terça-feira, 15 de janeiro de 2013

As igrejas

Ainda me lembro de uma amiga que tinha morado em Londres me dizendo, quando fui a primeira vez a Paris, lá em 1997, "olha, não vá entrar em tudo que é igreja, que é muito chato". Tem quem pense a mesma coisa de museu. Claro, não é possível entrar em todos os museus, especialmente se o tempo for limitado. Mas quando não consigo ir a um museu e a uma igreja, parece que está faltando alguma coisa. Nem preciso passar horas no museu. Passei a ser seletiva com relação a esse tipo de visita, quando se trata de grandes acervos. Tentar ver tudo num piscar de olhos é a mesma coisa que fazer um tour por toda a Europa em, sei lá, 15 dias? Digamos, 1 cidade por dia? 

Com as igrejas minha relação é diferente. Existe a questão estética, pois em geral a arquitetura é digna de ser apreciada, e a questão religiosa. Faço questão de agradecer a Deus a graça de cada viagem que faço. Já falei disso, mas repito: nunca tinha imaginado na minha vida que um dia pudesse viajar, que é uma coisa que adoro fazer. E a cada viagem me questiono se vou poder fazê-lo novamente. 

Sempre me lembro de minha melhor amiga, Déa, que conheci na minha segunda viagem a Nova York, em 1993, junto com outras amigas, e depois disso foi minha fiel companheira de viagem, até a última, em 1997, quando o câncer foi mais forte do que ela. Íamos juntas à Catedral de St Patrick para agradecer por estarmos na cidade que adorávamos. Sempre vou me lembrar dela quando, ao chegarmos em NYC vindo de Paris, naquela última viagem. Ela, abatida, e eu deixamos as malas no hotel e fomos passear na Times Square. Ela olhou ao redor e com os olhos cheios d'água disse que tinha a certeza de que era a última vez que estaria ali, naquela cidade que tanto amava.

Não recomendo a ninguém, claro, viajar a qualquer custo. Cada um sabe o preço que pode pagar, determinado em moeda ou emocionalmente. Mas se bastar apenas um empurrãozinho, então vá. O que se ganha não tem preço. Quanto às igrejas, minha primeira formação foi a católica, então, embora não mais me filie a essa religião, é a base da minha fé, do meu misticismo, então aonde vou, visito os templos católicos. É onde me sinto confortável. Já visitei igrejas anglicanas na Inglaterra. Não estranhei, afinal, se São Jorge é o patrono da Inglaterra, alguma afinidade há de existir. 

Fato é que acho admiráveis, magníficas as igrejas que visitei, e espero visitar mais, se possível. Algumas são incríveis por conta da arquitetura, outras por causa da simplicidade. As catedrais de Chartres, Notre-Dame de Paris, Sagrada Família em Barcelona, Notre-Dame em Montreal, Notre-Dame em Quebec, St Patrick, Praga, Viena, Munique, Saint Sernin em Toulouse, são apenas algumas. Acabei ignorando minha amiga e entrei em todas as igrejas que pude em Paris. Fiz a mesma coisa em Toulouse, anos depois. Faço a mesma coisa no centro do Rio de Janeiro, quando posso. Curto demais o centro antigo. Adoro o colonial, adoro as igrejas de Minas Gerais. Amo o convento de Santo Antônio no Largo da Carioca. Como já disse, gosto de apreciar a capacidade que o homem tem de criar a beleza. Nesses momentos eu consigo esquecer que esse mesmo homem é capaz de destruir.

De qualquer forma, sempre acho bom agradecer. Gratidão é um sentimento subestimado por muitos.

Missa em St Patrick - Natal 2012

St Patrick - Natal 2012

St Patrick - Ano da Fé 2012-2013

Igreja N.S. de Guadalupe



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