entre mãe e filho se aprofunda, ou se consolida. Não há faz-de-conta, não se trata de livro de auto-ajuda. Penso que eles tinham a fundação de um bom relacionamento desde a infância, e o autor-filho quis, com esse livro, mostrar como ele pôde aproveitar os últimos anos da mãe, e o fez estando presente, como ele mesmo reconheceu ao final. Não sei se ele percebeu isso: o conceito budista de meditação (que eu não domino, por sinal, porque minha mente vagueia mais do que nuvem) é o de estar presente, consciente, prestando atenção ao que ocorre. Chega um certo momento em que ele menciona isso, já ao final do livro, mas, a meu ver, ler os livros com a mãe, estar com ela durante as sessões de quimioterapia, que se prolongavam por muitas horas, demonstra a presença. É claro que ele também queria armazenar tantas lembranças da mãe quanto pudesse na memória, mas a emoção, na maior parte das vezes é momentânea, irreproduzível. Creio que o livro tem esse objetivo. Homenageia e evoca a memória da mãe, e, quem sabe, ocasionalmente, para o autor e para aqueles que conheceram Mary Ann, traz à tona uma emoção.
Não é assim que funcionam os livros?
Há uma discussão entre Will e Mary Ann, já que ela prefere os livros tradicionais e ele os e-books. Essa é uma discussão sempre corrente. Eu amo livros e tenho os dois tipos. Não tenho a menor intenção de me desfazer de todos os meus livros tradicionais, nem de deixar de comprá-los. Deixo a meus filhos essa tarefa. Espero que no fim da minha vida, eles possam relatar a mesma coisa que Will em seu belo testemunho (só registrando que o nível de leitura deles está muito acima do meu):
"Quando terminei, olhei à minha volta para o quarto dos meus pais - e para mamãe, descansando relativamente em paz, porém, com aquela respiração áspera que significa que não resta muito mais tempo. Ela estava cercada de livros - uma parede de estantes, livros no criado-mudo, um livro ao seu lado. Ali estavam Stegner e Highsmith, mann e Larsson, Banks e Barbery, Strout e Némirovsky, o Livro da Oração Comum e a Bíblia. As lombadas eram de todas as cores, e havia livros de bolso e de capa dura, livros que haviam perdido suas sobrecapas e outros que nunca tiveram uma.
Eles eram os companheiros e professores da minha mãe. Tinham lhe mostrado o caminho. E ela podia olhar para eles enquanto se preparava para a vida eterna que sabia que esperava por ela. Que conforto alguém podia ter olhando para o meu leitor digital sem vida?"
segunda-feira, 3 de março de 2014
Paris gastando pouco? (Parte II)
PASSEIOS E VISTA DA CIDADE
# Para ver a cidade do alto, o terraço das Galeries Lafayette
oferece uma linda e gratuita vista de Paris, e de lá ainda é possível avistar a
Torre Eiffel.
Endereço: 40
Boulevard Haussmann, Paris, França (Metrô Chaussée d'Antin - La Fayette). Horário: das 9h30 às 20h (fechado nos domingos). Site: http://haussmann.galerieslafayette.com/
# Às terças-feiras, artistas clássicos e contemporâneos de
todos os lugares do mundo se encontram para um concerto na Maison de la Radio,
durante a gravação do programa “Un mardi idéal” (Uma terça-feira ideal), da
Rádio França. Para conseguir ingressos, é necessário chegar na bilheteria uma
hora antes de o espetáculo começar.
Quando: Terças-feiras, às 19h30.
Endereço: Maison
de la Radio: 116 Avenue Kennedy, Paris, França (Metrô Ranelagh ou Passy). Entrada
livre. Convites disponíveis na bilheteria, no hall da Rádio França.
Site: www.radiofrance.fr
# Outra oportunidade de ouvir boa música é ir até a bela
Igreja da Madeleine. Todo domingo, às 14h, são realizados concertos de música
clássica nos “Dimanches musicaux de la Madeleine”.
