segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Estava trocando e-mails com uma amiga, e ela falava do lidar com o tempo, e que presta muita atenção a isso, especialmente com relação ao que a rotina nos faz. O que é? É fazer as coisas no piloto automático, é cuidar só das "obrigações". Remeteu-me a Thich Nhat Hanh, o monge budista vietnamita que eu gosto de ler (sugiro A Paz a Cada Passo), e outros budistas, que recomendam o "estar consciente". Algum autor de livros de auto-ajuda/administração já deve ter escrito algo como "Jesus Cristo CEO", "O que o Dalai Lama faria para resolver conflitos", e dito que quando prestamos atenção, erramos menos, esquecemos menos (bem, certamente não perderíamos o resultado daquele scan do cérebro... ooops... seria um forte indício de que há algo de errado com a minha cabeça, e ñ é somente o corte de cabelo????).
Minha amiga mencionou o ipê branco que ela havia visto e queria fotografar. Entendo o que ela diz. Se ñ fosse o risco de ter a câmera "perdida", andaria com ela pendurada no pescoço. Ainda bem que o celular quebra uns galhos. Disse-lhe que acho importante ter esses registros, e ñ é por saudosismo ou fuga. É para me maravilhar novamente.
Outro dia li uma pessoa criticando os japoneses pq eles ñ olham as coisas quando estão "turistando" - eles vêem tudo através da lente de suas máquinas. Mas a gente olha, e o impacto é instantâneo. Ou não. Daí o afã de registrar, na tentativa (talvez vã, talvez não) de perpetuarmos esse momento, essa visão. Pois a dor é fácil de ficar com a gente pra sempre. A alegria nem tanto. Já escrevi sobre isto.
Qual é a forma "certa" de olhar? Acho que ñ existe. Eu ñ sou capaz de ficar horas sentada contemplando uma obra de arte. Deveria me sentir estúpida por causa disso? Quando finalmente consegui chegar perto da Mona Lisa, quase fui esmagada por uma turba de chineses (aliás, todos literalmente armados com suas câmeras), e ganhei uma cotovelada de um deles. Até um cavalheiro francês ficou indignado. Quase sacudi o chinês, que era bem uns 10 cm mais baixo do que eu. Mole, mole. Assim, feito Obelix sacudindo as mãos (shaking hands) do primo inglês do Asterix. Olhei, vi a famosa tela - protegida por um vidro ultra-espesso, que fazia reflexos. What? De q adiantaria ficar mais tempo ali, correndo o risco de sair no tapa com o chinês desesperado (a China tinha acabado de liberar seus cidadãos para fazerem turismo... imagine-se a ânsia), sem conseguir enxergar nada (a tela ñ fica em altura confortável para os olhos (pelo menos de pessoas pequenas como eu)? Vamos aos livros, ao Google, ao cinema, a Dan Brown. Em qq desses lugares se terá uma visão mais abrangente da tela. O Google acha tudo, e a Wikipedia explica tudo. E daí? Sempre achei que aprender se fazia através de métodos complementares. Enriquece-se assim a experiência. E se eu precisasse ir à Inglaterra para me apaixonar por Jane Austen, estaria roubada.

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