domingo, 28 de dezembro de 2008

Crítica literária pretensiosa

Terminei de ler o Confessions of a Jane Austen Addict (relembrei os tempos de devorar livros, e fiquei até 4 da madrugada - já tinha lido o final mesmo, então... o q é um feito e tanto, considerando a minha atual dispersão, e considerando-se q na hora do almoço ainda estava começando). Well. O q gostei:
"... all I can do is obsess about whether some strange woman that might be living in my body is dissatisfied with her new home. Anna once told me that obsession is just the mind's way of avoiding the real issues."
Em todos os livros há os agradecimentos de praxe relativos às pesquisas que permitiram a formação do cenário. Imagino que alguém há de ter realmente falado isso: a obsessão é apenas o jeito de a mente evitar os assuntos importantes. Será? Deu-me o que pensar.
Tinha outra coisa interessante, mas ñ estou conseguindo achar.
O que eu achei: espreme, espreme, e não passa de um entretenimento (mais um) que bebe na fonte-mestre: Jane Austen. Há os agradecimentos de praxe, inclusive à Jane Austen North American Society. Bem, se eles fazem bailes de época, devem ser como os Trekkies. Aficcionados, quero dizer. Nada contra. Se eu tivesse ido a Bath em setembro, pegaria o Festival Jane Austen. Pelo menos a minha loucura é mansa, eu ñ jogo bomba em ninguém.
Fato é que que eu esperava um pouco mais. Gostei mais de Jane Austen in Boca, hilário, ou Me and Mr. Darcy. Quando os textos tentam reproduzir a época acabam se tornando falsos. E a conversa entre a personagem principal e Jane Austen, what the hell?!?!?!?!?!?!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Obcecada?

Cá estou eu, tomando chá com Mr. Darcy, como prometia a propaganda às sonhadoras admiradoras de um dos mais suspirados heróis românticos literários e agora cinematográficos. É claro que Colin Firth, o galã britânico, colaborou muito para solidificar a imagem. Embora eu ache que Matthew MacFadyen tenha demonstrado mais expressividade no filmete com Keira Knightley como protagonista. Parece que a gente ñ pode ter tudo. Entre um e outro, é melhor ficar com Colin, já que a produção da BBC é fiel (menos o final), e os atores esplêndidos. Mas o chá... tudo é uma questão de atmosfera. Como em toda viagem. É preciso entrar "no clima". A gente chega no The Jane Austen Centre, e começa ouvindo uma breve palestra, bastante correta (é só checar na biografia de Jane). Depois, segue-se a visita, e pode-se assistir a um filme de 15 minutos, narrado pela atriz Amanda Root, que atuou em Persuasion, produção de 1995 da BBC. Ela caminha pela Bath de Jane. Perfeito, já que Persuasion se ambienta na cidade. A exposição é de roupas do filme Miss Austen Regrets, naturalmente, inspirado na vida de Jane. Ainda ñ consegui ver. Interessante é que as roupas foram feitas por mulheres de Sri Lanka, através de uma ONG chamada "Power of Hands", como parte de um projeto de manutenção de uma tradição na confecção da seda, e após o tsunami. Ao final, a lojinha. O lugar é pequeno, nada grandioso. Mas é imenso, emocionalmente.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

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Viciada em Jane Austen

Não me canso de me surpreender comigo mesma e com o público em geral pela capacidade em produzir e absorver obras derivadas de Jane Austen. Faço parte de comunidades no Orkut sobre Jane, e recebo 2 newsletters, uma brasileira, Jane Austen Club, e outra inglesa, The Jane Austen Centre, originária de um pequeno "museu" sobre Jane em Bath, que tive a chance de visitar em outubro deste ano. Jane ñ viveu nessa casa, e sequer gostava de Bath. Mas dois de seus livros são ambientados lá - Persuasion, o segundo melhor, para mim (depois de Pride & Prejudice, lógico), e Northanger Abbey. É puro deleite andar pela cidade seguindo os passos de Jane ou seus personagens. Aliás, fui à cidade por causa dela. Uma graça divina por que sou infinitamente grata.
Mas é realmente surpreendente saber que Jane sequer foi reconhecida em sua lápide como escritora, pouco dinheiro ganhou com suas obras-primas, que hoje já chegaram a Holywood, e, no entanto, tantos filhotes produz. Comprei outro livro que fala sobre o apelo de Austen no século XX, mas por ora me concentro neste Confissões de uma Viciada em Jane Austen. O que me chamou a atenção foi uma coisa peculiar e que me incomoda obsessivamente: pois a personagem principal se vê embrulhada na vida típica do século de Jane (XIX), o que quer dizer, sem as comodidades sanitárias de que dispomos, e precauções higiênicas de toda espécie, inclusive românticas. O que me levaria a uma longa e inadequada comparação entre o livro que eu ainda ñ li (ou qq outro livro de entretenimento de fantasia romântica) e um livro da geração de Jane Austen. Enquanto um tentava retratar costumes, outro os evoca e os adapta a gostos atuais - como a mais recente versão de Pride & Prejudice (com Keira Knightley) ou Becoming Jane (com Anne Hathaway). O que se vê ali é uma sombra do que seriam, possivelmente, as pessoas na época retratada, colocadas num ambiente, digamos, da primeira metade do século XX. Ou seja, uma grande confusão, e nada verossímil. Como entretenimento, porém, bons. Ñ excelentes. Beneficiam-se mais de bons atores e da aura de Jane Austen. Sempre ela, mágica.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Memories


