quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Qualquer coisa



- Tenho tentado escrever, mas não consigo. 
- Escreve qualquer coisa, ué. Você não é "professora" de português?
- Não é bem assim. Primeiro, esse negócio de "professora" só funciona na carteirinha, porque nunca dei aula mesmo. Além do mais, sempre acreditei que escrevia bem porque lia muito e não por causa da faculdade de Letras. Lia, escrevia. Agora estou descobrindo que sei menos do que pensava. 
- Ah, desceu do salto?
- Menos. Ainda sei mais do que muita gente.
- Continua metida a besta.
- Fazer o quê?
- Então escreve.
- Ah... não tenho tempo, não tenho inspiração...
- Desculpas. Lembra do curso de oratória? Falar sobre qualquer tema em cinco minutos. Objetivo: exercitar. Você está é com preguiça. Procrastinadora. Você já escreveu sobre isso. Pior: está com medo. Não quer se arriscar a ser julgada pela falta de talento. Prefere se esconder.
- Pode ser. Mas quando estou andando tenho um monte de ideias. Basta eu sentar em qualquer lugar e pronto. Desaparece tudo. Sem contar que é verdade o que todo mundo que está estudando a internet, as redes sociais diz: elas atrapalham (ou será que emburrecem?). Hoje li num post do Globo no Facebook que um estudo mostra que estudantes que estão conectados a redes sociais estudam menos horas do que aqueles que não estão. Duh. Claro. Precisaria reler a notícia, mas parece óbvio. Resta saber se, no frigir dos ovos (ainda se usa esta expressão? ficamos horas com a professora de tradução editorial discutindo que palavras ainda se usam... mudaria o Natal ou mudei eu? até onde preciso me atualizar no vocabulário formal? a pergunta é porque no informal já estou "atualizada" até demais...), o resultado é negativo. Em um contexto tradicional, certamente. Mas nem sempre quantidade é qualidade.
- Você ainda está enrolando. Não tem nada a dizer?
- Eu tenho tanto pra falar, mas com palavras não sei dizer... =D
- Plágio não! Roberto Carlos pode se chatear! 
- Ah, mas é que eu ando querendo torcer alguns pescoços, escrever não basta (e, aliás, parece que a coisa anda se espalhando, estava lendo há pouco um artigo sobre a recusa de editores norte-americanos em publicar livros de mais de 200 páginas!). Por exemplo, das ladras no supermercado Mundial de Copacabana que tentaram (novamente!) furtar minha bolsa esta semana - isto já aconteceu uma vez em 2006. Safadas. Que ódio! Fiquei irritada hoje também com uma pessoa da minha sala, tão imatura, coitadinha, que, em vez de passar para mim a lista de presença, que seria a coisa gentil de se fazer, simplesmente colocou em cima da mesa da professora. Foi de propósito. Fiquei perplexa. Uma coisa que pode até ser cabível em um adolescente, mas não em um adulto. 
- E aí?
- E aí nada. Este post está sem pé nem cabeça. Vou dormir.

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