quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Viciada em Jane Austen

Não me canso de me surpreender comigo mesma e com o público em geral pela capacidade em produzir e absorver obras derivadas de Jane Austen. Faço parte de comunidades no Orkut sobre Jane, e recebo 2 newsletters, uma brasileira, Jane Austen Club, e outra inglesa, The Jane Austen Centre, originária de um pequeno "museu" sobre Jane em Bath, que tive a chance de visitar em outubro deste ano. Jane ñ viveu nessa casa, e sequer gostava de Bath. Mas dois de seus livros são ambientados lá - Persuasion, o segundo melhor, para mim (depois de Pride & Prejudice, lógico), e Northanger Abbey. É puro deleite andar pela cidade seguindo os passos de Jane ou seus personagens. Aliás, fui à cidade por causa dela. Uma graça divina por que sou infinitamente grata.
Mas é realmente surpreendente saber que Jane sequer foi reconhecida em sua lápide como escritora, pouco dinheiro ganhou com suas obras-primas, que hoje já chegaram a Holywood, e, no entanto, tantos filhotes produz. Comprei outro livro que fala sobre o apelo de Austen no século XX, mas por ora me concentro neste Confissões de uma Viciada em Jane Austen. O que me chamou a atenção foi uma coisa peculiar e que me incomoda obsessivamente: pois a personagem principal se vê embrulhada na vida típica do século de Jane (XIX), o que quer dizer, sem as comodidades sanitárias de que dispomos, e precauções higiênicas de toda espécie, inclusive românticas. O que me levaria a uma longa e inadequada comparação entre o livro que eu ainda ñ li (ou qq outro livro de entretenimento de fantasia romântica) e um livro da geração de Jane Austen. Enquanto um tentava retratar costumes, outro os evoca e os adapta a gostos atuais - como a mais recente versão de Pride & Prejudice (com Keira Knightley) ou Becoming Jane (com Anne Hathaway). O que se vê ali é uma sombra do que seriam, possivelmente, as pessoas na época retratada, colocadas num ambiente, digamos, da primeira metade do século XX. Ou seja, uma grande confusão, e nada verossímil. Como entretenimento, porém, bons. Ñ excelentes. Beneficiam-se mais de bons atores e da aura de Jane Austen. Sempre ela, mágica.

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