terça-feira, 17 de julho de 2018

Eu te diria pra ir à Inglaterra...

Somos bombardeadas com todo tipo de artigo nos mostrando um ou outro lugar no Reino Unido todos os dias. Chegamos à conclusão de que é "coincidência", ou seja, coincide com nossos interesses. Assim como quando você clica num site pra checar algum produto e começa a receber emails e a ver as propagandas sobre ele em todas as páginas que abre na internet. Sabe de tudo sobre você, essa tal internet. Às vezes é bizarro, a gente abre uma página que tem um artigo sobre melhores hotéis, ou melhores cidades para se passar as férias, e no minuto seguinte estamos recebendo propaganda sobre um hotel sensacional em Omsk, na Sibéria. 

Não é difícil escolher entre Omsk e Londres, mas o coração aperta quando pensamos em Paris, Amsterdam, São Petersburgo. E aquele sonho de ir à Itália, para quando vai ser? Orçamentos, tempo, saúde, vamos equilibrando todos esses fatores para tomar a difícil decisão. 

Dessa vez (2017) decidimos conhecer a Muralha de Adriano. Sonho antigo, tinha chegado a hora de realizar. Mas de onde vinha esse sonho? Raramente sei explicar. Tenho uma vaga ideia de ter lido alguma coisa sobre os romanos terem construído esse muro, que estabelecia o limite de seu império, e dali não passaram. Inclusive tinha uma ideia errada, claro, pois geografia é uma das minhas deficiências, junto com a matemática. Ele não ia do sul ao norte da ilha, mas sim de leste a oeste, quase na fronteira com a Escócia.

Como tudo que os romanos faziam, o muro cumpria vários objetivos. Demonstração de poder; marca do imperador Adriano, que ordenou sua construção, iniciada no ano 122; uma linha de defesa, ou pelo menos de controle, já que os vigias de Roma podiam controlar quem entrasse e saísse, além de poder cobrar taxas e pedágios; ou ainda uma separação do territórios dos povos mais antigos que ocupavam a região, como os pictos, ao norte do muro.

O muro ia das margens do rio Tyne, próximo do Mar do Norte, até o estuário do Solway, no Mar da Irlanda, com 117,5 km (80 milhas romanas). Da muralha poderosa restam vestígios. Pedras foram retiradas para a construção de outros prédios ao longo do tempo, e trechos foram pavimentados. O que restou se deve ao interesse de um funcionário da cidade de Newcastle, por onde passa o Tyne, que começou a se interessar pelo muro ao visitar o forte de Chesters. Para conter a destruição, adquiriu terras no entorno, e promoveu escavações arqueológicas. Nessa empreitada se incluem alguns dos trechos mais significativos, como Housesteads e Vindolanda. Depois que Clayton morreu, seus herdeiros foram perdendo as terras, mas aí veio o National Trust, que é uma organização voltada para a preservação de sítios históricos, impedir a total deterioração.

A muralha tornou-se Patrimônio Cultural da Humanidade em 1987, e em 2005 parte das "Fronteiras do Império Romano", que também incluem sítios na Alemanha.

Concluímos que o local preenchia os requisitos de nossa curiosidade histórica, além de nos permitir "ver" romanos sem ir a Roma, e ainda poder passear nesse país tão interessante que é a Inglaterra.

O que fazer, como fazer? Pois para manter nosso delicado equilíbrio, tínhamos escolhas a decidir. Depois de idas e vindas, selecionamos três pontos da muralha, Housesteads, Vindolanda e Wallsend. Iríamos a Newcastle via Londres, de avião, e voltaríamos de trem, parando em York para respirar. Pareceu interessante e é.

Lá fomos nós nas asas da British Airways (https://www.britishairways.com/travel/home/public/pt_br), companhia aérea muito adequada para nós que viajamos na classe econômica, com destino a Newcastle upon Tyne. 

Newcastle, como é conhecida, fica a 166 km ao sul de Edimburgo, Escócia, e 446 km ao norte de Londres, e é a cidade mais populosa da região nordeste, além de a oitava área urbana mais populosa do Reino Unido. A área tem até um dialeto, conhecido como Geordie. Tudo começou com um assentamento romano denominado Pons Aelius, originado do nome de família do imperador Adriano, Aelius, que também fazia parte da Muralha de Adriano. Seguiu sua história com um castelo construído em 1080, pertencente ao filho mais velho de William, o Conquistador; tornou-se centro de comércio de lã no séc. 14; e mais tarde uma área de mineração de carvão e um dos maiores centros de construção e reparos de navios. 

Ficamos num hotel perto do castelo, da estação de trem, da catedral, e do centro da cidade. Não vimos tudo, provavelmente nem metade do que havia para ver, mas passamos um tempo agradável lá, além do objetivo maior de ser nosso ponto de partida para os trechos do Hadrian's Wall

A saída da estação de trem, 2017 - acervo

A torre da catedral de St Nicholas, 2017 - acervo

O castelo ao fundo, 2017 - acervo

Pons Aelius, 2017 - acervo



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