terça-feira, 8 de setembro de 2009

Inquietação

Não sei se sou acomodada ou aventureira - tanto gosto de ficar horas lendo, como na internet, e não é em salas de bate-papo, gosto mesmo é de saber o que está acontecendo sobre os meus assuntos de interesse e compartilhar nas minhas redes - Twitter, Facebook, e-mail, blogs... li no site Mashable (http://mashable.com/) que saiu uma pesquisa decretando que o perfil de quem usa as redes sociais é narcisista.
Uau, a gente quer é aparecer. Hum... considerando-se as minhas preferências (literatura, meio-ambiente, causas sociais), se eu conseguir aparecer, está muito bom. Odeio o Big Brother e se aquilo não é exposição negativa, eu não sei o que é.

De volta à vaca-fria (sempre quis saber o que quer dizer isso, e hoje li esta expressão em Saramago...). Terminei de ler recentemente The Art of Travel (A Arte de Viajar), de Alain de Botton. Há anos li dele Ensaios de Amor. Agora, para entender melhor a ansiedade que me bate quando eu penso em viajar, resolvi ler este.
Bem, se eu tivesse de viver de fazer crítica literária, morreria de fome. Não consigo ser sintética. A não ser quando o cara é ruim (v. Pride and Prejudice and Zombies, quando o sujeito destruiu o original de Jane Austen). Aí é fácil: em uma frase a gente diz que não presta e espalha. Em inglês tem o site Shelfari, onde você pode montar sua estante de livros. Bem legal.
Viajei, como o cara que escreveu um livro sobre a viagem noturna que ele fez em seu quarto. Não, ele não era doido, inclusive ele viajou convencionalmente também. Mas é uma questão de observar. Alguém se preocupa em realmente ver por onde anda no seu caminho rotineiro? Como aquela cena de Notting Hill, onde Hugh Grant está andando, e as estações passam, até a roupa muda para acompanhar o tempo, mas o local é o mesmo, porque ele está caminhando de casa até o trabalho, e o trajeto não muda. Mas não é verdade, a cada dia, cada momento é diferente. Perguntem a um budista.
Nós nos deixamos levar pela rotina, todo dia pensamos que é tudo sempre igual, e assim matamos primeiro o coração, depois o cérebro. Quem tem dinheiro viaja - fisicamente. Vai a Búzios, São Paulo, Garopaba, Nova York, Roma. Tem gente, como eu vi outro dia, que entra e sai de uma catedral que é Patrimônio Cultural da Humanidade só pra dizer que esteve lá, tira a foto e ainda conta isso. Tem gente que visita 20 cidades em 20 dias.
É isso? Espero que não. Botton cita Nietzsche, que leu De Maistre (o cara que escreveu sobre seu quarto):
Quando observamos como algumas pessoas sabem como lidar com suas experiências - suas insignificantes experiências do dia-a-dia - de forma que elas se tornem um solo arável que dê frutos três vezes ao ano, enquanto outros - e quantos eles são! - são direcionados por entre as ondas do destino, as múltiplas correntes dos tempos e das nações, e no entanto, permanecem no topo, pulando como uma rolha, então somos tentados a dividir a humanidade entre uma minoria (muito mínima) que sabe como fazer muito de pouco, e uma maioria que faz pouco de muito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...