domingo, 24 de julho de 2016

A segurança nas Olimpíadas do Rio-2016

Munique, cidade onde ocorreu recente atentado (acervo)

Há alguns dias pensei em escrever sobre lugares que visitei mais recentemente, e comecei por São Petersburgo, cidade que me deslumbrou. De repente, minha atenção foi desviada por atentados terroristas que despertaram muita atenção da mídia, o que me parece ser mais devido à localização - cidades europeias, ocasiões festivas, já que outros ataques vêm acontecendo em outras partes do mundo sem o mesmo destaque (Bagdá, Kabul).  Agora mesmo, com a iminente realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, Brasil, país que não tem história de atentados ligados aos grupos terroristas de orientação dita islâmica, a questão da segurança ganhou mais importância. 

Já tinha me questionado sobre o quanto os riscos de atentados podem afetar os deslocamentos das pessoas, sejam em suas próprias cidades, ou em viagens de qualquer tipo. Há perigo? Sim. Podemos ou devemos deixar de sair de casa ou viajar? A resposta cabe a cada um. Eu penso que não. Sei que os governos de cada país adotam medidas para alertar e, de alguma forma, cuidar de seus cidadãos quando estes saem pelo mundo. Claro, os países que recebem os turistas haverão de ter suas próprias normas de conduta para lidar com as questões de segurança. Que, no final das contas, é um assunto que é do interesse geral, pois as consequências têm longo alcance.

Munique (acervo)

Não é a primeira vez que o tema vem à luz no Brasil. Antes parecia ser um tópico limitado ao segmento turístico. Mas em 2014, o país foi anfitrião da Copa do Mundo, e é claro que o assunto teria de receber atenção, até porque a violência urbana costuma ter destaque na mídia estrangeira. Assim, nada mais lógico que um governo dedique um cuidado específico em certas situações. O governo alemão, por exemplo, não somente elaborou uma cartilha, como disponibilizou unidades móveis para dar atendimento 24 horas a seus cidadãos. Um projeto que, segundo eles, teve início em 1992 (http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/06/20/alemaes-tem-cartilha-de-perigos-no-brasil-e-ate-van-com-servicos-medicos.htm). 

Kaiser Wilhelm Memorial Church, com a sua torre semidestruída por um bombardeio em 1943 (II Guerra Mundial) (acervo)

O Departamento de Estado norte-americano atua de forma similar, oferecendo informações relevantes a quem viaja ao exterior (http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2016-05-31/eua-alertam-para-risco-de-terrorismo-em-viagens-a-europa.html), inclusive sobre riscos de potenciais ataques terroristas, muito reais para eles, sempre alvo de ameaças.

O Brasil não procede de maneira diferente. Além de ter uma página no site do Ministério do Exterior de Cartilhas e Boas Práticas, lançou uma cartilha para a população identificar riscos de atentados nas Olimpíadas. E não custa chamar a atenção para um grave problema que afeta o Brasil e o mundo: o tráfico de pessoas. 

Cabe a nós viver a vida em sua plenitude, sim, mas ficar de olho nos possíveis riscos, porque, afinal, a ocasião faz o ladrão, já dizia um antigo qualquer. Veja os links das cartilhas dedicadas aos brasileiros abaixo.




No que diz respeito à segurança na cidade do Rio de Janeiro, as Olimpíadas já começaram. O Exército já está nas ruas - Copacabana. (acervo)



sexta-feira, 22 de julho de 2016

Viajar pode ser perigoso?

Igor Mitoraj - Torso - Tuilleries/2004 (acervo)

Temos visto ultimamente notícias sobre alguns atentados terroristas que têm motivado muita revolta. Não vamos nos aprofundar nas razões pelas quais um ataque nos EUA, na França ou na Alemanha incomodam muito mais do que na Turquia, Paquistão ou Afeganistão. Talvez seja pela distância. Talvez seja construção da mídia. Quiçá preconceito. Sem dúvida, para as vítimas, nada disso importa. A tragédia é implacável. 

Pode ser que essa questão da distância faça algum sentido para nós, que seremos anfitriões dos Jogos Olímpicos de 2016, e, recebendo delegações de diversos países. Não é novidade. Já aconteceu na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, realizada na cidade do Rio de Janeiro, quando aumentou significativamente a segurança. Naquela época provavelmente muito mais por causa do terrorismo interno (bandidos locais). E o trágico episódio ocorrido nas olimpíadas de Munique com a delegação israelense não pode ser esquecido jamais. 