Endereço: 14 Rue de Surène, Paris, França (Metrô Madeleine)
# Para quem prefere jazz, o pub Caveau des Oubliettes, que
fica no coração de Saint Germain, no Quartier Latin, tem shows e "jam
sessions" todos os dias. Já o Pop In, oferece a chance de descobrir bandas
alternativas de rock, folk e pop e DJs de toda a Europa.
Le Caveau des Oubliettes
Endereço: 52 Rue
Galande, Paris, França (Metrô Cluny-La Sorbonne).
Horários: Diariamente a partir das 17h.
Pop In
Endereço: 105 rue Amelot, 11e, Metrô Saint-Sébastien
Froissart ou Oberkampf Bus : 20, 29 ou 96.
# Teatro e ópera
Os programas a seguir não são de graça, mas quase. A Opéra
Bastille oferece 32 lugares a apenas 5€ para todos os espetáculos da casa.
Para consegui-las, é preciso se apresentar na bilheteria uma hora e meia antes
do espetáculo. Cada pessoa pode comprar 2 entradas. O único problema é que,
por este preço, os lugares sentados não são garantidos. Mas, considerando que a
entrada de uma ópera pode custar até 300€, o desconforto compensa.
Opéra Bastille
Endereço: 120 Rue
de Lyon, Paris, França (metrô Bastille).
Uma das farmácias mais baratas de Paris
As atendentes falam muitas línguas e te indicam diferentes
produtos. A farmácia se chama City-Pharma e fica muito pertinho do metrô Saint
Germain de Prés, na 26 Rue du Four. Abre de segunda a sábado de 08:00 as
20:00.
Mas dizem também que fica muito cheio.
Gosto da Bader, que eu já conhecia e fica no 12 Boulevard
Saint Michel. Vi produto lá mais barato que no Monoprix, recomendado pelo
Conexão Paris, e já tinha comprado. Fiquei bem chateada. O atendimento é muito
bom.
ONDE COMER (Guia de Paris – gaste menos e veja mais, Pauline
Frommer’s)
Bistrot lês
Victoires (6 rue de la Vrillière, 1° arrond. Metrô Palais Royal-Musée du
Louvre)
Entre 10€ e 11€ no almoço, aumentando 0,50€ no jantar. A
marca do restaurante é o entrecosto (bife) tenro com fritas e tomilho silvestre
queimado.
Lémoni Café (5
rue Hérold, 1° arrond. Metrô Palais Royal-Musée du Louvre)
Culinária cretense, fortemente concentrada em vegetais
frescos. Três cardápios diferentes de combinações ao seu dispor que variam de
9€ por uma combinação de 3 saladas ou pratos diferentes a 14€ pelo mesmo,
acrescido de bebida e sobremesa.
L’As du Fallafel
(34 rue des Rosiers, 4° arrond. Metrô St-Paul)
O falafel
« Especial » sai por 6,50€.
Le Rendez-Vous du
Marché (em torno do Marché St-Germain, 9 rue Lobineau, 6° arrond. Metrô
Mabillon)
O incrivelmente barato almoço especial (7€) pode ser um bife
levemente grelhado com batatas fritas (se não gosta mal passado, melhor pedir à
point) ou um boudin (morcela) com purê de batatas caseiro. 250 ml de vin rouge
custam apenas 2,50€ e as sobremesas 2€.
Taverne de l’Elysées (atrás do palácio presidencial, 3 rue
Duras, 8° arrond. Metrô Champs-Elysées-Clemenceau ou Miromesnil)
Cardápio de 2 pratos por 13€.
E tem esse restaurante chinês na rue Cujas, quase esquina com rue
Victor Cousin, com uma comidinha gostosa.
Monoprix –
Supermercado (50 Rue de Rennes, M. Saint-Germain-des-Près). Café
Monoprix: pequeno café dentro do supermercado. Tem vinhos, linha orgânica,
etc. Tem um também na 35-37 rue du Bac, a rua da Medalha Milagrosa, e no
Boulevard St-Michel (24 e 35).
