sábado, 7 de fevereiro de 2015

I love trains...



Dentre as decisões a serem tomadas quando se vai viajar, uma delas, no caso em que se vai locomover de uma cidade a outra, ou de um país a outro, é o meio de transporte que vai ser utilizado. 

Alguns pontos serão levados em consideração: preferência pessoal (algumas pessoas têm aversão a viajar de avião, outras enjoam se andam de navio, etc.); orçamento; distância; e até as burocracias dos dias atuais. Tal qual o tempo que se economiza numa viagem de avião, mas vai se perder nas longas filas dos aeroportos para vencer a segurança, e mais, se for necessário despachar bagagem.

Há casos em que realmente não vale a pena, como de Nova York a Montreal. A gente pensa que vai ver paisagens bonitas, e se desaponta, sem contar o estresse de passar pela fronteira. Pelo menos foi a minha experiência. Foram 2 horas em que o trem ficou parado, por causa de três passageiros, que saíram com mala e tudo. Um ficou. Pra não falar do tanto de pergunta que me fizeram, apesar de a minha documentação estar absolutamente em ordem. Me perguntaram onde tinha comprado minha passagem (tinha sido no dia anterior, na Penn Station, NYC), e mostrei até o recibo do cartão de crédito. O visto estava fresquinho, cintilante. Saíram, foram até o posto, voltaram, depois de uns 15 minutos, a dupla riscou o visto (só valia para aquela entrada, mesmo eu achando que poderia entrar, sair e voltar - não que fosse ou quisesse fazer isso), com uma vontade que me deixou perplexa. Ainda bem que Quebec é uma cidade espetacular, e as Cataratas do Niagara são deslumbrantes, ou teria ficado com muita raiva daquele país. Ah, sim, a chinesa/canadense dona do hostel em Toronto foi ótima, assim como a funcionária da Porter Airlines (https://www.flyporter.com/Flight?culture=en) em Toronto. Não as de Quebec, muito displicentes, mas essa em Toronto foi excepcional, como a própria companhia. A melhor em que já viajei. Recomendo.

Mas voltando aos trens, que era no que eu pensava quando comecei a escrever, sempre serão minha primeira opção em se tratando de viagens relativamente curtas. Porque aí, para mim, eles são imbatíveis. Se todos pudessem ser como o Eurostar, seria muito bom. Ou rápidos, como o TGV. Se as estações fossem como a de Berlim (central), ou St. Pancras, em Londres, ou mesmo Paddington, onde se pode pegar o expresso para o aeroporto por um valor muito razoável, e não ter de gastar uma fortuna em táxi. Mas não. Muitas estações parecem mais com a Central do Brasil mesmo.

 Estação-Budapeste, por volta de 6 h da manhã

Ao se decidir pela viagem de trem, há outras escolhas a fazer: antecipar a compra (pela internet) ou deixar para fazê-lo na hora (ou véspera), na própria estação; e que tipo de bilhete. Vale checar em http://www.raileurope.com.br/train-tickets/train-tickets/.

Sempre deixei pra comprar na hora, e continuo preferindo essa opção. Já li que há descontos para quem antecipa, mas prefiro me dar o direito de decidir dia e hora em que vou fazer meu trajeto. Posso querer acordar mais cedo ou mais tarde, posso querer fazer outro programa, gosto de viajar com flexibilidade. Ano passado, no entanto, viajei com outras pessoas que preferem antecipar. Saímos do Brasil com todas as passagens compradas, e em dada situação, até tivemos devolução de dinheiro. Deve ter sido pelo fato de que adquirimos uma passagem de primeira classe, e viajamos num verdadeiro galinheiro (Budapeste-Zagreb), num trem que deveria ter lugar marcado mas parecia o metrô do Rio, onde ninguém respeita o lugar dos idosos, e tivemos de sair do trem duas ou três vezes arrastando nossas malas, por causa das obras na linha. Um verdadeiro horror.

Outra péssima experiência foi a viagem de Praga a Viena, que poderia ter sido feita em cerca de 4 horas, mas como queriam a experiência do trem noturno, não somente aumentou-se o tempo de viagem em 2 horas, como a expectativa foi totalmente frustrada. O que era pra ser uma experiência divertida, diferente, talvez até um pouco romântica (no sentido de um Expresso do Oriente, à la Agatha Christie), acabou sendo um transtorno, por uma série de motivos. Primeiro, porque trem não é avião, a gente tem de levar o mínimo de bagagem, já que nós mesmas temos de carregar a própria mala escada acima e abaixo, num tempo mínimo, contando com uma pontualidade à qual brasileiros não estão habituados, e deslocá-la por corredores muito estreitos até achar a cabine. Que é um pesadelo. Para se acomodar pessoas e bagagens, tirando tudo e todos do caminho de forma a permitir que demais passageiros também possam circular. Puro stress.

Resumindo a ópera, me senti como se estivesse numa prateleira.

Parecem prateleiras, mas são leitos... O.o

Em todo caso, reitero o que disse no começo. É tudo uma questão de preferência mesmo. Depois de ter sido revistada em praticamente todos os aeroportos pelos quais passei, de ter perdido um tempo enorme em filas e algum dinheiro ao qual tinha direito em devolução de taxa em Portugal, só por causa de burocracia, ainda defendo as facilidades do trem, e por que não, o romantismo que o transporte me evoca. Talvez tenha a ver, no final das contas, com o mistério evocado por Agatha Christie.

Em todo caso, tem mais um site interessante para pesquisa de voos baratos: http://www.whichbudget.com/, e outro para pesquisa de trens, http://www.seat61.com/index.html#.VNbWEfnF-So.

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