As pessoas parecem estar cada vez mais conscientes das possibilidades de atentados. A mídia divulga, e governos como os dos EUA e da França emitem alertas e cartilhas sobre possíveis riscos para seus cidadãos que viajam pelo mundo. Há locais em que eles são bem reais. 

E aí, devemos nos trancar em casa? 

Depende de cada um, penso. É como circular pela grande metrópole. Há áreas mais tranquilas, há outras mais perigosas. Parece que aprendemos a andar com um certo radar. Não é 100% garantido, mas sempre ajuda. É a mesma coisa com viagens: não tenho a mínima intenção de ir para o Afeganistão, para a Síria (embora um dia tivesse pensado em conhecer a terra dos meus avós paternos), assim como não tenho a menor intenção de escalar o Everest ou fazer qualquer esporte radical. Pois se nem ando de bicicleta...

Mas como temos de continuar vivendo, vou continuar indo aqui e acolá.

Assim que aconteceu o atentado em Nice, na França, quis dar uma olhada nas fotos de viagens passadas àquele país. Amo a cultura francesa, e não é de hoje. Até resolvi fazer uma parada no que andava escrevendo para fazer esse revival. Com o atentado de hoje em Munique, fui me lembrar de quando fui àquela cidade, para realizar outro sonho, o de conhecer os castelos de Ludwig da Baviera, e o país da outra avó, a materna. Vai ficar para outra viagem pela memória.

Paris vista do alto da Samaritaine (2004), hoje fechada (acervo)

O deslumbrante Mont St Michel, na Normandia, Patrimônio da Humanidade (acervo)

Catedral de Tours - St Gatien, construída entre 1170 e 1547, monumento histórico (acervo)

O castelo de Amboise, onde está enterrado Leonardo da Vinci (1452-1519) (acervo)

A estação de metrô Abbesses, em Paris, em estilo art nouveau (acervo)

Versailles (acervo)

Shakespeare and Co., uma inglesa em Paris (acervo)

Instituto do Mundo Árabe, um museu singularmente esplêndido, ou esplendidamente singular (acervo)

Rue du Chat-qui-Pêche (acervo)

Para encerrar essa viagem pela memória e pelo álbum de fotografias, um lugar que me deixou muito curiosa: a Rue du Chat-qui-Pêche, ou a rua do gato que pesca (?). Ela é considerada a mais estreita de Paris, medindo apenas 1,80 m de largura por todo seu percurso de 29 m de comprimento. Não me lembro de tê-la percorrido até o final, pois não sabia onde ia dar, e esses becos me deixam aflita. Mas como me chamam a atenção! Não são incomuns em cidades medievais. Encontrei algumas ruas estreitinhas assim em Barcelona. Essa do gato fica no 5ème arrondissement, na margem esquerda do Sena, e vai do cais St Michel até à rue de la Huchette. Construída em 1540, terminava naquela época nas margens do rio Sena. Fiquei imaginando um gato com um peixe na boca...

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Um domingo no Rio de Janeiro: o centro da cidade

Fascinante!



Ninguém pode reclamar de falta do que fazer no Rio de Janeiro. Se você se sente feliz ao ar livre, tem praia, tem áreas fechadas para o lazer aos domingos, tem parques, e até floresta. Mas se todo esse ar lhe dá urticária e você quer um ambiente mais fechado, de preferência cercado de obras de arte, há uma variedade de opções. Vamos ficar por ora com museus e igrejas. Não digo que estejamos no mesmo nível de países com milhares de anos de história, mas temos o que mostrar.

Podemos começar o domingo no Mosteiro de São Bento, cuja construção se iniciou em 1633 (http://www.osb.org.br/mosteiro/index.php). Embora o mosteiro esteja aberto diariamente de 7 às 18 h, é no domingo que se celebra uma missa às 10 h com canto gregoriano. 

O mosteiro acabou de passar por extensa restauração, que durou mais de 10 anos. A fachada é a do projeto original maneirista, com um corpo central com três arcos de entrada e um frontão triangular. O interior da igreja é totalmente forrado com talha dourada, que vai do estilo barroco de fins do século XVII ao rococó da segunda metade do século XVIII. 