JUST DO IT
Então. Não tem aquelas atrações (turísticas, sim!) que não se pode deixar de ver, como o Louvre, o d'Orsay, a Torre Eiffel, encarar os quase 300 degraus do Arco do Triunfo para se ter aquela visão gloriosa da cidade, Montmartre? Pois a Catedral de Notre-Dame, na Île de la Cité, onde a cidade de Paris nasceu, é uma dessas. Além da igreja, a Cripta
Arqueológica – a catedral gótica é o coração gótico da cidade e levou 170 anos
para ser edificada. À sua frente fica uma cripta descoberta em 1965, que guarda
vestígios do período galo-romano. Imperdível.
Rue des Francs Bourgeois: as fachadas antigas e preservadas
dessa rua, com suas molduras, logotipos e cores, retratam a Paris do começo do
séc. 20.
Cheio de mansões antigas maravilhosas, ruas estreitas e bares e restaurantes agitados, o Marais é sofisticado, tem um viés artístico e é
tido como o bairro preferido da comunidade gay parisiense. Ali é possível
visitar excelentes museus, como o Musée d’Art et d’Histoire du Judaïsme, da
Maison Européenne de la Fotographie e do museu de história Carnavalet, todos
instalados em belíssimos edifícios renascentistas.
Rue des Rosiers
(M. St-Paul).
A Place des Vosges (M. St-Paul), uma grande praça com
mansões rosadas de tijolo e pedra construídas sobre galerias, é uma obra-prima
de elegância aristocrática e o primeiro exemplo de planejamento urbano da
história de Paris. Construída por Henrique IV, foi inaugurada em 1612 para o
casamento de Luís XIII e Ana da Áustria; a réplica de uma estátua do rei fica
escondida por castanheiros no meio dos jardins no centro da praça.
Um dos melhores lugares para ver o que sobrou do muro
defensivo de Felipe-Augusto [1214] na Paris atual são os Jardins de Saint-Paul,
no Marais. A muralha, que foi escavada em 1945, estende-se por cerca de 120m ao
longo do playground de uma escola. Ela ainda parece resistente, grossa e firme
e forma uma grande sombra no final da tarde. Esse muro circundava toda a paris
e quando foi construído, garantiu que a cidade não sofresse ataques graves por
outros 100 anos. O L’As do Fallafel também serve refeição para viagem (mais
barato) e fica na rue des Rosiers.
CATACUMBAS
Percurso de 2 km. Duração da visita: 45 minutos. Aberto de
terça a domingo, de 10h00 às 17h00. Última entrada às 16h00. Fechado segunda-feira e feriados. 3€
PS: Visita desaconselhada a quem sofre de insuficiência
cardíaca ou respiratória. Temperatura no local a 14°. Não há acessibilidade a
quem tem limitações de locomoção.
Endereço: 1 place du Colonel Henri Rol-Tanguy, Paris 14th, Metrô e RER
B: Denfert-Rochereau, Ônibus: 38, 68. Site: www.catacombes.paris.fr
CANAL SAINT-MARTIN
Estão dizendo que é a região mais trendy de Paris no momento.
Com tempo bom, é o lugar para relaxar e curtir. Ao redor há restaurantes,
bares, lojas, hotel, boutique e até uma pizzaria que entrega pizza à beira do
canal. Na Rue Oberkampf, perto dali, há inúmeros bares e restaurantes. Para
chegar lá: Metrô Oberkampf (linha 5) e Jacques Bonsergent (linhas 5 e 9).
PROBLEMAS DE CONEXÃO?
O pacote de roaming para chamadas de voz da Vivo, digamos,
sai por R$99,50, abrange 50 minutos, e o valor de minuto excedente sai por
R$1,99. O Vivo no Mundo Dados sai por R$29,90 por dia de uso (Américas e
Europa).
A questão é: você pretende usar? Porque é caro. Pode ou não
haver wifi no hotel, mas há em alguns locais de Paris, como, por ex., no Hôtel
de Ville. Ou vc sempre pode ir às lojas da Apple para se conectar à Internet.
Mas se quer ter mobilidade, é interessante adquirir um SIM card. Depois de
rodar bastante, achei o que precisava na loja da Orange. Saiu por cerca de 20€,
e, embora o vendedor tivesse dito que não conseguiria acessar o Facebook,
consegui, sim. Você ganha acesso à Internet e tem seu próprio número de telefone
na França.
