Aquele que nunca passou por tolo neste mundo não pode ser sábio
Perguntaram ao rabino Zalman: "Como se consegue ter bom senso?" Ele respondeu: "Através da experiência." Perguntaram: "E como se consegue experiência?" Respondeu: "Através do mau senso." Como se obtém o bom senso, então? Através de "maus sensos", pois com eles aprendemos. Aquele que não for tolo não pode adquirir sapiência. Na verdade, um sábio é aquele que teve a maior quantidade de oportunidades na vida de ser tolo em diferentes situações. Quem é tolo? É aquele que foi mais vezes tolo no menor número de diferentes situações. Porque o sábio passa por tolo para não mais passar. Perder e errar são condições fundamentais do sucesso quando se é capaz de entender por que se perde e por que se erra.
Do Rabino Nilton Bonder
segunda-feira, 30 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
A hora do planeta está chegando
Literal e figurativamente. No mundo inteiro está se fazendo a campanha para se apagarem as luzes por 1 hora no dia 28 de março, a partir das 20:30. Estou divulgando, por e-mail, em casa e no trabalho, no Twitter, no Facebook, no Orkut, aqui... O planeta também está em crise - embora as pessoas estejam falando mais do aspecto econômico. Parece que se os banqueiros e os empresários tivessem continuado a ganhar dinheiro no "mercado", tudo continuaria muito bem, obrigada.
No Rio de Janeiro, enquanto isso, em plena Copacabana, cidade tornada famosa no mundo inteiro, traficantes agem na cara da polícia e disputam morros onde possam controlar seus negócios. A culpa, segundo o secretário de polícia, é do usuário. Não é do traficante, não é da polícia, nem da justiça, dos fazedores de lei, do estado, ou dos responsáveis pela educação que vem descendo ladeira abaixo desde a ditadura, nem de quem não permite o controle da natalidade. É só do usuário da droga.
É como o desmatamento, ou a questão do lixo, da água: a culpa é só do indivíduo que joga o lixo onde não deve. Não é da indústria que polui, ou dos governos que não instituem políticas de sustentabilidade, ou do legislativo que só tem compromisso com os respectivos lobbies, nem dos fiscais que nada fiscalizam.
A hora do planeta está chegando. Esperemos que nossos filhos tenham alguma chance.

No Rio de Janeiro, enquanto isso, em plena Copacabana, cidade tornada famosa no mundo inteiro, traficantes agem na cara da polícia e disputam morros onde possam controlar seus negócios. A culpa, segundo o secretário de polícia, é do usuário. Não é do traficante, não é da polícia, nem da justiça, dos fazedores de lei, do estado, ou dos responsáveis pela educação que vem descendo ladeira abaixo desde a ditadura, nem de quem não permite o controle da natalidade. É só do usuário da droga.
É como o desmatamento, ou a questão do lixo, da água: a culpa é só do indivíduo que joga o lixo onde não deve. Não é da indústria que polui, ou dos governos que não instituem políticas de sustentabilidade, ou do legislativo que só tem compromisso com os respectivos lobbies, nem dos fiscais que nada fiscalizam.
A hora do planeta está chegando. Esperemos que nossos filhos tenham alguma chance.

sexta-feira, 20 de março de 2009
Passagem
Vivo minha vida em crescentes órbitas
que se deslocam sobre as coisas do mundo.
Talvez eu nunca alcance a última,
mas esta será a minha tentativa.
Circulo ao redor de Deus, ao redor da antiga torre,
e venho circulando há mil anos,
e ainda não sei se sou um falcão, ou uma tempestade,
ou uma grande canção.
Selected Poems of Rainer Maria Rilke, p. 13, in A Passagem do Meio, James Hollis, ed. Paulus
que se deslocam sobre as coisas do mundo.
Talvez eu nunca alcance a última,
mas esta será a minha tentativa.
Circulo ao redor de Deus, ao redor da antiga torre,
e venho circulando há mil anos,
e ainda não sei se sou um falcão, ou uma tempestade,
ou uma grande canção.
