quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Livros

No Brasil se lê ou se compra (?) 0,7 livro(s)/habitante/ano. Comprar não é sinônimo de ler. O livro comprado pode ser didático, o que pode significar "obrigatório". Há ainda uma distinção entre regiões e escolaridade. Sem entrar em detalhes, ainda é incrivelmente ínfima essa relação.
Parafraseando Kiko Zambianchi, eu digo que se alguém não lê não entende, não entende se não lê.
Pode-se alegar que há outros tipos de leitura que não um livro: jornais, revistas, e atualmente, blogs, redes sociais. A mais sucinta delas, o Twitter, que tem como limitador 140 caracteres. Quase um hai-kai. Pode-se fazer maravilhas com cada uma dessas mídias. Ou horrores. Ou nada.
Pode-se tomar uma decisão questionável, como a adolescente que, em vez de ligar direto para o número de socorro quando ficou presa em um acidente, colocou um post no Twitter.
Mas para se chegar a entender ou escrever alguma coisa que valha a pena, uma história básica de leitura tem de ser percorrida. Um cardápio básico. Algo como fez o crítico David Gilmour para "educar" seu filho, desinteressado da escola: em vez da educação formal, assistir a 3 filmes por semana, escolhidos pelo pai. Não, o critério não foi determinado pela erudição. Também pensei que fosse (ainda não li o livro escrito sobre o assunto). Porque foi assim que me ensinaram. Não sei como anda a educação hoje. Mas a coisa era empurrada, e muita gente mal leu Machado de Assis, por ex., porque foi obrigada. Não sabe o que perdeu.
Mas é fato que associou-se a leitura a algo cansativo, mais uma tarefa que representaria uma prova e uma nota. No vestibular, mais um "cardápio", as famosas interpretações de textos. Nenhuma garantia de que o livro atingiu o leitor, gerou reflexão, emoção, prazer ou ódio, algum tipo de aprendizado. As famosas redações com os absurdos começaram a circular, e a Internet se tornou o meio ideal para isso. Se são inventadas ou não, desconheço. Mas que é plausível, com certeza.
Agora estão apostando no fim dos livros, dos jornais. Hoje lia 'O Caderno', de Saramago (seu blog publicado!), e achei curioso justamente ele mencionar uma feira de editoras em que as pequenas contrariavam ou faziam de tudo para contrariar essas predições.
A Bienal do Livro (http://www.bienaldolivro.com.br/) acontece no Rio de 10 a 20/09. Eu continuo insistindo em comprar livros. Tenho cartão de fidelidade da Saraiva (a Siciliano foi comprada por esta), da Cultura (amo), estou cadastrada na Fnac, na Amazon.com, na Amazon.uk, na Barnes, na Estante Virtual (http://www.bienaldolivro.com.br/) - a maior rede de sebos do Brasil, conforme apregoa. Agora também há sites onde vc pode cadastrar livros que você lê, como Shelfari e Skoob.
Nem foi por isso que eu estudei Literatura, porque acabei trabalhando num banco. Mas certamente faz sentido eu me sentir em casa dentro de uma livraria ou biblioteca. Por falar nisso, o Real Gabinete Português de Leitura é o que há (http://www.realgabinete.com.br/). No popular: pinto no lixo.

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