A CONFERIR: em um post sobre o assunto, alguém comentou que “existe
um chip que se chama Lycamobile que custaria 2€ e você pode pôr quanto de
crédito quiser. Com 5€ dá pra falar quase 1h em telefone fixo e uns 30 min para
celular para o Brasil ou qualquer outro País. É um chip pré-pago e pode ser
comprado em qualquer Tabac.”
Uma busca básica aponta que o produto tem site, está
presente em 17 países, e tem como objetivo atender a quem precisa fazer
ligações por baixo custo. Em Paris, seria possível adquirir o SIM card também
em supermercados como Monoprix, Casino e Carrefour. Vale checar.
Você encontra mapa do metrô em qualquer lugar (hotel, office de turisme, etc.), mas se precisar, pode ir ao site http://www.joaoleitao.com/viagens/imagens/mapas/franca/mapa-metro-paris-franca.gif
É isso. Bon voyage.
Paris, gastando pouco?
Este é um post que já parte do meio do caminho, ou seja, presume que o viajante está em Paris, com passagem comprada e hotel reservado. Limita-se, pois, a tentar dar algumas sugestões para quem quer ou precisa economizar, mas, enquanto há muitas oportunidades a oferecer pela cidade-luz para quem está com orçamento apertado, não se pode esquecer que há algumas atrações básicas que todo turista vai querer ver, e precisará pagar por isso. Como qualquer guia e mais todo mundo têm um roteiro básico para Paris, não vou ser repetitiva. Só dizer que essa é uma daquelas cidades que é feita pra se conhecer a pé. Pode-se ir de um lado a outro de metrô ou ônibus (os arrondissements, que seriam os nossos bairros), mas chegando a cada um, o ideal é andar, andar e andar. Só isso já é turismo dos bons nessa cidade que tem uma história que antecede a chegada dos romanos. E andar é grátis.
Então. Vou dividir esse post em duas partes. Fiz várias pesquisas e checagens para apresentar informações corretas. Melhor do que isso, só quando e se retornar a Paris para testar o que não conheço e pegar mais dicas.
O site da prefeitura (Mairie) de Paris é um ótimo guia [http://www.paris.fr/], exatamente porque é voltado para os moradores da capital francesa, e tem versões em inglês e espanhol. É melhor do que o site oficial, que é desenhado para turistas.
Uma das seções a conferir no site é a “Que faire à Paris?” (“O que fazer em Paris?”). Tem tudo o que acontece na cidade, e permite fazer uma busca por “gratuit” (gratuito). Mesmo as atrações pagas são bem acessíveis.
Uma página boa para ver os shows que acontecem na capital da França (e em qualquer grande cidade do globo) é a SongKick [http://www.songkick.com/]. Basta selecionar seu destino e data.
Há exposições permanentes com entrada gratuita na cidade, mas vale lembrar que qualquer exposição que não seja do acervo permanente não está incluída na gratuidade.
Petit Palais – Musée des Beaux Arts de la ville de Paris:
Construído para a Exposição Universal de 1900, o museu exibe uma notável coleção de pinturas e esculturas. Inclui um jardim interior perfeito para momentos relaxantes. Endereço: Avenue Winston Churchill. Metrô: Linhas 1 e 13, Champs-Élysées Clémenceau. Site: http://petitpalais.paris.fr/fr
Hôtel de Ville:
A prefeitura de Paris, que tem exposições, históricas e artísticas, gratuitas durante todo o ano. Endereço: 5 Rue de Lobau, Paris, França (Metrô Hôtel de Ville). Horários: de terça a domingo, das 10h às 19h (fechado nos feriados). Site: www.paris.fr
Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris:
As coleções do museu incluem mais de 8000 obras que ilustram várias tendências da arte do século XX. Endereço: 11 avenue de Président Wilson. Metrô: Linha 9, parada Alma ou Iéna. Site: http://www.mam.paris.fr/en/information
Maison de Balzac:
Foi nesta casa que Balzac escreveu algumas das suas obras-primas. O museu apresenta memórias pessoais pertencentes ao escritor e sua família, inúmeras edições originais, manuscritos, ilustrações, pinturas, gravuras e documentos. Endereço: 47 rue de Raynouard. Metrô: Passy / La Muette. Site: http://www.paris.fr/accueil/culture/dossiers/le-patrimoine-photographique-de-la-ville-de-paris/la-maison-de-balzac/rub_7174_dossier_50065_port_16597_sheet_9117
Maison de Victor Hugo:
Victor Hugo viveu 16 anos no segundo andar desta casa e foi nela que escreveu algumas das suas obras. A visita ao apartamento ilustra as três principais fases da sua vida (antes, durante e após o exílio). Endereço: 6 Place de Vosges. Metrô: Bastille, St-Paul ou Chemin-Vert.