Entre 1789 e 1800, um dos grandes escultores do rococó do Rio de Janeiro, Inácio Ferreira Pinto, trabalhou na igreja. Ele refez a capela-mor (1787-1794), mas preservou detalhes anteriores, como as telas sobre a vida de santos beneditinos, pintadas entre 1676 e 1684 pelo monge alemão Frei Ricardo do Pilar. A capela rococó do Santíssimo Sacramento (1795-1800) também é obra de mestre Inácio. Os lampadários junto à capela-mor foram projetados e executados entre 1781 e 1783 por Mestre Valentim. Gênio, artista maravilhoso: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa215791/mestre-valentim.

Há visitas guiadas com aparelhos de áudio em diversos idiomas.


O altar (acervo)




Todas as fotos de minha autoria. Gosto especialmente das imagens entalhadas, com destaque para os anjinhos. Adoro anjos barrocos.

O mosteiro fica na rua Dom Gerardo, 68. Há transporte público disponível. Prefiro o metrô, descendo na estação Uruguaiana, e caminhando o trecho restante até lá. Mas agora também é possível usar o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), recém implantado na cidade. Saindo do metrô, caminha-se até a Av. Rio Branco, na parada Candelária. A parada seguinte é São Bento.

Saindo do mosteiro, é um pulo até a praça Mauá, onde ficam o MAR - Museu de Arte do Rio (http://www.museudeartedorio.org.br/) e o Museu do Amanhã (https://www.museudoamanha.org.br/). É possível adquirir ingresso pela internet, inclusive combinando os dois museus. Vou mencionar apenas a exposição sobre a imperatriz Leopoldina, que acontece agora no MAR. Juro que nem sabia da relevância dessa personagem. Talvez porque os livros de história só realcem os personagens masculinos. Certamente vou pesquisar mais essa pessoa fascinante. 

De acordo com a divulgação do museu, o grande destaque é a coleção de documentos recém-adquiridos sobre o Congresso de Viena, realizado em 1815, que reorganizou os poderes do continente, até então fragmentado por guerras e revoluções. Também se explica a estratégia política e diplomática do casamento entre D. Pedro I e a princesa austríaca Leopoldina. Mas o que eu mais gostei foi "descobrir" uma mulher que até então para mim era uma pessoa obscura, praticamente irrelevante, e ainda por cima, traída pelo marido. 

A princesa austríaca

A futura imperatriz


Dona Leopoldina saiu daqui (Palácio de Shonbrunn, Viena)...

... para vir para cá... uma cidade precária...

A vista lá de cima: a praça Mauá revitalizada, e ao fundo, o Museu do Amanhã (acervo)

Saindo do MAR, a escolha mais óbvia é ir ao Museu do Amanhã. Mas esse não era o objetivo. Domingo foi dia do evento 'Rio, je t'aime', preparado pelo Consulado Francês para comemorar a semana da data nacional da França e a relação histórica entre os dois países, a acontecer na Casa França-Brasil (http://www.casafrancabrasil.rj.gov.br/). Vários chefs, tanto franceses como belgas, se reuniram para oferecer suas iguarias a preços populares. Shows e atividades para crianças também estavam no programa. Muito animado e uma comida maravilhosa. Aproveitando a oportunidade, um rolê pelo espaço do centro cultural, que mostra algumas peças de diferentes instituições da cidade.

Vale antes dizer que esse centro cultural está instalado num imóvel histórico, um solar neoclássico projetado por Grandjean de Montigny, professor da Academia Imperial de Belas-Artes, que chegou ao Rio de Janeiro como integrante da Missão Artística Francesa em 1816. O solar foi encomendado por D. João VI para a instalação da primeira Praça do Comércio da cidade, e foi inaugurado em 13/05/1820.


... entre nessa festa... (acervo)


A chef Flávia Quaresma (acervo)

Muita gente!