Selected Poems of Rainer Maria Rilke, p. 13, in A Passagem do Meio, James Hollis, ed. Paulus
terça-feira, 17 de março de 2009
O MURO DA VIDA PRIVADA
"... Porque temos o apetite do escândalo, temos a raiva da destruição e o civilizado faz carnificinas morais apenas. Se todos prestam atenção malévola à vida dos outros - como uma resultante desse acúmulo de bisbilhotices perversas como expoente moral dessa derrocada do velho símbolo que separava o homem público do homem privado surge a exasperante fúria de informação, a fome feroz do noticiário, a irresponsabilidade da calúnia lida com um prazer satânico. Não acredite você que só o homem de notoriedade sofre tais coisas. Sofre talvez mais porque subiu e tem maior sensibilidade. Mas de fato todos sofrem. Espiam as repartições públicas, espiam os quartos, as salas, lugares secretos, espiam as bodegas, as casas modestas, os anônimos. A uma simples palavra os jornais fazem juízos integrais. Contam-se adultérios com os nomes por extenso das três vítimas (...). Como o homem é um animal com dois sentimentos fundamentais: o amor do lucro e o amor do gozo, as baixezas do dinheiro e os desvarios da carne são o escândalo permanente aqui, como em toda parte. Derrubado o muro da vida privada, há um sentimento de insegurança moral generalizado. Faz-se tudo às claras mesmo quando não se quer. E quando não se faça, a imaginação inventa como inventava contra Catão o antigo, que em Roma teve a tolice inútil de transformar o muro da vida privada numa casa de vidro."
Escrito em 1911 por João do Rio
Republicado pela Ed. Martins Fontes, 2006
E como diz o Eclesiastes, outro livro antiguinho, assim, de uns 5000 anos atrás, não há nada de novo sob o sol...
Escrito em 1911 por João do Rio
Republicado pela Ed. Martins Fontes, 2006
E como diz o Eclesiastes, outro livro antiguinho, assim, de uns 5000 anos atrás, não há nada de novo sob o sol...
sábado, 14 de março de 2009
Na favela não tem crise, diz a Time. Não tem?
Na Time (http://www.time.com/time/world/article/0,8599,1883862,00.html) - Postcards from São Paulo, o jornalista Andrew Downie, em Mar. 11, 2009, escreve que a favela não tem crise. Ele conta que Maria Irece da Silva tem uma loja na favela de Jardim Carumbé. Vende xampu, batons e esmaltes sem parar - 500 reais por dia só de cosméticos. Diz que a loja dela é um buraco na parede, mas está entulhada até o teto de géis de cabelo, condicionadores, tratamentos, bijuterias, e produtos de cabelo. Para ele, isso mostra duas verdades sobre o Brasil de hoje: uma, que entre as dançarinas sensuais que atraem as multidões no carnaval ou as milhares de mulheres comuns que enchem as praias todos os dias ou ainda as modelos glamurosas que dominam as passarelas, brasileiras ricas e pobres, pretas e brancas, novas ou velhas, todas dividem uma firme convicção de que nada é mais importante do que uma boa aparência. Isso tudo ratificado por uma antropóloga carioca chamada Mirian Goldenberg, que diz que "mulheres brasileiras simplesmente tem de parecer bem e cosméticos são o primeiro investimento que elas fazem", e "se elas não investem, perdem em todos os sentidos. O corpo é um bem, uma forma de ascensão social. Uma mulher gorda, ou que não faz as unhas, ou que deixa as raízes dos cabelos escuras é vista como suja ou preguiçosa. No Brasil, a boa aparência é não somente uma questão de beleza, como de higiene".
E mais importante, talvez, seria a segunda verdade revelada pela rotatividade da tal loja na favela: mesmo enquanto as economias mundiais estão no meio de uma contração dolorosa, a brasileira teria uma expectativa de continuar crescendo. Os governos brasileiros não são conhecidos por suas políticas econômicas e gestões econômicas prudentes, e a hiperinflação e débitos que assolaram a nação nos anos 1980 ainda são uma memória vívida e assustadora para muitos. Mesmo assim, altas taxas de emprego, sucessivos aumentos no salário mínimo e um programa de assistência nacional que tem distribuído renda aos pobres tem ajudado a demanda doméstica brasileira a se manter forte.
Da Silva acha que "não tem como dar errado com esse tipo de negócio. Mulheres não saem de casa sem batom". (Realmente, mas eu também faço questão de não esquecer o cérebro...)
Se essa matéria tivesse sido escrita pela imprensa oficial eu não estranharia. Mas que raios é isso? Onde fica essa favela? R$500 por dia? Êta negócio bão! A pergunta que não quer calar: o negócio é regular? Porque estatisticamente, de cada 10 negócios que são abertos, 9 vão pro buraco. E com dívida. Só de taxa, tarifa, imposto, etc.
Bem, fora as baboseira sobre as mulheres brasileiras, oh clichês!, o culto ao corpo (é só no Brasil, não tem isso mais em lugar nenhum...), e mais os recentes prognósticos da queda no PIB, de crescimento ZERO ou até negativo, desemprego, será que alguém poderia 1) me dizer realmente como andam os negócios nas favelas? e 2) lembrar ao jornalista e à antropóloga que o cultivo ao corpo são se origina na Grécia antiga? (Mas era a "mente sã com o corpo são", e não essa cultura BBB descerebrada que se espalhou pelo mundo...)