Musée Carnavalet – Musée de l’histoire de Paris:
Instaurado em duas mansões construídas nos séculos XI e XVII, este museu oferece um percurso de mais de 100 salas que mostram a história de Paris desde as suas origens até aos nossos dias. Visita obrigatória para quem quer saber mais sobre a história de Paris. Você verá desde canoas da Idade do Bronze empregadas pelos primitivos parisienses até a reprodução da cela onde Maria Antonieta ficou presa durante a Revolução. Além disso, o belo Hotel Particulier onde está instalado já vale, por si só, a visita. Endereço: 29 Rue de Sévigné, Paris, França (Metrô Saint-Paul ou Chemin vert). Horários: De terça a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h15) Site: http://carnavalet.paris.fr.
Musée Cernuschi:
Tem uma notável coleção de arte chinesa antiga (peças de cerâmica, artigos de jade, marfins, bronzes, estatuetas), e também belas pinturas contemporâneas. Endereço: 7 avenue Vélasquez. Metrô: Ligne N° 2, Villiers ou Monceau. Ligne N°3, Villiers.
Musée Zadkine:
Foi a casa do escritor russo Ossip Zadkine e apresenta uma seleção de obras que representa todos os períodos de criação do artista. Endereço: 100bis Rue d'Assas. Metrô Notre-Dame des Champs, Vavin. RER B: Port-Royal.
Musée de La Vie Romantique:
A antiga casa do pintor Ary Scheffer mostra um pouco do que foi a vida artística, literária e musical no período romântico. Endereço: 16 Rue Chaptal, Metrô Saint-Georges, Pigalle, Blanche, Liège.
Musée Jean Moulin – Mémorial du maréchal Leclerc de Hauteclocque:
Esses dois museus explicam a história da resistência francesa e da libertação de Paris, através do destino de dois homens excepcionais: Marechal Leclerc e Jean Moulin. Endereço: 23 Allée de la 2ème Division Blindée, Metrô Montparnasse-Bienvenüe, Gaîté, Pasteur.
Le Palais de Tokyo:
Horário: meio-dia a meia-noite, diariamente, exceto terças-feiras. Endereço: 13 avenue du Président Wilson. Metrô Iéna (9), Boissière (6).