Peça de Arthur Bispo do Rosário (Museu de Imagens do Inconsciente)


A exposição

A Casa França-Brasil fica na rua Visconde de Itaboraí, 78. Chega-se lá da mesma maneira antes mencionada: metrô Uruguaiana. Mas se estiver vindo do MAR ou do Museu do Amanhã e não quiser andar, o VLT tem a parada Candelária, e dali é só caminhar o trecho da av. Presidente Vargas que passa pela igreja da Candelária, pelo CCBB, e, por fim, vai dar na Casa, que fica atrás do CCBB.

Se a temperatura estiver elevada, ainda dá tempo de fazer um pit stop na praia. É só pegar o metrô, e em 15 ou 20 minutos se chega a Copacabana ou Ipanema.


quarta-feira, 13 de julho de 2016

O inesperado continua em S. Petersburgo

Nevsky Prospekt (acervo)

Chegamos na cidade que já foi capital do império russo, fundada em 1703 com um plano arquitetônico barroco, predominante em seus primeiros 60 anos. Logo depois, ganha um estilo barroco com características locais, chamado de moscovita, uma mistura do tradicional com elementos da arquitetura russa tradicional. Mais adiante, o neoclássico, estilo que conquistou a Europa revivendo ideais da Antiguidade clássica. Com o detalhe de que em 1762 se definiu que nenhuma estrutura deveria ser mais alta que o Palácio de Inverno (hoje parte da estrutura do museu Hermitage).

É uma cidade realmente fascinante. Não há arranha-céus, a arquitetura não é pesada, as cores são claras, os prédios são bem conservados, a avenida é muito movimentada, e pra completar, o tempo está excelente. É primavera, a temperatura durante o dia começa com 7°C, chegando a 12°C ao meio-dia, mas há sol e não há vento, o que é muito agradável. Caminha-se com prazer e curiosidade.

O olhar circula avidamente, tentando capturar o máximo possível nessa primeira impressão, e de repente, um sorriso: olha lá, um KFC e um Pizza Hut? Sim. Fico imaginando qual deve ter sido a destinação original de prédio tão bonito. 


Fast food em grande estilo

A caminhada continua, como é de se esperar. O que não se esperava eram os noivos...


... que, apressados, viravam a esquina, não se sabe se indo para ou vindo da cerimônia.

E depois disso, nada de mais dar de cara com um... Sbarro... 



O Sbarro (http://www.sbarro.com/about/) era simplesmente aquele lugar que, na época áurea do real = dólar, se encontrava em toda parte, de NYC à Flórida, e servia comida italiana a peso e pizza à la Nova York, tudo a preço muito camarada. Não era comida gourmet, mas era muito conveniente para viajantes de orçamento limitado. Agora descubro que depois de passar muitas dificuldades financeiras, expandiu-se para 33 países. Como não sabia disso, a surpresa foi maior do que encontrar os onipresentes Starbucks ou McDonald's. Que com certeza também estão lá. Para honrar a tradição, pode-se contar com a internet grátis do Starbucks (que só não funciona por aqui...).



Para não dizer que nossas descobertas inesperadas só estavam relacionadas à "invasão ocidental capitalista", um toque local, e que nos levou de volta à tradição e à fantasia, mesmo que com o viés turístico. 

Carruagem de Cinderela em frente à Catedral de Sto. Isaac

Encantadora, mesmo temendo que a qualquer momento virasse abóbora. 


terça-feira, 12 de julho de 2016

Coisas inesperadas em S. Petersburgo

Shopping Galeria - S. Petersburgo (acervo)

É difícil viajar para algum lugar sem antes buscar informações básicas sobre ele. Mas às vezes, a falta de tempo, além do entusiasmo, podem fazer com que a gente se concentre nas atrações principais e nas instruções de como se chegar lá, tanto no país, cidade, como nos lugares escolhidos. Isso porque uso todos os meios possíveis para me orientar. Não importa se é um guia tradicional ou a internet. 

Tenho vários guias, não somente por causa das informações práticas, como pelas fotos. Alguns são verdadeiros livros de referência. Gosto dos editados pelo Lonely Planet, Rough Guide, Frommer, Abril, Folha, mas para levar comigo só quero os de bolso (quanto menos peso, melhor), como o Guia Visual de Bolso da Folha de S.Paulo (http://publifolha.folha.uol.com.br/catalogo/livros/136584/).

