terça-feira, 18 de março de 2008

Nada é permanente

Você se sente cansado. Para onde olha há algo a ser feito. Não pode parar. E canta em prosa e verso suas dores, sua preocupação, sua miséria. Estava lendo não sei onde que o ser humano adora contar histórias. Deve ser por isso que a internet faz sucesso. Todos podem usá-la como confessionário, dar opiniões, criticar, manipular, vituperar... Então, do alegado cansaço, pára um momento. Porque cada momento é único. Ninguém está cansado o tempo todo, triste o tempo todo. Tirando os casos clínicos, sobre os quais me abstenho por ignorância. Mas se você não é um caso médico, tem momentos tristes, mas os tem alegres também. Pouco basta. Por exemplo, os absurdos da vida política americana. E há quem fale do Lula. O que é mais bizarro do que o governador do Estado de Nova York envolvido com prostitutas? Logo em seguida, seu substituto vem a público com traição conjugal. E com o apoio da esposa, já que esta alega ter traído o marido na mesma época. Ai, ai. Jon Stewart fez um quadro comparando os comentaristas de TV a carnívoros diante do escândalo do agora ex-governador. E apontando em uma montagem os adjetivos com que o qualificavam antes, todos ligados à ética do político. A impressão que me ficou: que todos ficaram felizes com o escândalo, porque assim o sujeito desceu ao nível deles. Ninguém agüenta uma pessoa ética, uma pessoa que tenta combater o bom combate.
Pode-se até dizer que o cara é um hipócrita. No mínimo inconsistente. Mas enquanto combateu, era o mocinho. Como o Clinton, que se pegou com a estagiária, e está agora ajudando a construir casas em New Orleans. E os críticos, o que estão fazendo, além de se deleitar e babar com a desgraça alheia? IEI, caiu o moralista de m. Continuemos nossa politicagem, nossa imprensa menos do que nobre e isenta.

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