La Maison Européenne de la Photographie:
A coleção da MEP é representativa da criação fotográfica internacional dos anos 1950 até hoje. 5/7 Rue de Fourcy - 75004 Paris; M. Ligne 1 | Saint Paul; Ligne 7 | Pont Marie; Ligne 11 | Hotel de Ville (rua transversal à Rue de Rivoli) / Fechado segundas e terças-feiras; quartas-feiras: entrada gratuita de 17h às 20h.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
Interessante (e nada confortável) como se pode pular de pensamento em pensamento quando tentamos nos fixar numa imagem. Como, por exemplo, quando tentamos nos concentrar, ou dar uma chance à prática da meditação. Hoje, por exemplo, a imagem, ou a ideia de um girassol me veio à cabeça. Na verdade, a palavra que apareceu foi "sunflower". Não tenho a menor ideia do porquê. Nunca vi um na minha vida, e não li nada recentemente, em português ou em inglês, que mencionasse essa flor, mas foi essa a palavra, e em seguida, a imagem que surgiu. Tentei fixá-la o máximo que pude. Durou quanto tempo? Se foi um minuto foi muito. Logo em seguida, me lembrei de uma cena de um filme ou programa em que a moça estava num encontro com um cara que se achava o máximo, e a levava a uma boate que não tinha nada a ver com ela. Ela entra e sai em um minuto. Ele vai atrás dela, ela diz que não vai ficar e diz a razão, quando de repente aparece um ex-namorado que ela vive encontrando por todo lado com a namorada pegajosa, os dois com cara de propaganda de pasta de dentes. Detalhe é que toda vez que ela os encontra está sempre sozinha e nas piores situações. Só que dessa vez ela resolve pegar o cara que tinha dispensado e simular que ele é o namorado, etc. etc. Fiquei tentando lembrar de onde era essa cena, e só me veio à mente agora, é de um filme da Reese Witherspoon. Não vamos nem discutir a necessidade de ela ter de provar qualquer coisa para o ex. Passemos adiante, porque aí minha mente pulou para outra série de TV muito bizarra em que a personagem tinha de revisitar todos os ex-namorados à procura de alguma coisa, não me lembro o quê, e também havia um ex na história, que também a havia abandonado, e estava com outra namorada ou noiva, e eles viviam se esbarrando. Estranho é que o cara era veterinário e a tal nova namorada detestava animais.
Gostaria de saber porque girassóis me vieram à cabeça, porque eles se conectaram com noivas/namoradas abandonadas, e porque não conseguimos nos concentrar.
Imagem: http://www.free-picture.net/flowers/sunflower/vibrant-flowers.jpg.html
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Vira-lata
Uma vez assisti a uma palestra do filósofo e educador Mario Sergio Cortella, que versava sobre preconceito, e no meio do discurso ele falou uma coisa interessante, sobre uma expressão da língua inglesa, que não tem uma tradução perfeita: "I'll do my best". Denota a intenção de se fazer o melhor possível em dada situação. Pode ser usada em qualquer condição, inclusive na área de prestação de serviços.
Em português, não é "nativa" a expressão "vou fazer o meu melhor", embora eu já a tenha ouvido ou lido, mas atribuo a apropriação bizarra à falta de imaginação, e fiquemos por aí. Não somente não existe a expressão na língua, como também não existe o sentimento, a vocação, a vontade. E isso foi o que Cortella apontou.
Falam muito por aí do sentimento de vira-lata do brasileiro, do complexo de inferioridade, e muitas explicações são oferecidas. Começam com a derrota para o Uruguai na copa de 1950, passam por uma alegada declaração de De Gaulle de que o Brasil não era um país sério (li em algum lugar que essa declaração é fictícia), e chega-se aos dias de hoje, quando a questão é a auto-estima, em destaque desde que se elegeu um presidente semi-analfabeto, que chegou ao poder após um presidente que veio da Sorbonne.
O que constatamos é que o Brasil ainda engatinha em suas instituições, e, por isso, só uma coisa será capaz de mudar sua vocação, seu destino, sua direção, digamos assim: a educação. Com ela, as pessoas refletirão, construirão pensamento crítico, e poderão tomar decisões melhores, em todas as instâncias, em todas as áreas de suas vidas. Poderão ser melhores em todos os sentidos, em nível pessoal, o que a fará mais feliz (o aspecto individualista), e em nível coletivo (o que fará o país, finalmente, avançar).
Enquanto esse sonho não se concretiza, enquanto as pessoas não formulam um plano a curto, médio ou longo prazo para que isso aconteça, vale exercitar a melhor forma de se fazer o melhor possível em qualquer situação. Instrumentos existem para isso. Acredito firmemente que onde não existe um caminho, deve-se pelo menos se tentar construir um.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
De livros e nostalgia
Quem me conhece e quem não me conhece sabe como gosto de livros. Sim, livros, porque não é somente de ler que gosto, tenho o maior prazer em passar horas em livrarias, e não se passa um dia em que não entre no site da Amazon para ver as novidades. Tenho livros comprados há anos só porque me interessei pelo tema, ou pelo autor, e juro de pés juntos que um dia vou ler. Alguns desses eu acabei descartando na minha eterna luta contra a bagunça. Outros, heroicos, remanescem, até o dia em que meu sentimento de culpa ou minha obsessão (ou, como chamo na minha "psicologia leiga", meu T.O.C.) o resgatarão do limbo em que se encontram.