Às vezes não há internet disponível, então o guia é a solução, pois além de informações básicas, tem um mapa. Vale checar os preços. Podem estar em promoção na Saraiva (http://busca.saraiva.com.br/q/guia-visual-de-bolso) ou em lugares onde eu nunca imaginaria encontrar livros, como Ponto Frio, Casas Bahia...  

Nos guias vejo o que existe na cidade, e destaco aquilo que me parece mais interessante. Um museu, uma igreja, uma livraria sempre estarão na lista. E restaurantes, porque precisamos comer. Mas estes é melhor procurar na internet, pela capacidade de atualização mais rápida. Se viajo sozinha, decido sozinha. Se não, vamos fazendo listas separadas, até chegarmos a um denominador comum. Dentro do orçamento e tempo de que dispomos.

No caso de S. Petersburgo, um sonho de muito tempo, que nem sei direito de onde surgiu, só tinha um nome na cabeça: Hermitage. Depois apareceram mais dois, de duas igrejas, a do Sangue Derramado e a de S. Pedro e S. Paulo. Mais adiante, o Fabergé. O resto, pensaríamos a partir daí. Deixamos de ver muita coisa? Sem dúvida. Pode-se passar pouco ou muito tempo em uma cidade ou país, e nunca seremos capazes de ver tudo. Há coisas que nunca conheci na minha cidade ou meu país, imagine os que visito por tempo limitado. Mas o que vi me deixou absolutamente encantada. É uma cidade incrível, que vale a pena visitar e revisitar. 

Saí do Brasil sem saber que S. Petersburgo é a segunda maior cidade da Rússia. Não que fizesse diferença. Estava tão deslumbrada com a oportunidade de chegar àquela cidade, àquele país misterioso, e conhecer o Hermitage, e sem sequer saber como entraria num país cuja língua é... russo pra mim, que ignorei o tal básico. Sabia que já tinha se chamado Leningrado, na época da União Soviética, e depois voltado ao nome anterior, em 1991. 

Claro que sempre ouvi falar dos czares (ou tzares) ou imperadores da Rússia (muito mais interessantes que Putin ou similares - apesar de que tem cara de Putin pra todo lado, em camiseta, chapéu, uma coisa!). Aliás, preciso reler Miguel Strogoff, de Jules Verne, talvez meu primeiro contato com a literatura e cultura russas. Quem sabe vem daí meu interesse?

Há ainda um outro livro, este um desses romances leves que me divertem, que ambienta uma cena exatamente na Fortaleza de Pedro e Paulo, onde fica a catedral do mesmo nome, e onde estão enterrados quase todos os czares da Rússia, inclusive Catarina, a Grande.

A cidade foi fundada pelo czar Pedro, o Grande, em 27 de maio de 1703, e foi capital do império russo. Seu nome é homenagem ao padroeiro da cidade, São Pedro. Coincidência ser o mesmo nome do imperador? É considerada como a mais ocidentalizada do país, bem como sua capital cultural. É ainda a cidade mais setentrional do mundo, e tem mais de 1 milhão de habitantes. Seu centro histórico e monumentos constituem Patrimônio Mundial pela UNESCO

Precisa de mais motivos para visitar esse lugar? Só de lembrar já fico emocionada. Fato. Mas viajar tem a ver com conhecer mais do que museus e igrejas. Ou compras, para os adeptos (também gosto de fazer umas comprinhas). Tem a ver com a cultura, o povo, as instituições... É bom andar nos transportes públicos, comer em restaurantes populares, comidas típicas... Nem que seja um pouquinho, por um breve momento, faremos contato com pessoas diferentes, e, na minha opinião, abrimos um pouco mais a mente e o coração para a diversidade que há no mundo.

Mas às vezes nos surpreendemos. Mesmo que eu soubesse que a cidade era a "mais ocidentalizada" do país, tudo pode ser relativo. Tanto nos assombraram com a Rússia e o comunismo há não muito tempo, e o país é tão distante, com tantos mitos a seu respeito, que realmente me senti meio boba com algumas coisas que vi. Pra começar, um shopping no centro da cidade, entre suas duas principais avenidas, a Nevsky e a Ligovsky.

Quase não acreditei, mas era verdade. Tola, eu. O shopping Galeria existe desde 2010, e tem 5 andares, com mais de 300 lojas, 28 restaurantes e cafés, além de 10 cinemas. Fora o estacionamento para 1200 carros. As marcas são variadas, e incluem representantes do luxo mundial, como Lagerfeld, Max Mara, Hugo Boss, Armani, DKNY, Michael Kors.