E mais importante, talvez, seria a segunda verdade revelada pela rotatividade da tal loja na favela: mesmo enquanto as economias mundiais estão no meio de uma contração dolorosa, a brasileira teria uma expectativa de continuar crescendo. Os governos brasileiros não são conhecidos por suas políticas econômicas e gestões econômicas prudentes, e a hiperinflação e débitos que assolaram a nação nos anos 1980 ainda são uma memória vívida e assustadora para muitos. Mesmo assim, altas taxas de emprego, sucessivos aumentos no salário mínimo e um programa de assistência nacional que tem distribuído renda aos pobres tem ajudado a demanda doméstica brasileira a se manter forte.
Da Silva acha que "não tem como dar errado com esse tipo de negócio. Mulheres não saem de casa sem batom". (Realmente, mas eu também faço questão de não esquecer o cérebro...)
Se essa matéria tivesse sido escrita pela imprensa oficial eu não estranharia. Mas que raios é isso? Onde fica essa favela? R$500 por dia? Êta negócio bão! A pergunta que não quer calar: o negócio é regular? Porque estatisticamente, de cada 10 negócios que são abertos, 9 vão pro buraco. E com dívida. Só de taxa, tarifa, imposto, etc.
Bem, fora as baboseira sobre as mulheres brasileiras, oh clichês!, o culto ao corpo (é só no Brasil, não tem isso mais em lugar nenhum...), e mais os recentes prognósticos da queda no PIB, de crescimento ZERO ou até negativo, desemprego, será que alguém poderia 1) me dizer realmente como andam os negócios nas favelas? e 2) lembrar ao jornalista e à antropóloga que o cultivo ao corpo são se origina na Grécia antiga? (Mas era a "mente sã com o corpo são", e não essa cultura BBB descerebrada que se espalhou pelo mundo...)
quarta-feira, 11 de março de 2009
The guy next door
The guy next door is a vampire. No, I'm not talking True Blood here. Which, by the way, sucks... Hmm... I watch it hoping against hope for a signal, anything remotely as cool as the books, but till now I've found none.
Well, about this guy. Nah. He is what he is. Just taking, not giving anything. Let him burn. Which is what I should do with True Blood. No more histerics from the female characters, fake accents, "over" sex exhibitions, overextended demonstrations of vampire blood effects.... the best of Charlaine Harris stories (even though it is just entertainment or chick lit or whatever) is that she really can tell one. What you see in TV is like a bunch of things taken from the book(s), distorted and amplified to fit the model. I'm still looking for the good actress in Anna Paquin to justify the Globe Award.
Well, about this guy. Nah. He is what he is. Just taking, not giving anything. Let him burn. Which is what I should do with True Blood. No more histerics from the female characters, fake accents, "over" sex exhibitions, overextended demonstrations of vampire blood effects.... the best of Charlaine Harris stories (even though it is just entertainment or chick lit or whatever) is that she really can tell one. What you see in TV is like a bunch of things taken from the book(s), distorted and amplified to fit the model. I'm still looking for the good actress in Anna Paquin to justify the Globe Award.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Quem realmente lê? (Parte II)
Abro a página da BBC de hoje, e deparo com uma coluna de Ivan Lessa, com o título 'De ivros e sua falta de leitura'. Pelo visto, ele ficou tão intrigado quanto eu com a pesquisa sobre a mentira que os internautas pregaram sobre os livros que não lêem. Eu esqueci de dizer que leio de tudo. Inclusive a Sophie Kinsella que Lessa disse que não conhece e é bastante lida pelos ingleses. Acho que pelos americanos também, pois uma de suas personagens mais conhecidas virou filme (a Shopaholic), acho que ainda não lançado (pelo menos aqui). Também coincidentemente, ele aborda o BBB. Parece óbvio. George Orwell deve estar se revirando na tumba ao saber que o Big Brother virou esse deboche midiático. Da mesma forma que Jane Austen. Que sequer foi citada na pesquisa - e olhe que é uma das maiores romancistas inglesas. O que será que as pessoas andam lendo?
Assinar:
Postagens (Atom)
Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...
-
Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...
-
Memória. Coleciono coisas pq me trazem lembranças. Jogo fora - eventualmente - aquelas q trazem de volta os momentos ruins. Conservo e culti...
-
Câncer, doença, dor, morte, perda, saudade, tristeza. Palavras que exprimem sentimentos e significados que se intercambiam, tecendo uma...