Já rodei muitas livrarias e bibliotecas também. Estas eu abandonei por falta de tempo e, de necessidade e, convenhamos, graças à invenção da internet. Mas muitas horas foram gastas na Biblioteca Nacional (hoje muito abandonada, uma vergonha) e em outras menos famosas. Livraria hoje tem café, vende CD, DVD, artigo de papelaria, revista. E livro. Além de ter umas cadeiras, uns sofás ou umas almofadas para os clientes folhearem os livros e revistas à vontade. É um bom espaço esse, em que a gente pode tocar nas coisas que ama, "dar uma provinha", se desligar do mundo (como se eu precisasse de muito pra isso). Mas livraria é também que nem gente, assim, tem personalidade. E poucas têm a personalidade dessa pequena Malasartes, que fica dentro do Shopping da Gávea.
Alguns a comparam com a livraria do filme Mensagem para Você (http://www.amigasdapracinha.com.br/programa-legal/186-malasartes-um-cantinho-para-as-criancas-lerem-no-shopping-da-gavea.html), que acabou sendo fechada pela mega-concorrente, à época do filme bem similar à Barnes&Noble, e cujas lojas físicas (outra mega, a Borders, já faliu) estão sendo engolida pela indústria dos e-books (leia-se 'Amazon'). Mas isso é outra história. No entanto, a Malasartes está firme desde 1979, graças a Deus, e espero que permaneça assim, porque ela representa a memória de alguns dos melhores momentos da infância dos meus filhos.
Pois todos os meses, no dia do meu pagamento, eu ia ao shopping, e cumpríamos um verdadeiro ritual: salão para mim, e enquanto estava lá, minha mãe ficava na Malasartes com as crianças. Qual era a graça da livraria, e porque não ficar zanzando no shopping, como as outras mães? Ah, aí entra a minha história: quando eu e meu irmão éramos crianças, todo mês minha mãe nos levava ao Centro da cidade, onde meu pai trabalhava, para almoçarmos com ele, e cada um de nós ganhava um livro. Havia uma livraria no Largo da Carioca, onde fica o Edifício Avenida Central. Não tenho a menor lembrança de qual era, ou da configuração do local, só sei dos livros que levávamos para casa. Monteiro Lobato, O Conde de Monte Cristo, Júlio Verne, uns livros de ciências que meu irmão curtia, por aí vai. De alguma forma, recriei essa experiência. Obrigada, papai, obrigada, mamãe, por me darem esse exemplo.
A adorável Malasartes, então, inventou esse ambiente, onde as crianças tinham total liberdade, tinham mesinha e banquinho pra se sentar, e mamãe também ficava lá descansando (ela adorava shopping, então tudo bem). Quando eu terminava o que tinha de fazer no salão, ia pra livraria, e aí começávam as barganhas (lógico...). Cada um saía com um livro e um sticker. Dali íamos almoçar no Árabe. Doces na Chez Anne. Claro, também tinha o pastel (esqueci o nome). Ah, sim, tinha o Mr. Cookie!!!!! Como fui esquecer disso? Não sei porque acabou o Mr. Cookie! =(
Talvez meus filhos se lembrem de mais coisas desses tempos, não sei. Minha mãe já faleceu, mas mesmo antes disso sofria do Mal de Alzheimer's, então as memórias se perderam no tempo. Uma pena, pois era uma das pessoas com a melhor memória da família (não é irônico?). Só lamento não ter sido mais disciplinada e ter anotado todos os detalhes... Impossível. Disciplina não é o meu forte, virei workaholic, perdi de vista muitas coisas que deveriam ter sido mais recebido mais atenção de minha parte. Uma delas era escrever. Não para os outros, mas para mim mesma. No mínimo porque perder a memória é um dos grandes medos que sempre tive, e depois da doença de minha mãe esse medo se potencializou.