A entrada do shopping Galeria (acervo)

E já que havia tanta variedade de restaurantes, depois de tanto andar durante o dia, que melhor opção para jantar que ir ao shopping? Como raramente vou a shopping, valeu aproveitar também para ir a um restaurante típico... dos EUA. Porque a sopa de cebola de lá é realmente uma delícia, e perfeita para um jantar leve. Além de um preço muito conveniente. Deixamos a tarefa de provar os pratos típicos para o almoço e café da manhã. =)

T.G.I. FRIDAY'S - American Restaurant (graças ao Google Translator, aprendi que 'PECTOPAH' quer dizer restaurante, o que ajudou bastante nas identificações seguintes)

sábado, 9 de julho de 2016

Delícias russas?

Kupetz Eliseevs ou Empório Eliseyev (acervo)

Passeando pela Nevsky Prospekt não há como deixar de reparar em um prédio lindo, que mistura características do estilo Art Nouveau com a arquitetura dos prédios mais antigos da avenida, e as incorpora à estrutura de granito da construção, que data de 1902-03. Destaque para a vitrine, não somente por sua beleza como pelos figurinos expostos, pequenas esculturas que parecem ilustrações de livros antigos. 

Vitrine do Empório Eliseyev (acervo)

Depois de restaurada, a loja se tornou um centro gastronômico que manteve os 7 departamentos originais, incluindo 33 metros de balcões expondo vários tipos de iguarias, típicas ou importadas, como salmão defumado, caviar, vinhos, chá, café, queijo, e doces à francesa. Não é só isso. A decoração é deslumbrante, do teto aos candelabros, e mantém algumas características originais do Art Nouveau, como a abundância, o brilho, e muitos detalhes com motivos florais. É como dar um passeio pelo esplendor da corte russa, com seus dourados, mobília antiga, luminárias elaboradas e candelabros. 


Detalhe do interior do Eliseyev (acervo)

Um bom começo de viagem por uma cultura. Não somente através da comida, como de sua história. Para mim, a melhor forma de conhecer um lugar e seu povo. Ver museus, monumentos e shows é básico quando se viaja como turista. Mas vale se informar um pouco sobre o lugar e seus costumes, e tentar experimentá-los. Provar algum prato típico ou ir a um restaurante local é, talvez, uma das maneiras mais simples e rápidas de absorver esse conhecimento, já que muitas vezes o tempo é curto. 

A matriosca vigiando os queijos (acervo)

Que não se estranhem as iguarias com jeitinho de Paris, pois é importante lembrar que a França tinha grande influência na época dos czares, quando a cidade de S. Petersburgo foi fundada. A arte da confecção de doces não poderia ficar de fora. Talvez isso explique um pouco do sucesso da confeitaria. Quando um cavalheiro convidava uma dama para ir ao teatro, não era incomum passar pelo Eliseyev para oferecer-lhe frutas frescas, chocolate e queijo. Daí nasceu a ideia de combinar uma loja com restaurante e teatro em um único local no centro de S.Petersburgo.

A loja é uma das poucas com características de loja de museu, que não somente presta serviços aos clientes, mas por meio do acesso a iguarias delicadas de todo o mundo, também lhes oferece a chance de mergulhar na atmosfera da época da cidade imperial. 

Em 2010 o prédio ganhou o status de proteção especial. Com mais de 180.000 visitantes por mês é, naturalmente, uma das atrações turísticas mais famosas da cidade, e de grande importância histórica como Patrimônio Cultural da UNESCO.




Delícias visuais e gastronômicas do Eliseyev (acervo)


quinta-feira, 7 de julho de 2016

Flanando em São Petersburgo

Um dos domadores de cavalos (acervo)

Em destaque na ponte Anichkov, que permite a passagem do rio Fontanka na Nevsky Prospekt, bem no centro de S. Petersburgo, estão quatro estátuas que compõem um grupo denominado 'Os domadores de cavalos', erigidas no século 19. As estátuas foram retiradas duas vezes de seus pedestais. Uma em 1941, para protegê-las de danos durante o Cerco de Leningrado, e outra em 2000, para trabalhos de restauração, antes das celebrações do tricentenário da cidade. 

