segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


A Igreja Protestante Memorial Kaiser William (em alemão Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche) se localiza na Kurfürstendamm - ou, como costumam chamar, Ku'damm - no centro da Breitscheidplatz (mais detalhes em http://en.wikipedia.org/wiki/Breitscheidplatz), no distrito de Charlottenburg, perto do Tiergarten, do Zoológico, do KaDeWe, de uma estação de metrô cujo nome eu estou tentando lembrar porque tem uma inscrição que eu anotei e decifrei, muito curiosa (fica para depois).
O que distingue essa igreja é que ela não é um lugar exatamente de culto - a igreja original foi construída por volta de 1890, mas foi bombardeada em 1943. O prédio atual foi construído entre 1959 e 1963. Ou seja, vê-se o exterior, semi-destruído, e o interior, no térreo, convertido em um memorial (além de prédios anexos).
À esquerda da escultura de Cristo há uma cruz doada pela Igreja Ortodoxa Russa em 1988. Embora eu confesse que não lembro da cruz - o Cristo contra a luz que provém dos vitrais é algo impressionante, assim como os mosaicos deslumbrantes que adornam o teto da igreja. Contraponto às figuras políticas que se misturam às religiosas. Fazer o que? Mesmo tendo me despedido da religião católica na adolescência, meus ícones permanecem - não dá para misturar um governante com Santo Antônio, por exemplo. E nem venham me dizer que canonizaram um rei de França. Bleargh. Nunca disse que sou lógica.
Voltando: a igreja é emocionante pelo que representa, como toda Berlim - acho que desde o momento em que se entra no ônibus turístico, os fones de ouvido martelam esse refrão: não esquecer. Embora eu não tenha certeza se isso está no inconsciente coletivo do povo. A vida nos faz naturalmente esquecidos. Se ñ fosse assim, seria muito difícil viver... a angústia tomaria conta de nós e acabaríamos todos com síndrome do pânico. Pois converteram o templo em um símbolo de duplo sentido: por fora, igreja, e símbolo de expiação; por dentro, se ainda conserva traços do templo, foi esvaziada, e tem em suas paredes uma exposição de fotos, além de um balcão onde vende lembranças do memorial.
Emocionante? Indubitavelmente. Mas, como todo reality-show, precisa explorar essa emoção para pagar o custo da reforma. Ou algo assim. A vida está cara. Valeu a pena? But of course. Iria de novo e recomendo.

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