Quando uma coisa é boa, porém, ela resiste a tendências depressivas. Pouco tempo depois que meu pai morreu, estive na Malasartes com minha filha, e para nossa surpresa, não é que a dona da livraria a reconheceu? Detalhe, devia fazer mais de 10 anos que ela não ia lá. Por isso, quando estive no Shopping essa semana, resolvi fazer uma visita, comprar um livro, depois almoçar no Árabe, e, por fim, comer um éclair na Chez Anne (confesso que esse meio que me decepcionou). Se me deu uma certa nostalgia? Talvez. Mas não no sentido de achar que o passado era perfeito e que o tempo deveria se congelar (a não ser, quem sabe, na minha aparência, porque já estou enjoada de me olhar no espelho). Muito mais convergindo para refletir que hoje é hoje, e que o passado só deve servir para guardar aquilo que foi bom, descartar de vez o que foi ruim (difícil) e aprender com ele, e que o tempo é, de fato, inexorável.
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Arrumação
Guardar ou jogar fora, eis a questão. "Um dia pode precisar", dizia meu pai. Cultura do pós-guerra, gente que tinha de se virar pra conseguir sobreviver, entrar em fila pra comprar comida racionada, aproveitava tudo, sobra de alimento, retalho de tecido, e por aí vai. Mesmo quando a situação melhorava, o cérebro já estava condicionado a manter o mesmo comportamento. E isso se transmite. Do hábito de se guardar as coisas por necessidade ao de se acumular é um pulo, e o caos à volta da gente parece repercutir na cabeça. Quando se chega a um estágio em que só a magia poderia dar jeito, é hora de arregaçar as mangas e começar a descartar coisas. Aí o bicho pega, porque dói pegar aquele desenho que o filho fez quando era aprendiz de Picasso e se livrar dele. E os cartões da melhor amiga, aquela que morreu e nunca mais vai te escrever nada de engraçado ou para te apoiar nos momentos em que você precisa? As lembranças das viagens que te marcaram pra sempre, que te deslumbraram e te emocionaram, tal e qual o livro de mitologia que você leu quando adolescente ou os contos de fada quando criança?
Nandinha tinha (tem) vocação para artista. Adorei quando ela fez o papel de Jocasta. Coitado do Édipo.
Tenho caixas de cartões e cartas trocados com minhas amigos. Amizades epistolares sempre foram minha especialidade. Uma pena que isso tenha se perdido com a Internet, que eu amo, claro, mas ainda não abandonei essa outra modalidade. Uma amiga que prefere o método tradicional, digamos assim, escreveu que epístola remete a apóstolo, o missionário, o sujeito dedicado a uma causa. Faz sentido para brigar contra uma época em que ninguém mais se importa em escrever ou escreve direito, ou num país onde a Educação é tratada como lixo (e onde o lixo nem é tratado).
Obras de arte de afilhadas e afilhados fazem parte da coleção, claro.
Viagens fazem grandes memórias (embora eu não saiba se elas têm o poder de perdurar até o fim da vida, graças ao fantasma do Alzheimer), mas não é só isso: são vivências que nos remoldam, por mais curtas que sejam.
No final das contas, são pedaços da gente ou coisas a que nos apegamos? Porque, no final das contas, como dizia mamãe, a gente morre e fica tudo por aqui. Por que guardar, então?
1985
Meu adorável e conciso irmão era uma preciosidade na hora de mandar cartões de aniversário. Numa época em que não existia Internet, receber um cartão quando ele viajava era como ganhar na loteria.
By Nanda
Nandinha tinha (tem) vocação para artista. Adorei quando ela fez o papel de Jocasta. Coitado do Édipo.
By Déa
By Yasmin
Obras de arte de afilhadas e afilhados fazem parte da coleção, claro.
Memories: Barcelona, Paris... *___*
Viagens fazem grandes memórias (embora eu não saiba se elas têm o poder de perdurar até o fim da vida, graças ao fantasma do Alzheimer), mas não é só isso: são vivências que nos remoldam, por mais curtas que sejam.
No final das contas, são pedaços da gente ou coisas a que nos apegamos? Porque, no final das contas, como dizia mamãe, a gente morre e fica tudo por aqui. Por que guardar, então?
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