terça-feira, 30 de setembro de 2008

Tem brasileiro por aqui

E muitos muculmanos... e um garotinho de menos de 10 anos pedindo esmola na frente da CeA mais bem vestido que eu. O brasileiro me descobriu logo na chegada. Pela etiqueta do Protec-Bag. Ja me avisou que tem um grupo que vai se encontrar as 9 da noite na Grand Place, num "boteco". Pode? Boteco numa praca que data de 1405? Ele estava chegando de la, tinha encontrado outros brasileiros, beberam um monte de cerveja, e iam voltar pro tal boteco. Que boteco, meu Deus? E o que eu vou fazer num boteco? Se ele ainda tivesse marcado aqui no hostel, podia ate ser... mas de noite, andar por aih sozinha... esta rua eh meio estranha, parece centro de cidade...
Ja descobri um supermercado. Comprei coisas saudaveis - juro que peguei um biscoito amanteigado coberto de chocolate amargo, mas devolvi e troquei por cereal. Tudo bem, o cereal tem escrito fitness na capa, mas tem chocolate amargo. Ue, os cardiologistas descobriram que faz bem pra saude!!! Comprei barrinha de cereal, agua e um tal de kefir. Nenhuma coca-cola. Alias, doeu meu coracao nao poder guardar as latinhas do aviao... ainda mais que eram mini (magrinhas, nao gordinhas como essas que tem no Rio). E a coca diet que eu tomei era esquisita. Vou continuar experimentando, mas hoje acho que soh o cereal. Ia comer o MacLanche Feliz pra pegar o brinde, mas acabei sendo atraida pela Grand Place. Descobri um Tex-Mex no caminho. Haja dieta depois. Suspiro.

PORQUE

Foi tudo muito bem ateh chegar em Bruxelas. Ate a dica sobre pegar o trem no aeroporto foi tudo bem. Quer dizer, tirando o fato de que a zebra aqui desceu a escada rolante e subiu de novo, ate achar a estacao. Daih em diante, zero. Saia da estacao pela entrada principal. Que entrada principal? Siga pela avenida X, que tem os predios altos (han?). Nao tem nome nenhum. Nao tem placa. E chovia. Chovia. Chove. Naturalmente, o guarda-chuva estava na mala. Totalmente lacrada com o Protec-Bag, que, para ser aberto, carece de algo afiado - que tb tem de estar na mala. Lembrei que o casaco tem capuz e resolvi enfrentar. Perdi-me na inexistencia de placas com os nomes das ruas. Andei ate chegar numa regiao de hoteis e descobrir um taxi. Que me deixou na porta do albergue (parece ser perto da estacao de trem, mas nem quero saber, estava exausta). Albergue que tem banheiro no quarto. Porem... ah, porem... vc sobe de elevador ate o terceiro andar, mas o quarto eh no quarto andar. Trocadilho infame. Ok, a mala eh pequena, estah relativamente leve (espero ter aprendido a minha licao do ano passado). Entro no quarto... e tcharan! soh tem um vestibulo, pra chegar lah tem de subir mais um lance de escadas. Em protesto, deixei a mala no vestibulo. Vou subir e descer com as roupas, e assim gastar as calorias consumidas com as coisas gordas do aviao, o waffle com calda de chocolate... que eh, sim maravilhoso! Nem precisei sentar, comi na rua mesmo, vende que nem cachorro quente. Claro que vc fica todo lambuzado. Limpei com agua da chuva. Esqueci o higienizador no hotel.
Mas pq omaigod? A Grand Place. Com chuva mesmo. C'est magnifique. Wonderful. Maravilhosa. Uma obra divina.

OMAIGOD!

Estou surpresa. Com a British Airways. Pontual, bom servico de bordo (tirando o problema do fuso horario, com a diferenca de 5 h, q nos levou a tomar cafe da manha 3 da madrugada), bolsinha com meia, escova e pasta de dentes... A alfandega foi surpreendentemente tranquila - estava esperando ou a rudeza dos americanos de Chicago, ou o que tenho ouvido falar da passagem dos brasileiros pela Europa. Bem, estou velha demais para ganhar a vida facil. Os cabelos brancos ja servem para alguma coisa - credibilidade. Ou sei la. Uma amiga que esteve por aquelas bandas recentemente reclamou horrores. Para mim foi facil - so tira os sapatos quem esta de salto alto (embora eu tenha visto um homem e uma mulher serem revistados - estava mais para apalpados...), passei pela alfandega, mostrei o passaporte, e em 1 minuto estava liberado. As instrucoes vc tem tanto em video no aviao, como no porta-boarding pass. Tudo perfeitamente explicado, e ainda tem um funcionario embaixo do quadro para explicar. Conferi com ele, pq nao havia info sobre a conexao e ele disse q estava atrasado, mas com um ar apologetico (vejam se existe essa palavra no dicionario), nao eh com aquela cara sem-vergonha dos funcionarios da Gol, Tam, United...
Ainda fiz um pit-stop na livraria do aeroporto, e logo vi q estava marcado o portao da minha conexao.
Ah, sim, outra coisa - os comissarios sao bilingues. Os voos que saem do Brasil tem gente que fala portugues muito bem, e o voo para Bruxelas tem os que falam frances. Eles sao educadissimos. E a selecao de filmes!!!!!!!!!!! Montes. Consegui assistir ao Homem de Ferro (excelente!), revi Sex and the City, e ainda vi Forgetting Sarah Marshall (q tem a atriz de Veronica Mars). Ruim mesmo soh o mala espacoso que viajou do meu lado, que nao conseguia ficar quieto. Pior q crianca.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Não posso fazer tudo

