segunda-feira, 18 de julho de 2016

Um domingo no Rio de Janeiro: o centro da cidade

Fascinante!



Ninguém pode reclamar de falta do que fazer no Rio de Janeiro. Se você se sente feliz ao ar livre, tem praia, tem áreas fechadas para o lazer aos domingos, tem parques, e até floresta. Mas se todo esse ar lhe dá urticária e você quer um ambiente mais fechado, de preferência cercado de obras de arte, há uma variedade de opções. Vamos ficar por ora com museus e igrejas. Não digo que estejamos no mesmo nível de países com milhares de anos de história, mas temos o que mostrar.

Podemos começar o domingo no Mosteiro de São Bento, cuja construção se iniciou em 1633 (http://www.osb.org.br/mosteiro/index.php). Embora o mosteiro esteja aberto diariamente de 7 às 18 h, é no domingo que se celebra uma missa às 10 h com canto gregoriano. 

O mosteiro acabou de passar por extensa restauração, que durou mais de 10 anos. A fachada é a do projeto original maneirista, com um corpo central com três arcos de entrada e um frontão triangular. O interior da igreja é totalmente forrado com talha dourada, que vai do estilo barroco de fins do século XVII ao rococó da segunda metade do século XVIII. 

Entre 1789 e 1800, um dos grandes escultores do rococó do Rio de Janeiro, Inácio Ferreira Pinto, trabalhou na igreja. Ele refez a capela-mor (1787-1794), mas preservou detalhes anteriores, como as telas sobre a vida de santos beneditinos, pintadas entre 1676 e 1684 pelo monge alemão Frei Ricardo do Pilar. A capela rococó do Santíssimo Sacramento (1795-1800) também é obra de mestre Inácio. Os lampadários junto à capela-mor foram projetados e executados entre 1781 e 1783 por Mestre Valentim. Gênio, artista maravilhoso: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa215791/mestre-valentim.

Há visitas guiadas com aparelhos de áudio em diversos idiomas.


O altar (acervo)




Todas as fotos de minha autoria. Gosto especialmente das imagens entalhadas, com destaque para os anjinhos. Adoro anjos barrocos.

O mosteiro fica na rua Dom Gerardo, 68. Há transporte público disponível. Prefiro o metrô, descendo na estação Uruguaiana, e caminhando o trecho restante até lá. Mas agora também é possível usar o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), recém implantado na cidade. Saindo do metrô, caminha-se até a Av. Rio Branco, na parada Candelária. A parada seguinte é São Bento.

Saindo do mosteiro, é um pulo até a praça Mauá, onde ficam o MAR - Museu de Arte do Rio (http://www.museudeartedorio.org.br/) e o Museu do Amanhã (https://www.museudoamanha.org.br/). É possível adquirir ingresso pela internet, inclusive combinando os dois museus. Vou mencionar apenas a exposição sobre a imperatriz Leopoldina, que acontece agora no MAR. Juro que nem sabia da relevância dessa personagem. Talvez porque os livros de história só realcem os personagens masculinos. Certamente vou pesquisar mais essa pessoa fascinante. 

De acordo com a divulgação do museu, o grande destaque é a coleção de documentos recém-adquiridos sobre o Congresso de Viena, realizado em 1815, que reorganizou os poderes do continente, até então fragmentado por guerras e revoluções. Também se explica a estratégia política e diplomática do casamento entre D. Pedro I e a princesa austríaca Leopoldina. Mas o que eu mais gostei foi "descobrir" uma mulher que até então para mim era uma pessoa obscura, praticamente irrelevante, e ainda por cima, traída pelo marido. 

A princesa austríaca

A futura imperatriz


Dona Leopoldina saiu daqui (Palácio de Shonbrunn, Viena)...

... para vir para cá... uma cidade precária...

A vista lá de cima: a praça Mauá revitalizada, e ao fundo, o Museu do Amanhã (acervo)

Saindo do MAR, a escolha mais óbvia é ir ao Museu do Amanhã. Mas esse não era o objetivo. Domingo foi dia do evento 'Rio, je t'aime', preparado pelo Consulado Francês para comemorar a semana da data nacional da França e a relação histórica entre os dois países, a acontecer na Casa França-Brasil (http://www.casafrancabrasil.rj.gov.br/). Vários chefs, tanto franceses como belgas, se reuniram para oferecer suas iguarias a preços populares. Shows e atividades para crianças também estavam no programa. Muito animado e uma comida maravilhosa. Aproveitando a oportunidade, um rolê pelo espaço do centro cultural, que mostra algumas peças de diferentes instituições da cidade.

Vale antes dizer que esse centro cultural está instalado num imóvel histórico, um solar neoclássico projetado por Grandjean de Montigny, professor da Academia Imperial de Belas-Artes, que chegou ao Rio de Janeiro como integrante da Missão Artística Francesa em 1816. O solar foi encomendado por D. João VI para a instalação da primeira Praça do Comércio da cidade, e foi inaugurado em 13/05/1820.


... entre nessa festa... (acervo)


A chef Flávia Quaresma (acervo)

Muita gente!

Peça de Arthur Bispo do Rosário (Museu de Imagens do Inconsciente)


A exposição

A Casa França-Brasil fica na rua Visconde de Itaboraí, 78. Chega-se lá da mesma maneira antes mencionada: metrô Uruguaiana. Mas se estiver vindo do MAR ou do Museu do Amanhã e não quiser andar, o VLT tem a parada Candelária, e dali é só caminhar o trecho da av. Presidente Vargas que passa pela igreja da Candelária, pelo CCBB, e, por fim, vai dar na Casa, que fica atrás do CCBB.

Se a temperatura estiver elevada, ainda dá tempo de fazer um pit stop na praia. É só pegar o metrô, e em 15 ou 20 minutos se chega a Copacabana ou Ipanema.


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