Memória. Coleciono coisas pq me trazem lembranças. Jogo fora - eventualmente - aquelas q trazem de volta os momentos ruins. Conservo e cultivo aquilo q me evoca momentos de prazer, de felicidade, ou de aprendizado. Quase tudo é passível de cumprir esse papel. Uma comida, bebida, um cheiro, uma fotografia. Pode ser um apego ao passado, mas é uma prática que, enquanto gratificante, persistirá. Assim são os cookies de New York. Uma experiência inesquecível (até agora...). Todos os cookies são mais ou menos iguais. Claro, dependendo dos ingredientes. Mas eu ñ posso, por ex., diferenciar um cookie nova-iorquino de um londrino. Mas, ah, os cookies de NYC têm toda uma história inscrita nos meus neurônios - a lembrança da minha melhor amiga, já falecida, o deslumbramento da provinciana que, de alguma forma, recebeu a graça de embarcar num avião e botar os pés numa das cidades mais fascinantes do mundo... os cookies são uma experiência sensorial - acordar, sair do hotel, andar pela Broadway, chegar na esquina da 34, depois da Macy's, e ser atraída pelo cheiro irresistível do chocolate, da iguaria recém-saída do forno, tudo concentrado e perpetuado na mordida do cookie gigante, no sabor do chocolate derretido... depois de 8 anos, fui à busca daquele cookie. Como disse, pouca diferença há, a experiência pode até se recriar bastando, para isso, uma simples receita. Mas era aquela loja (na verdade, um balcão). Tudo mudou na cidade, até o pequeno mall onde estava a loja, e algo da magia perdida pela ausência da amiga de todas as horas. No entanto, bastou parar um momento, isolar o mundo, e prestar atenção naquele momento em que o chocolate se derrete na boca, o sabor chega ao cérebro e flashes do tempo passado explodem doce-amargamente, prazer e tristeza entrelaçados inexoravelmente. Até q a memória se perca.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Pedaços


Absolutamente sem inspiração. É por isso que minhas tarefas permanecem inacabadas. Alguém, ñ lembro quem, disse que uma obra de arte era produto de 90% de transpiração e 10% de inspiração. Claro, os percentuais podem estar errados, mas essa é a idéia. Ora, pois. Ñ gosto de transpirar. Acho disgusting. E muito cansativo. Fico pensando se já ñ esgotei toda a minha capacidade intelectual. E nem adianta lembrar que Peter Drucker morreu com 95 anos e intelectualmente ativo. Pois se eu fosse Drucker, estaria em outra situação. Ando meio deprimida. Pode ser hormonal. Ou um vislumbre de realidade, algo que eu procuro sempre esconder de mim mesma. Tenho medo de deixar minha sombra por muito tempo à tona. Ando meio deprimida. Cansada. Estou à busca de um caminho mais significativo, mais prazeiroso - mas já faz tempo, e nada. Seria a aproximação de mais um aniversário, mais 1 ano na direção da velhice inexorável? O que me faz lembrar minha escritora favorita, Jane Austen (1775-1817), que morreu aos 41 anos, e deixou uma obra fabulosa - embora ñ tão reconhecida em seu tempo. A lápide em seu túmulo, porém, só registra suas virtudes cristãs, ñ seu talento. Outra discussão e totalmente fora de contexto. Só lembrei (mais uma vez) de Jane pq ela nasceu no mesmo dia q eu. E vive até hoje. Inveja? Provavelmente. Mas, na depressão, só Mr. Darcy poderá nos salvar. Colin Firth, imortalizado como o herói de Jane Austen, agora me olha do imã pregado na minha geladeira. Crazy.

domingo, 23 de novembro de 2008

50 and counting. Now what?

Li em um livro que andar por uma cidade é uma espécie de experiência em andamento. Acho que isso pode ser a explicação (ou parte, pelo menos) do que acontece quando viajamos para algum lugar diferente de nossa realidade ou do que conhecemos, ainda que por meio de filmes, livros. Quanto mais diferente, mais nos expandimos mentalmente. O difícil é depois nos "adaptarmos" ao nosso corpo. Pelo menos é o que eu venho sentindo. E, como disse que essa poderia ser somente uma parte da explicação, é pq pode ser muito mais do que isso, e a viagem ser apenas o que despertou a estranheza de mim, da minha realidade.
A idade faz diferença. O que fazer depois que envelhecemos? Adquirimos uma nova perspectiva dos fatos e coisas. O que antes tinha importância passa a não ter mais. Ou vice-versa. Passamos a prestar mais atenção no tempo, afinal, passamos a dispor menos dele - pela ordem natural das coisas. O desperdício já não é mais possível. E a mesquinhez passa a incomodar cada vez mais. O que dizer da estupidez quando comparada a monumentos milenares? Ela tem lugar em uma catedral por onde passaram almas atormentadas por 1000 anos?
O que fazer de nossa pequena vida diante da grandeza possível?

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...