"Estou sentada em uma salinha de projeção esperando um filme começar. A sala se enche. Não há poltronas suficientes. As pessoas estão se aglomerando nas laterais e procurando um lugar em vão. Do lado do meu amigo Bob Gotlieb, estou observando tudo. O diretor do filme tenta resolver o problema pedindo às crianças na sala para dividirem sua poltrona com outra criança. Continuo a observar com crescente frustração. Por fim digo a Bob:
- É muito simples. Alguém deveria apanhar algumas cadeiras dobráveis e armá-las nas laterais.
Bob olha para mim e responde:
- Nora, não podemos fazer tudo.
Meu cérebro se ilumina de modo surpreendente.
Nora. Não podemos fazer tudo. Recebi o segredo da vida.
Provavalmente, porém, tarde demais."
Nora Ephron, 'Meu pescoço é um horror', Ed. Rocco

Eu não posso fazer tudo. Não. Posso. Fazer. Tudo. Será que eu vou lembrar dessa lição transcendental?

sábado, 23 de agosto de 2008

Memórias póstumas de George Orwell

Li hoje em uma revista que Memórias Póstumas de Brás Cubas é um dos grandes livros do mundo. É. Nenhuma surpresa para quem tem o hábito de ler. Quantos seriam? Eu mesma ando caída, caída.
Pois alguém teve a idéia de criar um blog com textos de George Orwell. Li no JB (15/08/08). Diz lá: "uma iniciativa do Instituto Orwell Prize transformou-o, desde o dia 9, no primeiro blogueiro póstumo da internet. Durante quatro anos, uma página da rede mundial (pelo endereço http://www.orwelldiaries.word-press.com) será atualizada diariamente com textos de seu inédito diário, escrito entre 1938 e 1942. Não deixa de ser irônico. Orwell, que previu um mundo sem privacidade, vigiado pelo Big Brother, tem agora sua vida particular escancarada pelas novas ferramentas tecnológicas".
O que poderia gerar outras reflexões: Há privacidade hoje em dia? Será que Orwell está se revirando na tumba quando lhe chegam notícias do planeta sobre os alegados reality shows com a grife Big Brother?

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Estava trocando e-mails com uma amiga, e ela falava do lidar com o tempo, e que presta muita atenção a isso, especialmente com relação ao que a rotina nos faz. O que é? É fazer as coisas no piloto automático, é cuidar só das "obrigações". Remeteu-me a Thich Nhat Hanh, o monge budista vietnamita que eu gosto de ler (sugiro A Paz a Cada Passo), e outros budistas, que recomendam o "estar consciente". Algum autor de livros de auto-ajuda/administração já deve ter escrito algo como "Jesus Cristo CEO", "O que o Dalai Lama faria para resolver conflitos", e dito que quando prestamos atenção, erramos menos, esquecemos menos (bem, certamente não perderíamos o resultado daquele scan do cérebro... ooops... seria um forte indício de que há algo de errado com a minha cabeça, e ñ é somente o corte de cabelo????).
Minha amiga mencionou o ipê branco que ela havia visto e queria fotografar. Entendo o que ela diz. Se ñ fosse o risco de ter a câmera "perdida", andaria com ela pendurada no pescoço. Ainda bem que o celular quebra uns galhos. Disse-lhe que acho importante ter esses registros, e ñ é por saudosismo ou fuga. É para me maravilhar novamente.
Outro dia li uma pessoa criticando os japoneses pq eles ñ olham as coisas quando estão "turistando" - eles vêem tudo através da lente de suas máquinas. Mas a gente olha, e o impacto é instantâneo. Ou não. Daí o afã de registrar, na tentativa (talvez vã, talvez não) de perpetuarmos esse momento, essa visão. Pois a dor é fácil de ficar com a gente pra sempre. A alegria nem tanto. Já escrevi sobre isto.
Qual é a forma "certa" de olhar? Acho que ñ existe. Eu ñ sou capaz de ficar horas sentada contemplando uma obra de arte. Deveria me sentir estúpida por causa disso? Quando finalmente consegui chegar perto da Mona Lisa, quase fui esmagada por uma turba de chineses (aliás, todos literalmente armados com suas câmeras), e ganhei uma cotovelada de um deles. Até um cavalheiro francês ficou indignado. Quase sacudi o chinês, que era bem uns 10 cm mais baixo do que eu. Mole, mole. Assim, feito Obelix sacudindo as mãos (shaking hands) do primo inglês do Asterix. Olhei, vi a famosa tela - protegida por um vidro ultra-espesso, que fazia reflexos. What? De q adiantaria ficar mais tempo ali, correndo o risco de sair no tapa com o chinês desesperado (a China tinha acabado de liberar seus cidadãos para fazerem turismo... imagine-se a ânsia), sem conseguir enxergar nada (a tela ñ fica em altura confortável para os olhos (pelo menos de pessoas pequenas como eu)? Vamos aos livros, ao Google, ao cinema, a Dan Brown. Em qq desses lugares se terá uma visão mais abrangente da tela. O Google acha tudo, e a Wikipedia explica tudo. E daí? Sempre achei que aprender se fazia através de métodos complementares. Enriquece-se assim a experiência. E se eu precisasse ir à Inglaterra para me apaixonar por Jane Austen, estaria roubada.

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...