Há um metrô próximo, Gostiny Dvor / Nevsky Prospekt, mas a não ser que se esteja hospedado muito longe, e eu não saberia dizer onde seria exatamente "longe", o ideal é andar a avenida Nevsky de uma ponta a outra, e simplesmente flanar. 

Flanar é um conceito que vem da língua francesa, e significa andar sem rumo. Pode parecer um pouco bizarro fazer isso quando se é turista, considerando-se que vida de viajante em geral significa fazer planos e mapear o que se quer fazer e ver nos lugares aonde se vai, quase sempre em função do tempo e orçamento disponíveis. Mas quando se chega numa cidade pela primeira vez, é preciso reservar pelo menos um par de horas para flanar. Andar, se situar, se aclimatar (especialmente quando há diferença de fusos horários), ver as pessoas... É possível também optar-se pela andança ociosa quando já se conhece um pouco a cidade que se visita, e pode-se abrir mão de passar pelos lugares óbvios, ou mais turísticos, só pra sentir. É. Mas um sentir, se possível, de todos os sentidos. 

Olhar é óbvio. Exercitar o paladar, ah, sempre que puder. Mesmo os mais enjoados acharão alguma comida local que trará uma experiência diferente. Em S. Petersburgo eu sugiro o blinis e o estrogonofe. Ouvir: começamos pela sonoridade da língua, depois, quem sabe, experimentamos a música, o teatro. Pode ser até uma transmissão de TV. Cheiros: fazem parte da vida. Até mesmo os ruins. E o tato, porque somos como crianças querendo mexer em tudo. A diferença é não somos proibidos de fazê-lo, ou pelo menos, sabemos onde e quando mexer. Ainda que não exercitemos rigorosamente esse nosso lado adulto. Como quando resolvi tocar de leve uma escultura de Picasso no Guggenheim, e levei uma bronca da guarda. Foi só a ponta de um dedo! Mas eu sei que ela estava certa. E hoje em dia, apesar da ânsia em fotografar tudo e fazer selfies, que levam algumas pessoas a comprometer a própria segurança e a integridade de uma obra de arte valiosa, posso garantir que não vou subir numa escultura pra tirar uma foto. 

Então. Flanar. A cada vez que chego numa cidade que não conheço, me sinto deslumbrada. Daí o andar sem rumo, após largar a mala no hotel e me orientar. Em S. Petersburgo, todos os caminhos levam à Nevsky Prospekt, essa avenida que é o centro de tudo, onde se verão restaurantes, lojas, shoppings, cafés, igrejas, monumentos... Tem até Pizza Hut, KFC, McDonald's... 

Nevsky Prospekt, principal rua da cidade (acervo) 

Existe a avenida em si, tem rio (ou seria mais de um?), canal, vê-se ao longe uma das coisas mais bonitas que eu já vi na minha vida, que é a Igreja do Salvador do Sangue Derramado (mas como é tempo de flanar, fica só a visão de tirar o fôlego). Encontramos um café que evoca Paris, mas também um pouco a tradicional Confeitaria Colombo, no Rio de Janeiro. 

Kupetz Eliseevs (Eliseyev Emporium) - 1902-03, Art Nouveau (acervo)

Kupetz Eliseevs: a arte e a delicadeza da pâtisserie que remetem a Paris ou a Londres

Há uma livraria com títulos e linguagem incompreensíveis, já que os caracteres da língua russa (cirílico) são diferentes dos latinos, mas também com títulos em inglês. E, claro, o primeiro livro em que bati o olho foi um de... Jane Austen. 

Jane Austen na Rússia, quem diria? (acervo)

Para uma boa flanância, não poderia ser melhor. A cidade fundada pelo czar Pedro, o Grande em 1703, e que foi capital da Rússia imperial entre 1713-1728 e 1732-1918, é realmente encantadora. Não é à toa que o centro histórico e monumentos relacionados são Patrimônio Cultural da UNESCO.

Igreja do Salvador do Sangue Derramado, no Canal Griboedov 

Clarice: escrever é o mesmo processo do ato de sonhar: vão-se formando imagens, cores, atos, e sobretudo uma atmosfera de sonho que parece u...